Sai do banho e me sequei bem. Dei uma conferida nos lugares estratégicos pq eu não tinha levado uma troca de roupa. Resolvi guardar a camiseta para não amassar, e tb achei que era melhor ficar sem a cueca... não dá pra reaproveitar isso... espero que elas não notem meu pássaro fora da gaiola. Gezzz.
A casa está toda apagada e apesar dela não ser grande, rezei para me lembrar de onde é o quarto e qual é a cama. Passei pelo quarto das meninas. Não consegui ver quem era quem, mas a cama é de casal e foi possível ver 3 montinhos embaixo do lençol.
Próximo quarto e lá estava minha cama livre e a Lola dormindo na cama ao lado. Coloquei minha cueca suja na mochila e o telefone da Esther na carteira e me deitei, encarando o teto. Meu celular está ali, na gaveta ao lado e eu fiquei tentado a usar.
*seja forte, Zac Hanson!*
Virei pro lado, de costas pro celular e tentei pegar no sono, mas era impossível!
E não é por causa da cama. Ela é bem confortável e limpa e eu estou acostumado a dormir em qualquer lugar, mas não consegui relaxar. Meu coração ainda chama a Kate, mesmo minha mente mandando ele calar a boca. Eu estava nessa guerra interna qnd Lola chamou baixinho:
- Zac?
- Sim. - respondi igualmente baixo.
- Tá tudo bem?
- Sim...
- Então pq vc não dorme?
- Pq ainda dói, Lola...
- Claro que dói... seu coração está em pedaços. Vai demorar um pouco para colar os pedacinhos... - escutei ela se mexer, mas continuei de costas pra ela.
- Quanto tempo? - perguntei de forma retórica, mas ela respondeu:
- Só Deus sabe...
Respirei fundo e não respondi. Não tinha oq responder, mas ela insistiu:
- Zac?
- Hum? - resolvi me virar. O quarto está escuro e ela não vai me enxergar.
- Quer conversar?
- Oq mais eu posso dizer?
- Não sei... qqr coisa. Quer um chá de camomila? Minha mãe sempre faz um chá qnd não estamos bem.
- E ajuda?
- Sempre.
- Então pode ser...
Ouvi ela levantando e indo pro meu lado do quarto:
- Vou acender a luz, ok?
- Ok... - disse sentando na cama.
O clarão da luz sendo acesa refletiu nas minhas pálpebras fechadas e abri os olhos lentamente, tentando ficar de pé e me acostumar com a claridade.
- Por isso vc não dorme... está de calça jeans. Vamos. - ela falou e a segui, ainda meio zonzo.
- É isso ou dormir pelado...- ri.
- Deus me livre de te ver pelado! - ela falou fazendo a curva do corredor.
- Opa! - parei e ela trombou em mim.
- Pq parou assim, sua anta? - ela falou entre os dentes.
- Desculpa! - Esther, que estava parada na minha frente, de... pijamas? *mini pijamas*
Lola e ela conversaram e Esther começou a ficar sem graça e esticava o mini pijama sem sucesso.
- Relaxa. To podre demais pra tentar qualquer coisa com qualquer pessoa... - falei a verdade. Ela é linda, mas eu estou podre por dentro. O corpo magrela de Kate ainda sonda minha mente.
Ela não respondeu.
- A propósito: belo pijama! - falei.
- Vá beber seu chá. Tá precisando. - Ela franziu a testa, virou as costas e saiu.
Fiquei olhando ela sumir corredor à dento. Não pude deixar de sorrir. Essa garota é muito divertida!
- Eu gosto dela! - falei no automático.
- Oi?
- Esther. Eu gosto dela.
- Já vai substituir a Kate?
- Não nesse sentido. Mas sei lá. Ela parece ser uma garota legal, sabe?
- Ela é. E é inteligente tb.
- Alguma coisa nela me fez ter... não sei... como chama quando vc acaba de conhecer alguém e parece que vc conhece a pessoa faz anos?
- Amor?
- Não, sua besta! Esquece! Vamos dormir. - falei meio ríspido. Eu não estou pronto para substituir a Kate e essa brincadeirinha forçada não é bem vinda.
- E o chá?
- Esquece o chá. Isso vai fazer vc falar um monte de besteiras.
- Eu já faço isso normalmente... - Lola tentou melhorar o clima.
- Eu sei.
- Mas e vc? Vai conseguir dormir? - ela realmente estava preocupada comigo.
- Me faz um cafuné e fica td certo. - aproveitei o coração mole dela.
CURIOSIDADE: "Cafuné" se fala "cafuné" mesmo, pq não existe essa palavra em inglês! Aprendemos com a Lola.
- Ok. Bora pra cama! - ela segurou meu braço.
- Depois não sabe pq sua mãe não deixa vc dormir no msm quarto que eu. Quem ouve essa conversa ia chamar meu irmão de chifrudo.
- Credo! Verdade! - ela me soltou e cruzou os braços. Uma careta impagável estava desenhada no rosto dela.
- Deixa de ser idiota, Lola. Eu nunca ia te querer.
- Vá pro inferno, Zac! Quem disse que EU ia te querer?! - ela tinha um sorrisinho maroto.
- Quem não me quer? - provoquei.
- Quer dormir sem cafuné? - ela ameaçou, brincando.
- Não está mais aqui quem falou... - falei levantando os braços em rendição.
Fomos pro quarto, ela sentou na minha cama e deitei no colo dela. Os dedos deslizando no meu couro cabeludo era uma massagem relaxante para meus pensamentos perturbados e eu fui apagando... não me lembro de ter me despedido e nem sei como ela saiu da minha cama e foi para a dela. Eu odeio que me toquem enquanto eu durmo, mas não senti ela ir embora... acho que eu estava cansado demais.
Acordei na manhã seguinte com a Lola me chamando:
- Zac. Acorda.
- Oi? - olhei meio perdido, tentando entender onde estava. - Ah... bom dia. - falei ao reconhecer o quarto. Júlia estava parada na porta e usava uma camiseta cinza e uma saia de pregas azuis, que deduzi ser o uniforme da escola.
- Bom dia. Levanta se quiser tomar café com a Esther.
- Já vou, ok? - esfreguei os olhos, que ainda pesavam pelo choro de ontem.
Júlia falou alguma coisa e foi saindo.
- Merda! Um banheiro só! Você ou eu? - Lola me olhou com cara de desespero.
- Grávidas primeiro... - disse me ajeitando na cama - além disso, tenho questões matinais... - falei sem graça e aquela idiota gargalhou:
- Conheço essas questões matinais! Mas é melhor deixar as meninas longe disso.
Eu e minha boca grande! Não sei pq eu tenho que falar tudo pra ela! As coisa simplesmente saem da minha boca! Malditos olhos grandes!
Senti meu rosto em chamas, ainda mais ao lembrar que eu estou sem cuecas.
Aquele silêncio mortal se seguiu, então falei:
- Vc não tem que ir ao banheiro?
- Fui! - Ela saiu andando rapidamente pra fora do quarto.
A essa altura, eu já estava mais murcho que uma uva passa, não que ele seja como uma uva passa... esqueça! Eu apenas pude sair do quarto sem dificuldades!
Coloquei minha camiseta e fui para a sala esperar na fila imaginária do banheiro, pq eu tb estou apertado. Fiquei imaginando uma forma de me desculpar por todo o transtorno quando finalmente ouvi a porta do banheiro ser destrancada.
- Achei que vc não ia sair! - passei pela Lola sem olhar, pq ainda estou sem graça e fechei a porta. *pq cargas d'água eu fui falar sobre ereção matinal com a minha cunhada?!*
- Desaforado! Acha que está na sua casa?! - ela me ameaçou, batendo na porta.
Fiz meu xixi e lavei o rosto, dei uma ajeitada no cabelo (Deus abençoe o novo corte) e fui pra cozinha, onde dava pra ouvir as 3 bagunçando. Elas estavam animadas logo cedo?! Eu não sou uma mornin person... mas ouvi meu nome. Lola estava falando sobre mim.
- Oq tem eu? - puxei uma cadeira e sentei.
Ela fuzilou a Júlia com o olhar. Eu conheço esse olhar. É o mesmo que o Tay me dá: olhar de repreensão de irmão mais velho.
- Só falando que vc é como um irmão mais novo pra mim. - Lola pegando um pão.
- Mais novo? Acho que temos só alguns dias de diferença... e acho que eu sou o mais velho... - me senti à vontade para me servir de café. *na verdade eu sei que ela é um dia mais velha do que eu, mas não ia admitir isso.*
- Não literalmente. Apenas é oq eu sinto, entendeu, cabeção?
- Não estressa, Ursula! Ainda são 6:00 da manhã... - disse pegando um pão também.
- Já falei pra não me chamar pelo meu nome de batismo.
- E pq vc estava falando o meu?
- Pq estava explicando a diferença do Zac Hanson, baterista, para o ZACHARY WALKER, meu cunhado.
- Hmmm. Tá. - respondi mordendo o pão em seguida - Hmmm, isso é bom!
- É meu favorito. Tenho saudade disso!
- Não tem pão de queijo? - olhei na mesa.
- Não, filho. Aqui é pão com manteiga, leite e café. Deve ter frutas na geladeira, se quiser.
- Tem maçã? Queria levar uma na mochila pra comer depois.
- Deve ter... olha lá.
- Ah, não! Abrir a geladeira é demais. - eu tinha pedido demais e abrir a geladeira de alguém é algo totalmente fora dos meus padrões. Minha mãe me mataria.
- Aff, Zac! - ela revirou os olhos - Esther, vc que está mais perto, vê se tem uma maçã pro bonito aqui.
- Uhum. - Esther deu mais uma golada no leite e pegou uma maçã da geladeira.
- Aqui - ela me entregou.
- Obrigada, Esther. Vc é gentil, diferente de algumas pessoas aqui... - falei jogando um miolo do pão na Lola.
- Aiaiai! Tem certeza que quer começar uma guerra de comida? Na minha casa? - ela jogou o pão de volta;
- Essa casa é a casa da sua mãe e ela disse que eu sou visita. Então vc não pode me tratar mal!
Ela revirou novamente os olhos e respondeu:
- Come e fica quieto.
As meninas só assistiam nossa conversa.
- Hm. Sabe no que eu estava pensando? - falei.
- Hm? - ela me olhou, mastigando.
- Será que as meninas não querem assistir o show? São alguns minutos de voo só! Acho que eu consigo entrada pra elas pelo stage.
Esther soltou um gritinho abafado.
Júlia deve ter zuado a amiga, pois tomou um empurrão.
- É que eu nunca fui num show antes! Acho que se a Lola for, minha mãe deixa! Ai meu Deus! - Esther estava muito empolgada e isso me fez uma puta massagem no ego, então eu ri:
- Pra pagar minha estadia e o por ter tirado sua cama - falei apontando pra Julia - Vc não quer ir?
Acho que ela entendeu a pergunta, mas respondeu insegura e em português, então Lola traduziu:
- Ela vai. Se as mães liberarem, claro.
- Se quiser, eu falo com elas. - ofereci.
- A minha vc não precisa, por motivos óbvios. - Lola falou - A da Esther não sei... sua mãe fala inglês, Esther?
- Minha mãe não. Só meu pai, mais ou menos, por causa do trabalho.
- Ótimo, vc vai enfrentar o Tio Pedro. - Lola me apontando a faca.
Eu sei que ela está me zuando e eu nem quero nada com o convite. Só quero minha nova amiga no show. Não tenho muitos amigos desde que Kate... bem... Não tem oq temer! Não é um pedido de casamento! Então respondi:
- Seu pai é bravo?
- Não. Ele é tranquilo. É que eu sou filha única, então elas me perturbam. - ela respondeu dando de ombros.
- Ah, sem problema! Lola vai no show, não vai? - intimei.
- Não ia, maaaaaaaaas, né? Parece que fui convocada.
- Vou falar pro Tay que vc não quer ver ele.
- Ele que mandou eu tirar férias!
Júlia falou qq coisa, se levantando.
- Já vão? - Eu ainda com o pão pela metade.
- Já não. Estamos em cima da hora. - Esther passou por mim, com a mesma blusa cinza e saia de pregas azuis. *Já falei que azul é minha cor favorita?!*
- Nos vemos no show? - perguntei.
- Acho que sim... - Esther arrumando os fios rebeldes, soltos do rabo de cavalo.
- Então até mais! - Me levantei para me despedir apropriadamente com um abraço.
- Bye, Zacarias! - Júlia me abraçou e riu.
- Oq? - olhei pra Lola e olhei de volta pra elas, que riam loucamente. - Ela tirou uma na minha cara? - vi Júlia correndo e arrastando Esther pra fora da cozinha.
- Pior: Zuou seu nome de batismo em português. Nem eu faria isso! - e Lola tb riu. Ela sabe que meu nome sempre causa confusão. É um pouco complicado pronunciar em outras línguas.
- Vou cancelar seu convite! - gritei, mas elas já tinham saído. - Peste! - enfiei o último pedaço de pão na boca e peguei a maçã. - Melhor eu ir tb, ou eu vou atrasar e o mala do seu marido vai me perturbar o resto da vida. - Falei pra Lola.
- Isso se sua vida durar muito depois de faltar numa entrevista.
- Ike dá uma desculpa boa... - dei de ombros, pq eu sei que Tay não perdoa, mas Ike está sempre atrasado e, portanto, me cobriria. Ike, o pessimista pacificador. *estou com saudade desses idiotas*.
- Vc não vai fazer isso! - ela me repreendeu.
- Não... mas seria engraçado. - falei recolhendo minha bagunça e colocando na pia.
- Quer que eu te acompanhe até o aeroporto?
- Não, tampinha, sem problema. Só chama o táxi, por favor.
Peguei minha mochila e enxaguei minha boca enquanto ela chamava o táxi. Nos despedimos com um abraço e eu tenho que me preparar para contar minha história sem chorar.
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Save Me From Myself (COMPLETA)
FanfictionKate, meu amor, era um buraco negro drenando nossa paz e eu estava tão cego... Acho importante dizer que essa não é uma história de amor. Eu sou Zac Hanson e essa é a história de como eu fui salvo de mim mesmo.