~Conversa com a Penny

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- Zac? Td certo, cara? - Tay me olhou.
- Tudo. Só tive um pqno problema com meu café da manhã.
- Vc tem se alimentado bem? - ele pareceu preocupado.
- Sim... eu só comi e andei de bicicleta e acho que essa não é uma boa idéia.
- Claro que não! Vc não tem mesmo um pingo de juízo... - ele me deu um olhar de repreensão, típico do Tay.
- Tay, td que ele menos precisa agora é um sermão, vc não acha? - Lola intercedeu.
- Sempre passando a mão na cabeça dele, literalmente! Vcs dois não tem jeito.
- Hey! Eu sou o Hanson favorito, cara! Sinto muito. - falei tentando descontrair.
- E lá vem essa história de Hanson favorito de novo. Vc nunca vai esquecer isso? Já faz anos! - ele riu.
- Não. Vou te perturbar até o último dia de nossas vidas. E sabe pq? Pq eu sou a porra do Hanson favorito há anos!
Ele não respondeu, apenas bufou com uma revirada de olhos e um sorrisinho.
- Posso segurar minha sobrinha? - falei me ajeitando no sofá.
- Claro. - ele respondeu, enquanto me entregava a pqna. - cuidado.
- Acha que eu não sei segurar um bebê?!
- Desculpe... eu falei por hábito. Vc vai ver qnd vc tiver seus filhos. Tudo que vc sente e sabe sobre bebês vai mudar completamente.
- Eu achei que eles ainda choravam e enchiam a fralda o dia todo. - falei sem tirar os olhos da Penny.
- Vou fingir que não ouvi isso e que vc entendeu muito bem oq eu quis dizer.
Lola segurava pra não rir. Ela tb sempre se diverte com o perfeccionismo do Tay.
- Pq vcs não vão descansar e me deixam aqui com a Penny? Se eu precisar de ajuda, chamo. Vcs precisam descansar. Lola está com olheiras.
- Estou?! - ela apalpou os próprios olhos.
- Está.
- Meu Deus... nunca tive problemas com isso antes...
- Vc continua sendo a mulher mais bonita do mundo. - Tay falou e o modo como ele a olhava mostrava que ele estava sendo sincero. Os olhos dele ainda faíscam olhando minha cunhada. Tem sido assim desde aquele primeiro dia, dois anos atrás.
Me perguntei como seriam os meus olhos ao verem a Kate. Eles sorriam?
- Zac? Terra chamando Zachary Hanson! - ouvi a voz da minha cunhada.
- Oi.
- Tem certeza que podemos confiar em você?
- Claro! - eu respondi sem saber ao certo qual tinha sido a pergunta anterior ou mesmo se havia uma pergunta anterior. Mas sim... eles podiam confiar em mim: eu estaria ali pra eles, assim como eles estiveram aqui pra mim.
- Não vamos demorar. - Lola falou vestindo o casaco.
*ok... eles vão sair e eu prometi cuidar da Penny*.
- Levem o tempo que precisarem. Nós vamos ficar bem, não é, Penny Lane? - falei apertando a bochecha gorda dela.
- Pelo amor de Deus. Só Penny! - Lola me corrigiu.
Taylor riu:
- Chamei ela de Penny Lemonade ontem... quase fui linchado.
- Que mania de dar apelidos! Nunca vi! - ela falou séria, mas não estava brava.
- Falou a pessoa que se chama pelo apelido até num sorteio de TV! Pois vou te chamar de Ursula de hj em diante! - provoquei.
- Experimenta, Zachary. - ela mostrou a língua.
- Penny! Vc viu isso?! - falei apontando para Lola - Não siga o exemplo dela.
- Gezz! Chega, vc dois! Ou não teremos muito tempo até a próxima fralda. - Tay apressou minha cunhada.
- Então corram. - falei.
- Zac, só me prometa que não vai deixar ela suja. - Lola me olhou com olhos preocupados.
- Qq coisa eu coloco na lava-louças...
- Zac!
- Lola, ele está só brincando, meu amor. Vamos! - Tay apoiou a mão no braço dela e eu gargalhei. - Zac, qq me liga ou pede ajuda pro Ike, ok?
- Vai, mano! Eu me viro. - Acenei e vi eles saírem porta à fora. Lola ainda estava insegura de deixar a filha pra trás.
- Bom, sta Penélope, parece que eu estou encarregado de vc por um tempo. Sabe me dizer onde eles foram e quanto tempo eles vão ficar fora? Hum? - Olhei pra ela, mas ela dormia tranquilamente. Aquele sono que só os bebês tem. Invejei a paz daquele sono.
- Você também não prestou atenção na conversa? Fez bem. Seus pais são dois bobos apaixonados entre si e por você. Eu tb estou apaixonado por você. Você é uma bostinha linda e nem sabe disso.
Ela mexeu a boquinha miúda e eu me borrei de medo dela começar a chorar de fome. Mas ela não o fez. Abriu os olhos e me encarou. Ike disse que ela ainda não enxerga bem, mas o modo como ela me olhou me fez duvidar dele. Talvez pelo fato dos olhos dela serem grandes como os da mãe, apesar de serem azuis como os do meu irmão. Esses olhos serão o abismo de alguém um dia.
- Hey? Vc me perdoa? Hum? Me perdoa por ter sido um fraco?
Ela mexeu a boca novamente e piscou, com a testa franzida e eu ri:
- Eu sei... É complicado mesmo. Eu entendo. Eu mesmo ainda não me perdoei. Vc acha que eu devo contar para a Esther sobre isso? Acha que ela vai me perdoar?
A resposta foi os olhinhos fechando.
- Ok... É um assunto um pouco complicado para uma bebê fofa como você, não é? Vc nem nasceu e eu já estou dependente de vc como eu sou da sua mãe. Isso é alguma característica genética? Tipo: se a pessoa tem olhos grandes e franze a testa qnd pensa, ela é confiável? Devo confiar em vc, sta Penny Lane? - falei cutucando a pontinha daquele nariz de batatinha.
Eu me senti melhor por ficar com a Penny. Me senti responsável e capaz. Aquele ser dependia de mim e os pais dela confiaram a vida dela à mim. Talvez eu não seja assim tão ruim. Eu só precisava de coragem para falar com a Esther. Eu não posso esconder meus erros dela.
- Hey Penny! Fiz uma música especialmente para você. Ainda não está pronta, mas vai ser mais ou menos assim:
"Deep blue eyes, golden hair
You are so beautiful people will swear
When you're walking they will stare
Cause you move like you're walking on air

Treat everyday as the start
You'll be just fine
Nobody gonna steal your spark
If you should lose your way
I'll be right there if you call out my name

Oooh, oooh, oooh, oooh"
Cantei balançando ela no ritmo da canção.

Ouvi a porta se abrir e Taylor e Lola entraram com várias sacolas do mercado e outra sacola do Burger King.
- Heeey! Ainda estão aí no sofá? - Tay perguntou passando por nós e colocando as sacolas na bancada.
- Ficamos aqui batendo papo. - dei de ombros.
- Não está com os braços casados? - Lola me olhou.
- Eu sou baterista, minha cara! Meus braços não se cansam nunca!
- E a modéstia?
- Isso eu não tenho.
- Percebi. Trouxemos um lanche pra você.
- Eu falei que era melhor vc comer algo leve, mas a Lola insistiu que vc precisava de algo substancioso. - Tay falou desembalando as compras.
- E pra variar, ela tem razão. - Falei sorrindo.
- Devolve minha filha e vai comer. - ela estendeu os braços e pegou a Penny.
- Valeu mesmo. - falei pegando o saco com meu Whopper. - e vcs, oq vão comer?
- Vamos fazer uma sopa. - Tay levantou os legumes. - se quiser, pode comer com a gente.
- Não, Tay. Eu vou terminar meu hambúrguer e vou pra casa.
- Ah é! Vc tem que ligar pra Esther!
Eu ri sem graça.
- É...
- Tudo bem então. Manda um oi pra ela e fala pra ela cuidar da Júlia por nós. - Minha cunhada pediu.
- Pode deixar.
- Vc vem pra janta?
- Venho.
- Chama o Ike.
- Ok.
Terminei meu hambúrguer enquanto eles faziam a sopa. Penny dormia no carrinho, junto com eles na cozinha.
Uma família digna de um quadro.
Me despedi e suspirei ao entrar no elevador. É hora de encarar a verdade  e as consequências da minha fraqueza.

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora