~Sem 911

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Descemos no aeroporto e já era noite, Tay ligou para meus pais para avisar que tínhamos chego bem e pegou o endereço do hotel.
Jantamos em família e passamos momentos agradáveis na beira da piscina, mas o cansaço da Lola a deixa sonolenta a maior parte do tempo.
Enquanto todos conversavam animados, ela estava quase cochilando, então me juntei à ela:
- Lola, vc tem certeza de que consegue seguir o tour?
- Relaxa, Zac. Já falei com meu médico e ele disse que cada mulher conhece seus próprios limites. Se eu estou bem, tudo bem! Não se preocupe demais. - ela respondeu com me mostrando a língua.
- Não quero que vc se esforce demais por nós.
- Eu estou bem... mais cansada ultimamente, é verdade, mas ainda ok. 
- Qq coisa, avisa. - falei e ela sorriu:
- Tá doido pra rezar o mantra, ne?
- Sai fora! - eu ri.
- Então pare de se preocupar demais. Aproveita seus dias de folga e relaxa.
- A verdade é que ainda não estou completamente curado. - encarei meus pés.
- Vc está doente?! - ela me olhou séria.
- Uma doença séria chamada Kate.
- Ah... - ela disse apenas.
- Não faça essa cara. Não está sendo fácil pra mim também.
- Acho que essas coisas só o tempo pra resolver. Mas como vc está? De verdade.
- Confuso.
- Hmmm. Quer falar sobre isso?
- Eu falaria, se soubesse oq dizer... - falei com um sorriso triste.
- Bom... qnd descobrir, pode me procurar, vc sabe.
- Eu sei... sorte a minha que agora não vou mais precisar de dois aviões pra isso. - sorri pqno.
- Deus abençoe. - ela riu - vem cá, me dá um abraço. - ela estendeu os braços e eu a abracei - vai ficar tudo bem.
- Vai sim. - respondi sem soltar ela.
*obrigado, Deus, por brasileiros serem mais calorosos do que os americanos*
- Hey, cara! Tire as suas patas da minha mulher! - Taylor chegou rindo.
- Cara, foi ela que pediu por isso. - eu apontei para Lola.
- Eu? - ela fez cara de surpresa - eu jamais pedi nada do tipo!
- Não se faça de Santa, mulher! - eu ri.
- Cara, eu só não te bato em respeito à gravidez dela. - Tay continuou.
- Vc não me bate pq vc é um frouxo! - falei com a mão chamando pra briga.
- Ah é? - ele riu.
- To esperando! - provoquei, pq eu sabia que isso ia terminar em lutinha e eu adoro isso.
- Ah, não! Meninos, estamos em público! - Lola nos segurou, pq ela tb sabe onde isso acaba: Dois irmãos (normalmente eu e mais um) rolando pelo chão, esfregando a cara um do outro e às vezes, por pura sacanagem, eu passo suor e baba e um deles. Jogo baixo, eu sei. Mas a cara de nojo deles vale cada ofensa.
- Resolvemos isso outro dia então! - falei mantendo a pose.
- Pode apostar! - Tay falou.
- Aff, vcs dois! - Lola riu e segurou a barriga.
- Tá tudo certo? - Tay a encarou.
- Sim... sim... acabei de ter essa mesma conversa com o camarada aqui. - ela apontou pra mim. - só está sendo mais complicado na reta final, mas sabíamos que seria assim.
- Tem certeza?
- Tenho. Não é bem uma dor... é só... sei lá... - ela não terminou.
- Lola, não me esconda nada, ok?
- Tá tudo certo e não me faça rezar o mantra vc tb!
- Já rezou o mantra hj? - Tay me olhou.
- Quase! - falei sério.
- Ufa! - ele me encarou sério tb.
- Vcs querem parar com isso?! - ela empurrou nós dois.
- Já paramos! Na verdade eu vim ver se vc não quer subir. Eu tb estou cansado.
- Ah sim... meus pés estão me matando! - ela falou se apoiando para levantar.
- Quer ajuda? - ofereci e recebi uma encarada como resposta. - Ok, vc consegue... - falei me rendendo.
Ela se levantou e me deu um beijo no rosto:
- Até amanhã, Zac.
- Até amanhã, nervosinha.
Ela me mostrou a língua como resposta.
- Até mais, Tay. Cuida dela.
- Pode deixar. - ele sorriu pra mim enquanto saía com Lola apoiada nele.
Eu agradeço que nossa relação seja assim. Tay não sente ciúme da minha amizade com a Lola. Ele confia em nós de olhos fechados e sou muito grato por isso, pq não posso deixar nenhum deles pra trás. Tão diferente da Kate, que espumava de raiva até da minha própria sombra.
Vi eles se despedirem dos meus pais e irem embora. É hora de eu fazer o mesmo, então fiz o caminho até a mesa deles e me despedi. Corri atrás das crianças e me despedi delas tb. Ike tinha saído para dar uma volta.
Assim que subi para o meu quarto, meu telefone estava tocando. Ou era o Tay ou o Ike, já que eu acabei de deixar minha família na área de lazer do hotel.
- Pronto?
- Zac? - ouvi a voz da Kate e meu coração disparou.
*De novo não! *
- Me esquece! - falei puxando o telefone da tomada.
Isso nunca vai acabar? Kate vai me perseguir por todo o mundo?
Senti meu rosto queimar e chorei depois de socar a parede. Se ao menos eu tivesse certeza dos meus sentimentos, eu poderia simplesmente mandar ela à merda e ficar bem. Mas não é isso que acontece. Nesse momento ela deve estar tentando me ligar de novo e de novo e eu me sinto péssimo por isso. Eu queria atender e dizer que vamos ficar bem, mesmo sabendo que é uma baita mentira. Eu queria acreditar nela, afinal, apesar das brigas, eu nunca tinha me separado de verdade e nunca tinha passado tanto tempo sem falar com ela... talvez ela tenha aprendido a lição... Fiquei muito tentado a religar o telefone e ter minha dose de Kate, como um viciado, mas no fundo eu sei que não posso e Lola, meu 911 está dormindo à essa hora... seria egoísmo meu acordar ela assim, por uma fraqueza. Se eu ligasse o notebook, correria o risco de desbloquear ela do meu e-mail e MSN... que merda! Eu sou um fraco e preciso de ajuda.
Sai do meu quarto me arrastando até a área comum do prédio, de volta para os meus pais, mas qnd fiz a curva, tudo que encontrei foi a mesa vazia. *merda!*.
Puxei a cadeira e me sentei. Tirei o celular do bolso, pronto para tentar me lembrar do telefone da Kate, mas era como um bloqueio divino: eu não lembrava. Subi e desci a agenda e então eu vi o nome da Esther. *pq Não?*. Apertei o dial e esperei. Qnd pensei que a mãe ou o pai dela poderiam atender e eu nem sabia que horas são no Brasil, eu quase desliguei, mas então ouvi a voz dela e meu corpo foi tomado por uma corrente elétrica.

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora