~Be my own

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Nosso churrasco de salsicha estava ótimo. Esther não quis fazer cachorro quente, mas mordeu um pedaço do meu. Eu não me importo com isso.
É hora de assar os marshmallows. Esther parece extra feliz agora.
- Meus primeiros marshmallows! Nem acredito! - ela abraçou o saco de marshmallows.
- Jura que vc nunca viu marshmallows?
- Não desses. Isso parece aqueles filmes de acampamento. Sempre me perguntei que gosto tem isso. - ela abriu o saco e pegou um marshmallow. Cheirou, lambeu e depois mordeu, acabando com a minha fantasia.
- Ouch!
- Oq? - ela perguntou ainda mastigando o doce cru.
- Não é assim que come. Esses são pra assar. - disfarcei.
- Não pode comer assim? - ela mastigou e engoliu.
- Bom... acho que não mata... mas Não deve ser tão bom.
- Hmmm. Ok. - ela enfiou a metade restante na boca.
Espetamos nossos marshmallows e começamos a assar. Enquanto isso, demos uns beijinhos.
- Engraçado é que não derrete! - ela olhava o doce ficando caramelizado.
- Ele é feito pra isso.
- Ai meu Deus! O seu está pegando fogo! - ela apontou pro meu marshmallow em chamas.
- Merda! - tirei ele do fogo e assoprei. - odeio qnd isso acontece. Agora vai ficar amargo.
- Que droga.
- O seu tb está pegando fogo.
- Oh merda! - ela assoprou o marshmallow. - meu primeiro marshmallow e eu queimo! - agora ela colocou o dedo no doce. Tirou ele do espeto, analisou e enfiou inteiro na boca. - Uh! Quente! - ela abanou a boca aberta e eu ri.
- Pq enfiou inteiro na boca?! É óbvio que está quente. Acabou de pegar fogo!
- Hm - ela mastigava - se eu não fizesse isso, ia ter que comer a parte queimada separado e isso ia ser pior.
- Entendi - falei enfiando o meu tb inteiro na boca - ótima idéia.
- É bem enjoativo... - ela falou enfiando mais um marshmallow no espeto e levando ao fogo.
- Mas vc vai assar mais um.
- O primeiro não conta. Queimou.
- Justo. - tb espetei um marshmallow e coloquei pra assar - Oq vc pretende fazer nesses dias?
- Não sei... achei que vc pudesse ter algo planejado.
- Na verdade não. Deveria. Desculpe.
- Não tem pq se desculpar. Vc estava ocupado com os preparativos para o casamento do seu irmão...
- Isso é verdade. Ike me pilhou.
- Como é a sensação de ter seu irmão se casando?
- Como? Não sei... que pergunta complicada!
Ninguém parou pra me perguntar isso antes.
- Não precisa responder se não quiser.
- Não é que eu não queira... eu só nunca pensei sobre isso... bem... ok... vamos lá: qnd Tay casou, foi meio uma surpresa... vc sabe... Lola estava grávida e foi tudo meio às pressas. Me senti confuso, eu acho. Eu esperava que Ike se casasse primeiro e tb não esperava uma cunhada grávida antes do casamento... foi bem estranho. Já o Ike, apesar de esperado, tem sido um pouco mais dolorido, pq eu e ele somos bem diferentes um do outro, mas qnd Tay casou, nós dividimos o apto em NY e aprendemos a conviver melhor. Então acho que vou me sentir sozinho qnd ele voltar pra NY e eu ficar sozinho no meu apto. - dei de ombros, mas por dentro fiquei abismado com as minhas palavras. Esther fez tudo sair de dentro de mim.
- Entendi. - ela comeu o marshmallow - hmm. Pq vc não volta pra casa dos seus pais?
- Pq morar sozinho é um caminho sem volta. Por mais que eu ame meus pais e irmãos, na minha casa eu posso fazer oq eu quiser, sem minha mãe me olhar torto ou sem uma das crianças chorar... - peguei meu marshmallow.
- Faz sentido.
- Pois é.
O sol já estava descendo no horizonte, deixando o céu alaranjado. Abasteci a fogueira com o restante da lenha e ela estendeu as mãos para o fogo.
- Estou com um pouco de frio... vc tem alguma blusa no carro?
- Deve ter uma jaqueta no banco de trás. - falei me levantando.
- Não. Eu pego. - ela falou saindo.
Olhei ela sair e se eu tivesse desejado ser tão feliz, talvez eu não tivesse conseguido. Eu pude ser eu durante um dia todo. Sem máscara, sem medo.
Ela abriu a porta e se enfiou dentro do carro pela metade, ficando na ponta do pé. A vi vestir minha jaqueta, que ficou grande, claro, mas linda, e ela tb tirou o violão e ergueu ele pra mim.
- Pode trazer.
Ela fechou a porta do carro e veio feliz com o violão na mão.
- Você sabe tocar? - peguntei.
- Eu? Não! Trouxe pra vc tocar! - ela me olhou segurando o violão - ou vc considera isso trabalho?
- Não. - eu sorri - bem... é trabalho qnd estamos no palco e às vezes qnd estamos no estúdio. Fora isso, é diversão. - falei pegando o violão e tocando alguns acordes para checar a afinação.
- Vc não é canhoto?
- Sou. Pq?
- O violão normalmente fica ao contrário para canhotos...
- Ah, não. Minha bateria é ao contrário, mas o violão eu aprendi tocar assim mesmo.
- Wow! Deve ser extra complicado.
- Extra complicado é o Tay tocar minha bateria. - eu ri.
- Eu heim. Bizarro.
- Pronto. Afinado. Oq vc quer ouvir?
- O que vc quiser cantar.
Pensei em um monte de músicas. Nenhuma se encaixava no momento, então decidi inventar uma:
"Do you want to be the one I know
To be the place I go to be my own
To be my own.
Yeah I'd do it all over again.
Yeah I'd chase you right down to the edge.
All the mistakes and the heartbreaks.
Every bad song and the done wrong
If I could do it again I wouldn't do it right
'Cause I might not be here tonight..."

