~Confesso

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Chegamos na casa da Lola e ela já foi tirado os sapatos e se jogando no sofá:
- Ufa! Acho que estou grávida demais para andar à pé!
- Finalmente admitiu! - Taylor fez carinho nos cabelos dela - Quer água? - ele ofereceu.
- Não... tô bem. Só cansa... ufa!
- Não se esforce muito. - falei, pq eu estou preocupado com ela andando assim, por aí, no sol.
- Ah não! Dois super protetores eu não aguento! Tay, ensina o mantra pro seu irmão. - ela acenou na minha direção.
- Mantra? - eu ri sem entender.
- Repeat: I don't have to be overprotective.
- What?! - continue rindo, pq isso é um absurdo! É a cara da Lola!
- Just repeat and Lola will not kill u.
- Right.... I don't have to be overprotective. - falei fazendo aquelas vozes malucas que ela adora - mas eu serei mesmo assim. - voltei pra a voz normal.
- Ah, vá cagar, Zac! Nem era pra vc estar aqui! Aliás, oq vc faz aqui?! - ela me encarou.
- Grossa! Eu vim fazer uma surpresa! Mas nem lembrava o lance da tradição do café na vó.
- Veio por vir?
- É.
- Sem nenhum interesse?
Sorri de lado e levantei a sobrancelha:
- Nenhum interesse.
- Missing someone?
- Just shut up... - eu ri.
- Já entendi tudo.
Eu poderia continuar afirmando que era só por ela, mas ela não é idiota, poderia fingir que era pela Esther, mas isso poderia ser um tiro no pé, então falei a verdade:
- Na verdade a sua querida amiga passou o telefone do meu quarto para a amiguinha dela. Eu fugi. - dei de ombros e apoiei o cotovelo nos joelhos.
- Kate? - ela me olhou com olhos de piedade.
Isso tinha virado rotina: sempre que eu mencionava a Kate, alguém me olhava com cara de "sinto muito", como se eu estivesse voltando do velório dela.
- Sim. Nada oficial, mas Natalie tem o telefone do hotel e sabendo oq ela sabe, é fácil se passar pela produção ou qq outra coisa, então ela passou o telefone do quarto para a Kate. É a única explicação. Precisei tirar o telefone da tomada.
- Agora a vaca está arrependida?! Zac, vc não vai cair na dela! - Ela pareceu nervosa.
- Lola, confesso que meu coração doeu qnd eu desliguei na cara dela. Ela me ligou chorando e pedindo uma chance... mas eu estou fora.
Esther tinha os olhos bem abertos, assim como a boca. Eu a olhei satisfeito, pq agora ela poderia ter certeza de que Kate não tem mais importância pra mim, mas ela só falou:
- Vou beber uma água. - e saiu.
Não entendi direito, mas como estava um dia realmente muito quente e acabamos de voltar da rua, é bobeira me apegar à isso, então continuei:
- E aqui estamos. Fugindo para a casa da Lola pela segunda vez. - relaxei no sofá.
- Entendi... e vc pretende dormir aqui de novo? Pq não temos mais colchões agora, então eu teria que pedir emprestado. - Lola me olhava.
- Não. Eu vou para um hotel qualquer... eu só não queria ficar lá. Queria conversar com alguém. - falei, até pq o aperto inicial que tinha me movido loucamente estava bem menor desde que Esther tomou parte da minha mente no meio do caminho.
- Zac, vc sabe que não vai poder fugir pra sempre, não sabe?
- Sei. Mas por hora, eu estou correndo pq não enterrei ela ainda. A verdade é que eu queria que tivesse sido diferente, sabe? - *é... ainda dói! *
- É, mas não vai ser diferente. Ela teve oportunidade para melhorar e em vez disso ela só piorou. Não soube cuidar de vc e nem fez questão de cuidar dos que te amavam. Onde estão seus amigos, Zac? Ela sumiu com todos! - dava pra ver que Lola está furiosa. Ela tinha comprado minha briga.
- Só sobraram os que realmente se importam. - expliquei, tentando me livrar de parte da culpa que eu sabia ser minha.
- Não, Zac. Só sobraram os da sua família. Nós. - ela não tem piedade.
- E eu não sei?! - perguntei me segurando pra não chorar. Lola sabe cutucar as feridas. Roí oq restavam das unhas para não rolar em posição fetal pelo chão, como qnd Kate me ligou - Dói Lola. Dói muito admitir isso. Dói admitir que eu fui um babaca, cego. E eu tenho medo de não conseguir...
Lola fez oq eu esperava, oq eu precisava após uma confissão: ela me abraçou de forma carinhosa e depois olhou bem no fundo dos meus olhos:
- Vem cá... vc vai conseguir, ok? Vc está cercado de pessoas que te amam e te querem bem. Vc pode recomeçar e nós vamos estar ao seu lado e não vamos deixar vc cair, ok?
- Ok... - eu respondi com a voz falhando.
- Zac, nós vamos sair dessa, cara. - Tay levantou e deu um soquinho no meu ombro. - Nós dois sabemos que não importa oq aconteça, nós vamos encontrar uma solução juntos.
- Valeu, Tay. - respondi sem levantar os olhos, mas sorri, pq com eles eu tenho toda a força de que preciso - eu só tenho medo de machucar quem está em volta...
Falei pensando em todas as merdas que eu fiz pela Kate sem levar em consideração quem estava lá de verdade.
- Zac, vc não vai machucar ninguém. Vc só precisa de um pouco mais de tempo para arrumar a bagunça que a Kate deixou ao sair e nós estamos aqui pra isso.
- Valeu, tampinha. Eu não queria chegar assim e atrapalhar vc e o Tay, nem comer toda a comida da sua avó, mas eu precisava mesmo de um tempo longe de tudo e aqui apareceu um lugar seguro, com vc e sua família e com a Esther...
- Falando nisso, quantos litros de água ela foi beber que ainda não voltou? - Taylor olhou em volta.
- Ela foi cavar o poço! - ri.
- Eu acho que ela só quis nos dar privacidade... - Lola falou.
- Ela não precisa disso. Já considero ela parte da família! - *mais do que isso, na verdade* - Estheeer! - Chamei com a voz de palhaço para disfarçar minha voz embargada.
- Deixa ela, Zac. Ela deve estar sem graça, sei lá. - Lola suspirou.
- Mas que droga, mulher! - me levantei e ao fazer a curva da cozinha, quase tropecei nela.
Esther estava sentada na parede que divide a sala e a cozinha e assustou qnd me viu.
- Sua mãe não te ensinou que é feio ouvir a conversa atrás da porta? - falei estendendo a mão, que ela aceitou com um sorriso meio triste.
Voltei pra sala com ela e Lola pareceu notar o msm ar triste que eu, pq começaram a falar em português.
- Hey, não me excluam e não façam essas caras. - me sentei e bati no assento do sofá - Senta aqui, Esther. - e ela obedeceu, meio sem graça. - Pronto! Bem melhor. - sorri.
- Bem melhor - ela repetiu.
Resolvi dar uma trégua do assunto da Kate e comecei perguntando pra Lola sobre como ela estava se sentindo em relação à gravidez pq ainda temos alguns shows pela frente, mas pelo cansaço de hj, não sei se ela aguenta mais tempo no ritmo que estamos. Nem preciso dizer que rezei o mantra de novo e Esther riu.
Jantamos todos juntos aqui na Lola mesmo e o pai da Esther chamou no portão. Ele e Tay tinham combinado de beber umas cervejas e o convite foi estendido pra mim.

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora