Ainda de roupão, peguei meu notebook. Nada da Kate, mas havia uma msg da minha cunhada:
Zac, eu sinto muito por isso. Espero que vc entenda os nossos motivos e que as coisas se acertem. Qualquer coisa me chama.
Beijos
*Ah, Lola... vc saberia me mostrar a luz no fim do túnel?*
A mensagem já estava lá há alguns minutos, mas ela ainda estava on-line, então eu respondi:
- Valeu, Lola. Tô mal...
- Quer conversar?
- Nem sei oq falar. Vc já está sabendo?
- Em partes.
- Vc acha que Kate é má?
- Zac, não sei se ela é má. Mas ela quer controle de coisas que não pertencem à ela.
- Mas se a gente se casar, a 3CG vai ser dela tb.
- Mas não é. A banda tb não é dela e sua vida não é dela. Ela tem brigado e provocado as fãs nos fóruns, que eu sei.
- Ela só está preocupada com o assédio...
- Zac, vcs foram assediados a vida toda. Acho que sabem lidar com isso melhor que ninguém, não acha?
Outro tabefe na cara, agora da minha cunhada e melhor amiga. Me faltou ar. Eu não tinha resposta pra'quilo além do óbvio:
- Entendo. Eu fui assim tão cego?
- Vc ama ela, Zac. É normal esperar o melhor de quem a gente ama.
- Aí é que está. Estou perdido, Lola. Será que eu amo ela mesmo ou eu amo a Kate que eu criei na minha cabeça? To fuckin perdido.
- Conversa com ela, Zac. Conversa com ela e fala tudo que vc está sentindo. Pergunta pq as coisas mudaram.
Mais um silêncio.
- Eu tenho medo da resposta...
- Antes a dor da certeza de que a morte na incerteza.
- Será?
- Isso é oq eu acho.
- Vou pensar no que fazer. Já mandei e-mail pra ela pq ela não respondeu meu MSN... ela deve estar puta pq não respondi os SMS dela.
- Certeza...
- Valeu pelo apoio e desculpa qq coisa.
- Disponha. Se precisar, já sabe.
- Valeu mesmo.
- Ah! Isso não vai te poupar do nosso acordo, ok?
- Vou estar com vc à noite. Tay vai conectar à noite, depois da janta?
- Sim. Te vejo mais tarde, então.
- Até mais.
Desconectei e me joguei na cama.
Eu preciso pensar... Lola tem razão. Eu preciso falar com a Kate e afastar esse fantasma da minha vida. Vai doer? Provavelmente. Mas melhor puxar duma vez do que ficar assoprando.
Batidas na porta.
- Quem é?
- Ike.
- Quer entrar? - rezei pra ouvir um "Não".
- Só quero saber se vc vai jantar com a gente. Mamãe e as crianças chegaram.
- Não, Ike. Estou sem fome e preciso pensar. Manda um oi pra todo mundo.
- Fica bem.
- Eu vou.
Entrei na internet em busca de uma luz e então ela ficou on-line!
Mandei msg mais que de pressa e solicitei a câmera:
- Kate, preciso falar com vc.
Ela aceitou e uma Kate raivosa apareceu na tela:
- Não quero falar com você.
- Kate, qual é?!
- Zac, vc não me deu atenção o dia todo e agora quer que eu te escute? Se liga!
- Kate, Ike pegou meu celular e eu...
- Eu nada, Zac! Sempre assim! Ninguém gosta de mim na sua família. Só idolatram a brasileira. Estão todos contra mim, então aproveita que vc está no Brasil e arruma uma brasileira pra vc também.
E ela desligou na minha cara.
- KATE?! Eu quero resolver, mas o problema é que vc não me ouve! - falei pra tela vazia.
Roí oq restava dos meus dedos e olhei no relógio. É quase hora da janta e eu estou sem fome. Na verdade, é como se todo meu corpo fosse só uma casca e dentro de mim houvesse um enorme vazio.
Precisei tomar medidas drásticas:
Coloquei uma roupa, desci até a recepção e inventei uma história:
- Boa noite. - o moço atrás do balcão sorriu ao me ver.
- Boa noite. Sou o Zachary Hanson do sexto andar. Estou com a minha família, Hanson, sabe? Bem... Tive um imprevisto com uns documentos da gravadora e precisava resolver isso até amanhã. Será que vcs conseguiriam passagens para Georgia e um táxi para o aeroporto ainda hoje?
- Vamos fazer o possível, sr.
- Muito obrigado.
Voltei pro quarto e meu coração estava disparado no peito, talvez pela expectativa, talvez por ver a Kate... Eu não sei. Só sei que minutos depois, bateram na porta:
- Sr Hanson?
- Sim.
- Seu vôo foi reservado para daqui algumas hora e o táxi também foi agendado.
- Ótimo. Obrigado.
- Disponha.
Arrumei minha mochila e agora eu tremia. Estou quebrado por dentro, mas algo me dizia que tudo ficaria bem.
Comi uns amendoins e o chocolate do frigobar. Eu ainda não estou com fome o suficiente para uma refeição, apesar do buraco dentro de mim. Meu estômago revirava como se a digestão de toda a informação sobre a Kate estivesse sendo feita nele.
Fui até o quarto do Taylor pra ver se ele já estava falando com a Lola. Eu devia isso à ela.
Toquei a campainha do quarto dele e respirei fundo. Ele abriu a porta em seguida:
- Zac? Entra. - ele falou me dando passagem.
- Já conversou com a Lola ou ainda dá tempo?
- Estou com ela na cam agora mesmo. Achamos que vc não viria.
- Promessa é promessa... - falei seguindo para a frente do note - Oi cunhada! - tentei parecer bem.
- Zac! Achei que vc não viria! - ela sorriu largamente.
- E ter minhas bolas servindo de jantar gourmet pra um cachorro? Nem morto!
Tay se sentou ao meu lado.
- Tá melhor? - ela perguntou com os olhos de piedade.
- To na merda. Atolado até o último fio de cabelo, mas vou melhorar. - falei sincero, tentando ser convincente, tanto pra ela quanto pra mim.
- Eu sei que vai. - ela fez uma pausa e engoliu um seco - Já conseguiu conversar com a Kate?
Essa pergunta, esse nome... fez tudo doer. Roí oq restava do meu indicador. Eu queria conversar com a Lola, queria contar tudo, mas não sei se Taylor aceitaria minha viagem e eu também não tenho tempo... então olhei para ele tentado decidir o qnt falar.
- Quer que eu saia? - Tay perguntou.
- Não... fica ae... - suspirei - Eu falei com ela pela internet... bom... eu tentei. - senti meus olhos embaçarem com as malditas lágrimas - Ela disse que todos estão sendo cruéis e que querem acabar com a gente. - apertei o nariz para não ficar ainda mais lastimável e Tay saiu e voltou com uma caixa de lenços e assoei o nariz:
- Desculpa...
- Tudo bem...
Continuei:
- Ai eu tentei falar com ela, mas ela ficou louca e desligou a cam na minha cara e não me atendeu mais... eu não queria que terminasse assim. Mas essa atitude dela só comprovou oq vcs me falaram... Kate não é mais a Kate que eu conheci. Vou viajar hoje à noite e volto amanhã cedo.
Tay me olhou espantado, então me expliquei:
- Eu já ia te falar, Tay. Mas eu realmente preciso por isso em pratos limpos. Não posso terminar com ela pela internet.
- Você vai terminar com ela? - Tay perguntou.
- Não sei... - suspirei - mas preciso mesmo resolver isso.
Eu não posso mentir... eu ainda amo a Kate. É tudo muito surreal, como num sonho muito, muito ruim.
- Zac, espero que vc tome a melhor decisão, seja ela qual for.
- Obrigada, Lola.
- Papai já sabe? - Tay perguntou.
- Não. Pedi para o pessoal da recepção para cuidar de tudo. Nem vou levar roupa. Vou levar só a mochila com o note e os documentos. Vou lá, falo com ela e volto no primeiro vôo amanhã.
- E se ela não te atender?
- Então já temos uma resposta. - sorri triste.
- Sinto muito. Espero que as coisas se resolvam.
- Eu vou lá pra isso, Lola.
Ouvimos alguém chamando por ela e ela respondeu algo em português.
- Minha irmã ou minha mãe... - ela voltou a falar em inglês.
A conversa paralela continuou e Tay reconheceu a voz:
- É a cunhada? - ele perguntou.
- Sim.... - ela respondeu, meio incomodada com a presença da irmã.
- Deixa ela vir! - falei, pq eu queria mudar de assunto.
- Se vc diz... - ela deu de ombros e outra conversa em português se seguiu.
E então a irmã dela apareceu sem graça em frente da câmera e acenou.
Acenamos de volta e vesti "minha cara de artista em entrevista". Eu não quero que mais pessoas vejam minha fossa. E eu espero resolver isso essa noite.
- Hi - ela falou meio engasgada.
- Hello! Bom te ver! Como estão as coisas por aí?
- Well... ok... I guess...
E vendo ela sem graça, quase engasgando, ri de verdade:
- Seu inglês continua péssimo.
- Eu sei! Eu não falo, só entendo e isso já está ótimo pra mim. Sou melhor com números. Números são universais. - dava pra perceber q ela tinha ensaiado essa desculpa muitas e muitas vezes, pq apesar do sotaque, a pronuncia foi clara.
- Não se vc pensar no Japão. - respondi me divertindo, pq eu tb sou ruim com gramática, ainda mais em outra língua.
- Esqueça o Japão! Só vim dar um oi pro Taylor. - ela mostrou a língua e saiu.
- Todo mundo nessa família é assim? - perguntei me lembrando de qnd encontramos a Lola pela primeira vez.
- Absolutamente! É genético! - Ela respondeu.
- Ela é um barato! Só assim msm pra eu rir. Duas Lolas!
- Não se iluda. Somos bem diferentes uma da outra.
- Não parece....
- Se vc conviver com a gente vc vai ver. Muitos pontos em comum e outros tantos opostos.
- Tipo eu e meus irmãos.
- Exato!
- Legal! - outro suspiro - Foi bom ver vcs, mas tenho que ir. Meu táxi já deve estar me esperando daqui a pouco e eu ainda tenho que avisar o papai. Me deseje sorte.
- Boa sorte, Zac. Lembre que vc é meu Hanson favorito e eu sempre vou querer o seu melhor.
- Valeu, tampinha. Valeu mesmo. - foi como se ela tivesse me dado um abraço.
- Bro, boa viagem e se cuida. - Tay me abraçou.
- Valeu, Tay. Espero resolver isso hj.
- Vc vai. E relaxa, amanhã ainda é nossa folga. Eu converso com o pessoal.
- Valeu mesmo. - falei saindo.
Eu queria tanto que fosse diferente... mas eu vou para Georgia resolver isso.
Voltando pro quarto, nas minhas coisas, encontrei um rascunho de canção, com a letra do Ike. A canção se chama: Make Believe.
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Save Me From Myself (COMPLETA)
FanficKate, meu amor, era um buraco negro drenando nossa paz e eu estava tão cego... Acho importante dizer que essa não é uma história de amor. Eu sou Zac Hanson e essa é a história de como eu fui salvo de mim mesmo.