Eu continuei olhando pra ela enquanto dedilhava o violão sem saber como continuar a letra. Música leva tempo no fim das contas.
- Eu não sei continuar... - ri sem graça e encarei meus pés depois de um tempo.
- Essa música é linda. Eu não conheço. Quem canta?
- Zac Hanson.
- Bobo! - ela riu - to falando sério.
- Eu também.
Ela me olhou, procurando por uma mentira.
- Wow... espera! Mas essa não está em nenhum cd! Ou está? Não... eu me lembraria!
- Não, não gravei ainda. - eu ri da cara dela.
- Pq não?! É linda! Como se chama?
- Poderia se chamar Esther, pq acabei de criar, pensando em você.
- Mentira! - ela levou a mão à boca.
- Verdade. Mas foi só um verso aleatório... pra virar música precisa bem mais que isso.
- Zac! Vc acabou de cantar uma puta música! Pra mim!
- Só falei a verdade: com vc eu posso ser eu mesmo e... bem... toda a dor e os erros valeram a pena se isso significa que eu posso estar com você.
- Oooowm - ela se aninhou em mim - Zac Hanson, vc é um ogro molenga.
- E isso é um elogio?
- É sim.
A fogueira começou a baixar e os pernilongos típicos do verão se juntaram aos outros insetos e logo estavam jantando nosso sangue.
- Acho melhor nós irmos antes que esses pernilongos sequem todo nosso sangue. - falei balançando os braços numa tentativa frustrada de espantar os bichos famintos.
- Eu não ia falar nada. Mas concordo. - ela falou se levantando e me estendendo a mão e eu aceitei.
Ela recolheu a lona e o violão enquanto eu apagava a fogueira.
Recolhemos o lixo juntos e entramos no carro. Voltamos para casa e tomei um fumo da Lola por passar o dia fora sem dar notícias. Esther e eu não fizemos nada impróprio (poderíamos, mas oq aconteceu hj foi mais profundo que isso). Valeu a pena. Foi um dia perfeito. Eu estou livre, com as minhas asas de volta.

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora