~Correndo

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- Não acredito que você vai mesmo me fazer pagar! - protestei quando saímos na porta da Antoinette.
- Claro que eu vou! Ainda mais depois de ir pagar a minha conta e a garçonete me dizer q foi por conta da casa. Tava na cara que era pela conta do Zac!
- Vc não tem provas.
- Sua cara de culpado é toda prova que eu preciso, Zac!
Gargalhei:
- Olha, podemos negociar isso, não podemos? Vc me paga um café depois. Ou alguma coisa na Ida. Oq acha?
- Não. Vc deveria ter pensado antes de passar por cima de mim.
- Eu só queria ser gentil!
- E eu só queria fazer as coisas com meu mérito e meu dinheiro. Não nasci pra ser a D. Bete e nem a D. Diana, Zac. Eu gosto de ter e fazer as minhas coisas.
- Ok. Ok. Desculpe. Prometo que na próxima vc paga a conta.- falei, pq ela parece levar esse negócio de independência financeira bem à sério, mas então, do nada, ela falou firme:
- Corre.
- Oq?
- Corre! - ela me fez cócegas - eu ainda não perdoei.
Eu comecei a rir e correr ao mesmo tempo, meio desengonçado. Olhei pra trás e ela fazia o mesmo. Ela está correndo atrás de mim.
- Vai! Não para ou eu te pego! Não estou brincando!
Eu estava rindo de verdade, mesmo sabendo que isso dificulta a respiração. Mas eu não consegui evitar. Eu estou feliz. De verdade. Há quanto tempo eu não ria assim? Tempo demais pra mim.
Fiz a segunda curva do quarteirão quase colocando os pulmões para fora. Eu tenho um bom condicionamento físico por causa dos shows, mas minhas habilidades são mais nos braços do que nas pernas.
Parei no meio do caminho e olhei pra trás. Esther não estava lá. Se meus pulmões estavam quase morrendo, agora foi a vez do coração. Voltei correndo e ao dobrar a esquina, suando feito um porco, trombei com ela, derrubando ela no chão e ainda tropecei nela. Cai ao lado, quase por cima dela.
- Wow! - ela me olhou, sentada na calçada. - Tudo bem aí?
Me virei e olhei minhas mãos sujas, mas intactas.
- Acho que sim. E vc? - falei batendo uma mão na outra para tirar a sujeira.
- Minha bunda amorteceu a queda. - ela riu, mas dava pra ver um traço de dor por trás do sorriso - pq vc voltou? - ela falou se levantando.
- Pq olhei pra trás e não te vi.
- O trato era vc correr o quarteirão todo e não eu. Parei pra respirar. - ela falou, limpando a bunda com as mãos.
Me levantei e fiz o mesmo. Chequei os joelhos e o pulso. *Ok.*
- Acho que fui irracional. Desculpe.
- Vc é sempre assim?
- Assim como?
- Não sei que palavra usar... hmm... tipo... doidinho. - ela fez um sinal de louco com o indicador na tempora.
- Doidinho?
- É. Tipo... Quem mais toparia pagar o café da manhã da namorada e ainda pagar uma aposta correndo o quarteirão? - ela me analisou.
- Bem... talvez eu faça as piores coisas pelas melhores pessoas. - limpei o suor que escorria pela testa.
- Adorei. Não esperaria menos do Hanson favorito da Lola. - ela sorriu me encarando.
Eu sorri de lado. Esther e Lola falavam sobre mim.
- Hey.
- Oi.
- Tira esse sorriso bobo da cara. Vc perdeu a aposta.
- Como é?!
- Vc não deu a volta no quarteirão, então vc perdeu a aposta. Duas vezes.
- Não acredito que eu estou ouvindo isso.
- Trato é trato e agora vc está suando demais pra irmos até a Ida Red.
- Sua... sua... peste! - passei a mão no meu suor e passei de volta no rosto dela.
- Que nojo, Zac! - ela me empurrou e depois limpou o rosto, mas está rindo.
- Vc não vai me abraçar? - falei abrindo os braços.
- Não! Sai fora! - ela me empurrou.
- E qnd eu sair do palco?
- Depois do banho.
- Ah não. Vem cá! - corri atrás dela e ela saiu correndo:
- Sai! Que nojo! Seu porco! - ela se remexia quando eu a abracei e passei meu rosto no dela.
- Isso é pra vc aprender! - falei.
- Que nojo! Que vergonha! Meu Deus! - ela riu. - Vc está fervendo! Me solta! Tá quente!
- Podemos esquentar mais as coisas...
- Ah é? - ela me encarou.
- Sim...
- Como?
- Oq acha de fazer uma fogueira e assar uns marshmallows?
Ela abriu a boca e ficou uns segundos assim antes de responder:
- Ok... parece ótimo. Vc já está todo sujo mesmo.
- Acha que consegue comprar marshmallows sozinha, srta independente?
- Vou comprar e vc vai comer tudo, só pra calar essa sua boca grande.
- Tem outro jeito de calar minha boca.
- Ah é? Vejamos... comendo salsichas assadas? - ela cruzou os braços.
- Não. Assim. - falei a beijando.
A rua não estava movimentada. Estava perfeito. Eramos só ela e eu. Isso até uma sra passar e falar:
- Essas crianças de hoje...
Esther e eu rimos baixo para não tomar outro esporro, demos as mãos e voltamos caminhando para o carro:
- Vamos antes que nos prendam por perturbação da ordem.
- Por nos beijarmos?!
- E corrermos em volta de um quarteirão inteiro e todo o resto...
- Ok... aqui não é o Brasil.
- Podemos fazer esse tipo de coisa no Brasil sem problemas?
- As pessoas vão achar q vc tem problemas. Mas não acho que chamariam a polícia por isso.
- Entendi. Acho que podemos morar no Brasil qnd nos casarmos.
Ela riu:
- Tá doido? Não!
- Pq não?
- Zac... infelizmente a realidade lá é bem diferente da que vc está acostumado.
- Mesmo para os caras que ganham em dólar?
- Mesmo pra eles... ok... eles vivem bem, mas não tanto quanto aqui.
- Entendi. Então teremos que morar em Tulsa mesmo.
- Vc nem sabe se eu vou aceitar seu pedido de casamento!
- Não Vai?
- Quem sabe? - ela fez ar de riso.
- Não vá me abandonar.
- Nunca.
Apertei mais a mão dela e sorri. Eu nunca deixaria vc, Esther. Vc é meu sorriso e minhas noites felizes. Eu não posso deixar você ou parte de mim morreria novamente. Queria ter dito isso em voz alta, mas eu apenas sorri, feliz por mim, por nós.
Entramos no carro e segui para o parque.

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora