Viajar de ônibus é bem melhor do que pegar avião, mas só dá pra fazer isso em curtas distâncias, como agora. Nosso ônibus é bem equipado com tudo que precisamos para a viagem ser confortável e divertida: cama, comida e bebida, podemos conversar à vontade e ainda temos meu vídeo-game.
Apesar de tudo isso, não dormi bem essa noite e quando chegamos ao hotel, deixei que Ike e Taylor fossem falar com as fãs na porta. Segui direto pro quarto, com a desculpa de que iria acompanhar a Lola, mas a verdade é que tive medo de ver a Kate ali, na porta do hotel, misturada às fãs. Kate é minha assombração, como qnd vc é criança e sai da sua cama para buscar água e tem a impressão de que vai trombar com uma alma penada em um canto escuro qualquer da casa.
- Zac?
- Oi.
- Pq vc não vai falar com as fãs? Não precisa se incomodar comigo. - Lola falou qnd entrei no elevador com ela.
- Não é isso... - *Merda, eu nunca consigo mentir para ela.*
- Então...?
- Kate.
- Aquela vaca está lá fora?! Vc viu ela?! - ela falou com raiva e eu achei que ela ia sair e ir lá tirar satisfação.
- Calma. Não vi. Mas não quero arriscar.
- Entendi... é provável que ela tente fazer alguma coisa. Ainda mais estando tão perto dela. - ela magicamente voltou à calma de sempre.
- Pior... ela sabe meu quarto, sabe tudo!
- Avise na portaria que ninguém está autorizado à subir no andar. Ninguém. Não importa quem seja, sem falar comigo ou com a Bex. Duvido que ela vai querer falar com uma de nós.
- Boa. Vou fazer isso assim que entrar.
Seguimos pelo corredor e me despedi dela qnd ela parou no quarto dela e do Tay.
Fechei a porta do meu quarto e meu coração está disparado.
Ao mesmo tempo que eu tenho medo de ver a Kate, eu tenho uma vontade imensa de sentir ela de novo.
Sentei na beirada da cama e encarei o telefone. Eu quero que ele toque e que seja a Kate. No fundo, eu quero que ela invada meu quarto e que façamos amor, mas eu sei das consequências disso. Eu sei que o chão se abriria e me engoliria vivo assim que o tesão passasse. Então eu fiz oq era certo: liguei na portaria e pedi para que não liberassem a entrada de ninguém exceto a da banda. O andar já era mesmo nosso e cada um tinha seu cartão.
Qnd eu desliguei o telefone, senti um vazio colossal dentro de mim. Chorei. Kate... Kate... Kate... qnd vai parar de doer?!
Tirei o telefone da tomada antes que ele tocasse, pq eu sei, ele ia tocar como todas as vezes e eu ia atender, mesmo sabendo que é a Kate, só pra ouvir a voz dela e desligar em seguida. Era minha pqna dose diária dela. Mas hj, com ela tão perto de mim, eu tive medo de atender. Tive medo de não ter coragem de desligar e ao invés disso, chamar ela de volta pra minha vida.
Eu estou com medo de mim. Nunca estive tão confuso em toda a minha vida!
Meus olhos ardiam com o sal das lágrimas. Eu preciso de um banho, pois logo alguém vai me procurar para o almoço e em seguida, precisaremos sair para o show.
Mais uma vez eu teria que sair do meu casulo e enfrentar os rostos na multidão, esperando e rezando contraditoriamente, ora para não ver o rosto da Kate, ora para vê-lo. *Deus tenha piedade da minha alma.*
Respirei fundo e tirei a roupa, mas dessa vez eu preciso de água quente. Aqui está frio demais pra água gelada, à menos que eu queira virar um picolé e td que eu não preciso agora é uma voz rouca no dia do último show.
Entrei no chuveiro e fiquei lá, deixando a água quente me aninhar. Por um momento eu não ouvi meu barulho interno. Eu só ouvi o barulho da água caindo no chão e isso foi maravilhoso. Era o som da paz, mas eu não posso ficar aqui pra sempre, então me lavei e me enrolei no roupão. Eu já estava enrugado e o banheiro já parecia uma sauna. Sentei na cama e recoloquei o telefone na tomada. O encarei e rezei. Rezei para Deus me dar um sinal. Mas ele não tocou e eu não aceitei isso como um não. Isso tinha que ser um talvez.
- Vc não vai me salvar? - perguntei pra sei lá quem e como ninguém respondeu, me joguei de costas na cama e encarei o teto.
Meu celular tocou e meu coração deu um salto no peito, mas ao ver o nome do Ike no visor, me lembrei que Kate não tem esse número e me senti ridículo por esperar que fosse ela.
- Fala, Ike.
- Não vi vc desde que descemos do ônibus. Vc vai almoçar com a gente?
- Vou. Vou... onde vcs estão?
- No quarto do Taylor.
- Tá td mundo aí?
- Não. Bex e Dimi vão comer lá no restaurante e Tay vai comer aqui por causa da Lola. Vc quer que eu veja se podemos comer com os caras?
- Não... Não precisa. Eu só não estou com humor pra conversa, então prefiro ficar só com vcs msm.
- Eu espero que vc consiga ficar bem. - ele falou com a voz sincera e pesada.
- Eu vou dar o meu melhor, Ike. Prometo.
- Bem.... esperamos vc no horário de sempre. Se quiser mudar os planos, me liga.
- Valeu, Ike.
Desliguei o telefone e me troquei. Joguei um pouco no meu Game Boy até a hora de ir me encontrar com minha família. Perdi todas as corridas. Nunca fui tão ruim em Mário Kart.
Olhei pra o telefone e pedi uma segunda chance, mas ele não tocou.
Kate está sendo mais cruel do que eu poderia imaginar. Ela está me ignorando no território dela.
Fui pro quarto do Tay, pq lá pelo menos eu posso me distrair um pouco e perturbar minha cunhada. Eu não devo encarar o telefone assim, esperando uma migalha de atenção. Não é saudável.
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Save Me From Myself (COMPLETA)
FanficKate, meu amor, era um buraco negro drenando nossa paz e eu estava tão cego... Acho importante dizer que essa não é uma história de amor. Eu sou Zac Hanson e essa é a história de como eu fui salvo de mim mesmo.