No dia seguinte, queria ir pro Tay, mas dei dois dias de descanso para Lola por insistência do Ike.
Eu queria mesmo era ficar com aquela coisa miúda no colo o dia todo. Todo bebê parecia igual pra mim, isso até a minha sobrinha nascer. Ela é a coisa mais fofa do universo e até os arrotinhos dela são fofos. Apenas as fraldas continuam iguais à toda fralda: nojentas.
No terceiro dia eu já não me aguentava mais.
Saí do meu quarto determinado a pegar minha sobrinha no colo.
Quando cheguei à sala, Ike já estava sentado no sofá.
- Ike?
- Hum? - ele se virou, ainda sonolento.
- Oq vamos fazer hoje?
- Acabamos de acordar, então suponho que vamos tomar café.
- Café é ótimo, mas não vamos fazer nada?
- Quer agendar alguma reunião?
- Não, Ike! Quero ver minha sobrinha! Já vai fazer mais de 48 horas que eu não pego ela no colo!
- Meu Deus, Zac! Ela é filha do Tay e não sua!
- Mas ela é minha sobrinha! Como ela vai me reconhecer se eu não for um tio presente?!
- Zac, escuta - ele suspirou - nessa idade bebês não reconhecem ninguém. Ela se quer enxerga direito.
- Ike, não subestime minha sobrinha.
- NOSSA Sobrinha, Zac. NOSSA. E eu tb a amo muito, mas ela é um bebê e nesse momento deve estar mamando, dormindo ou chorando, como qq outro bebê da idade dela.
- Então! Eu poderia estar ajudando!
- Trocando as fraldas?
- Pula essa parte.
- Amamentando? - ele gargalhou.
- Ike?
- Oq?
- Vá pro inferno! - falei me jogando no sofá ao lado dele, frustrado.
- Zac, pelo menos tome um banho e o café, sim?
- É isso mesmo que eu vou fazer! - falei me levantando e indo pro banheiro.
Tirei a roupa e arrumei a temperatura da água. Fiquei lá até meus dedos enrugarem. A verdade é que eu estava com preguiça de sair, mas eu não poderia morar no chuveiro. Não com o meu estômago roncando como ele fez agora, então fechei o chuveiro, me sequei e me troquei devagar. Não tenho pq ter pressa.
Saí do banheiro e Ike ainda estava no sofá. Pelo modo como ele sorria ao digitar rapidamente as teclas do celular, é claro que ele estava trocando mensagens de amor com a Nikki.
Bufei, pq no fundo eu senti uma ponta de inveja: um irmão acaba de ser pai e o outro vai se casar no verão, enquanto eu estou em um relacionamento à distância. Não que o problema seja a Esther. Ela é maravilhosa! Mas é justamente isso que me perturba: uma garota fantástica dessas e ela mora à um oceano de distância! Não fosse as reuniões da 3CG, eu com certeza teria feito as malas e ido para o Brasil dar uns beijos selvagens naquela boca!
Sentimentos contraditórios aconteceram por causa desse raciocínio: meu coração se partiu, mas meu pau acordou.
Me virei de costas para o Ike, mesmo sabendo que ele não desgrudaria os olhos do celular, a menos que um meteoro caísse no sofá, bem ao lado dele.
Respirei fundo e pensei no meu café da manhã. Eu não posso continuar carente desse jeito. Então o melhor a fazer é se concentrar em comida.
- Ike, vou sair pra comer. - falei passando por ele.
- Ok. - ele respondeu sem tirar os olhos do celular.
- Quer alguma coisa da padaria?
- Ok.
- Vou pegar um foguete para marte.
- Certo.
Eu mostrei o dedo do meio, mas óbvio que ele não viu. Peguei meu celular e a carteira e desci até a garagem. Dessa vez eu vou de bicicleta, assim eu faço um exercício e ocupo a mente.
Entrei na padaria e comi pão com ovos mexidos com salsicha e um suco de laranja. Senti saudade do suco do Brasil. Com certeza é muito melhor que o nosso.
Fui acertar minha conta qnd achei que estava tendo uma alucinação: vi Kate passar pela vitrine, do lado de fora da padaria. Só pode ser alucinação... eu estou em Tulsa e ela na Georgia. Com esse tempo frio, qq garota de cabelos escuros e um casaco grosso poderia se parecer com ela...
Paguei a conta rapidamente e corri para a frente da padaria. Meu coração estava disparado e minha boca seca. A garota estava já próxima da esquina e entrou na farmácia.
Eu sou um idiota, pq eu deveria ter feito o caminho contrário, mas segui os passos do meu fantasma e entrei na farmácia. Trombei com ela ao fazer rapidamente a curva em um dos corredores.
- Kate...
- Zac...
Eu segurava os braços dela e ela fazia o mesmo. Nossos corpos tinham se chocado e essa é uma reação natural.
- Oq vc faz por aqui?
- Vim comprar analgésicos. - ela levantou a caixinha de remédio como prova de que não estava mentindo - E vc?
- Eu... - *eu vim seguindo seu rastro, Deus sabe pq* - eu... só estava de passagem.
- Em uma farmácia?
*Droga!*
- Na verdade, vim me pesar.
- Hmm... desde qnd vc tem preocupação com seu peso? - ela me encarou com desconfiança. Fiquei anos com ela e ela me conhece bem o suficiente pra saber que eu estou mentindo.
- Comecei fazer exercícios. Minha bicicleta está estacionada na padaria.
- Entendi. Isso explica pq vc está suado e sem um casaco.
- Ermm... pois é... Vou indo.
- Ok...
Saí meio sem rumo porta afora e o vento gelado que bateu no meu rosto me fez me sentir ainda mais miserável, pq além de tudo, eu tinha deixado meu casaco na padaria. Apertei o passo e estava quase de volta à minha bike qnd alguém agarrou minha blusa. Eu sabia que era ela. Eu tive medo. Me virei lentamente e rezei para não chorar.
Ela me olhou no fundo dos olhos e não disse nada. Ela me abraçou forte e se aninhou no meu ombro, como costumava fazer qnd a gente se reencontrava. Eu fiquei imóvel. Nem se eu quisesse eu conseguiria me mexer. Eu tremia e não era frio.
Então ela me soltou e me beijou. Meu corpo reagiu primeiro que meu raciocínio e eu retribui.
Flashs de nós dois se passaram pela minha mente e então eu me lembrei do dia em que nos separamos e de como eu fiquei. Me lembrei do soco do Taylor e da Esther e só então consegui me afastar.
- Kate. Isso é muito errado. - falei limpando a boca - vc não deveria ter vindo pra Tulsa.
- Eu não vim por vc, Zac. Vim visitar meus amigos. Vc que foi atrás de mim na farmácia, pq vc ainda me deseja, não é msm? - ela cravou a faca no meu peito. *será que é verdade?*
- Foi uma coincidência e espero que não se repita. - tentei ser firme.
- Isso não depende só de mim. - ela respondeu sorrindo e me dando as costas.
Fiquei parado olhando ela virar a esquina e qnd ela desapareceu da minha vista, senti que eu ia desmaiar. Virei o primeiro beco, me apoiando na parede e vomitei todo meu café da manhã.
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Save Me From Myself (COMPLETA)
ФанфикKate, meu amor, era um buraco negro drenando nossa paz e eu estava tão cego... Acho importante dizer que essa não é uma história de amor. Eu sou Zac Hanson e essa é a história de como eu fui salvo de mim mesmo.