~Conheça a Penny

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- A enfermeira disse que Lola acabou de subir para o centro cirúrgico, então talvez demore um pouco. Vamos ter que aguardar. - mamãe falou qnd voltou.
- Mas e o Tay? - perguntei.
- Está com ela. Ele vai assistir o parto.
- Corajoso.
- Espero que ele seja forte. O parto é um momento lindo, mas com cenas bem fortes... - papai falou.
- Eu quase quebrei os dedos do seu pai e ofendi metade da equipe médica... - mamãe sorriu, perdida nas próprias memórias.
- Sério isso?! - falei rindo, pq não imagino minha mãe ofendendo ninguém. Ainda mais a equipe do hospital.
- Filho, vc não faz ideia! - ela riu.
Olhei para o meu pai e ele concordou:
- Se eu consigo segurar uma caneta hoje, foi após anos de fisioterapia... - ele falou, tirando sarro.
- Exagerado! - mamãe riu e entrelaçou os dedos com os dele.
- Mas sério. Tay vai ficar sem tocar piano por uns dias... - agora ele falou sério.
- A coisa é mesmo séria. - Ike me olhou.
- Todo meu apoio pra ele nesse momento.
- Bom, vamos sair do caminho. - mamãe nos guiou com todos os balões e flores pela recepção do hospital até a recepção da maternidade. Lá tem um vidro onde conseguimos ver as crianças que nascem. Havia 2 bebês do outro lado. A plaquinha no berço nos indicava que nenhum deles era o nosso bebê.
Os parentes desses bebês iam e vinham falando sobre como eles são lindos e como parecem fulano ou bertrano, com o nariz da vovó...
As crianças estavam decepcionadas pq elas não tinham um bebê pra elas, mas ver o bebê alheio deixou elas distraídas por um tempo e inventamos um jogo: Como será Penny Hanson?
- Vestida de princesa
- Pqna
- Olhos grandes
- Americana
- Loira
- Chorona
(...) e assim foi. A lista de adjetivos foi crescendo. Depois, brincamos sobre que conselhos eles dariam à Penny e as respostas foram as mais variadas:
- Obedeça seus pais.
- Estude bastante.
- Não faça tatuagens e nem fume.
- Seja linda.
Assim o tempo passando.
No fim, Mac dormiu no sofá e Zoe no colo do Ike. Eu fui buscar café para meus pais com as meninas. Elas compraram chocolates.
Voltamos para a sala de espera e entreguei o café deles.
Eu já tinha roído todos os dedos, então resolvi perguntar:
- Mãe? É normal demorar assim ou tem coisa errada?
Todos olharam para minha mãe com atenção, esperando a melhor resposta.
- Às vezes demora... o da Zoe foi bem sofrido...
- É. Eu me lembro que ela precisou ficar uns dias aqui no hospital... - falei me lembrando do qnt Zoe nasceu pqna.
- Então, filho... cada parto é único. Não tem como prever. Td que podemos fazer é orar para que ela tenha uma boa hora.
Assenti e fiz a minha prece. Pedi forças para Deus e pedi que os três saiam felizes.
Mais um tempo se passou quando Tay abriu a porta vai e vem que dá acesso restrito à maternidade. Ele ainda vestia o jaleco azul e a mascara cirúrgica estava pendurada no pescoço dele. Estava suado e descabelado, como se tivesse acabado de sair do palco.
Nos levantamos e choramos. Eu não sei pq. Antes dele dizer qualquer coisa, antes de nos abraçamos e comemorarmos o nascimento da minha sobrinha, todos nós choramos.
Talvez fossem os olhos azuis marejados do meu irmão. Ele estava meio em transe, cansado, feliz. O rosto dele irradiava alegria. Era um olhar parecido com o dia do casamento dele porém, com algo mais profundo e menos romântico.
- Ela nasceu. Penny nasceu... oh Deus! Ela é linda! - ele falou e a voz embargou.
Nós o abraçamos e demos os parabéns. Todos estávamos chorando de novo, com exceção de Mac e Zoe, que continuavam dormindo. Avie chegou até a soluçar. Ela sempre foi assim.
- Parabéns, filho. Deus te dê saúde e sabedoria para cuidar delas agora. - papai falou dando tapinhas nas costas dele.
Eu ainda estava meio passado. Não sei se é normal, mas senti vontade de abraçar alguém... eu queria que Esther estivesse aqui.
Taylor pediu licença e tirou o celular do bolso, discando para a sogra dele. Júlia atendeu, mas Tay quase não conseguiu falar nada, pois voltou à chorar. *Espero que aquela tonta tenha entendido o recado.*
Ainda estávamos em transe quando ouvimos batidas do lado de lá do vidro. Quando olhamos, uma enfermeira segurava um pacotinho cor de rosa e acenava pra nós.
As meninas soltaram gritinhos abafados e colaram no vidro. Mamãe e papai estavam segurando um ao outro, com as mãos na boca e os olhos marejados.
Acordei o Mac e o levei para ver a sobrinha de perto. O comentário foi:
- Avie tem razão. Ela tem olhos grandes.
Eu ri para disfarçar as lagrimas. Apesar de serem azuis, Penny tem os olhos grandes da mãe e um cabelo loiro, cor de ouro. Ruivo, talvez.
A boca rosa mastigava ferozmente o nada. Ela ainda está meio inchada e o nariz parece uma batatinha. Ela é linda.
Apertei Mac até ele soltar um pqno gemido.
A enfermeira colocou ela no berço e saiu. Nós continuamos lá olhando aquela coisinha pqna e maravilhosa. Deus é realmente perfeito.
- Tay... ela é... perfeita. - falei abraçando ele de lado, sem tirar os olhos da minha sobrinha.
- É... ela é. - ele concordou sorrindo, sem nenhuma modéstia.
- E a Lola? Como está?
- Está bem, Zac. Ela foi ótima. Juro que no lugar dela eu não teria conseguido.
- Que bom. Compramos balões! - apontei para os balões amarrados na cadeira.
- Ela vai ficar feliz. - ele sorriu.
- Tay, seria bom vc voltar e tirar essa roupa. Ela com certeza quer você por perto - mamãe falou - e já está tarde. É hora de voltarmos pra casa.
- Tem razão... vou levar os balões e as flores. - ele falou recolhendo tudo - eu aviso q vcs vieram. Muito obrigado.
- Por nada. Nos ligue se precisar.
- Passem em casa.
- Nós vamos, com certeza. - Ike falou.
- Obrigado mesmo.
Tay nos abraçou e voltou para a área restrita. Não antes de olhar a Penny mais uma vez.
Nós fizemos o mesmo: demos uma última boa olhada nela antes de sairmos.
- Meninos, se quiserem dormir em casa, fiquem à vontade. - papai avisou.
- Eu aceito. - Ike falou.
- Errrmmm... eu prefiro ir pra casa... - falei, pq eu não quero dormir na sala.
- Sem problemas, filho. - mamãe falou - Vc volta com a gente, pega sua pick-up e o Ike fica. Amanhã qnd formos visitar a Penny, levamos ele.
- Perfeito! Vc não fica chateada?
- De maneira alguma, filho! Nos vemos amanhã.
- Valeu, mãe.
Seguimos de volta pra casa e eu não conseguia tirar a imagem da minha sobrinha da cabeça. Comecei a cantarolar:
"Deep blue eyes, golden hair.
You are so beautiful people will swear...".

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora