~Novo em folha? Quem dera! ~

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Acordei com meu despertador tocando e Ike chamando:
- Levanta, Zac!
Resmunguei e olhei pra cama ao lado. Ike ainda estava deitado.
- Pq vc não segue seus próprios conselhos? - falei desligando o celular.
- Pq vc demora pra levantar. Eu não. - ele falou, ainda de olhos fechados.
Resmunguei de novo pq ele está certo. Ike atrasa, mas levanta ao primeiro toque do celular, já eu... sou inútil de manhã.
Me arrastei até o banheiro e lavei o rosto. Pensei e liguei o chuveiro na água fria. É melhor. E funciona. Arrepiei e senti o sono sair junto com a água pelo ralo.
Me sequei e sai. Ike ainda estava deitado.
- Ike? Não vai levantar?
- Estava esperando vc sair do banheiro. - ele falou se sentando na cama e espreguiçando.
- Tá livre.
Ele não respondeu. Só seguiu para o banheiro e eu fui me trocar.
Depois que abrimos nossa gravadora e Bex entrou em nossas vidas, ganhamos um "personal style" que nos ajudou a transmitir nossas personalidades no nosso visual. Funcionou. Agora temos uma identidade visual distinta, porém organizada.
Hoje vamos falar sobre o selo novo na entrevista e estamos orgulhosos sobre isso.
Ike saiu do banheiro e foi se trocar. Eu já estava pronto. O meu visual é o mais despojado e simples. O do Ike envolve uma camisa e gravata, mas ele já está profissional em dar nós e enfiar a camisa dentro das calças.
Fiquei esperando ele se arrumar qnd alguém bateu na porta.
- Deixa que eu vou. - falei me levantando qnd Ike me olhou.
Era Bex:
- Já está pronto, Garfield?! Que milagre!
- Qual é, Bex!
- Lola precisa me ensinar a fórmula.
- Será que é a Lola? - Ike insinuando qq coisa.
- Ike... vc quer fazer o favor de calar a boca? - falei olhando feio pra ele.
- hmmmm... tem algo que eu deva saber? - Bex me olhou de lado.
- Que o Ike é um inconveniente? Isso já sabemos, Bex.
Ike e ela gargalharam.
- Ok. Só vim ver se já estavam prontos.
- Tay já desceu?
- Não. Mas já deve estar quase. Vcs conhecem.
- Sempre em ponto... - falei.
- Mesmo tendo mais acessórios para colocar. Vai entender... - ela deu de ombros. - vou ver a van e aguardo vcs lá em baixo. Vamos sair pela frente. Vcs estão oficialmente no Brasil à partir de agora.
- Valeu pelo lembrete. - falei me apoiando no batente da porta, enquanto ela acenou, já de costas, no corredor.
- E aí? Pronto para encarar a multidão? - Ike me perguntou.
- E tem outra forma? 
- Ônus do ofício. - ele deu de ombros e passou por mim. - Becca já foi? - ele olhou os dois lados do corredor.
- Sim. Já passou pelo Tay e foi verificar a van.
- Tay já desceu?
E como se ele ouvisse a pergunta, apareceu no corredor e fechou a porta do quarto.
- Respondido? - falei apontando o Tay.
- Claro e evidente, Sr.
- Bom dia! Já tomaram café? - Tay se aproximou.
- Não. Mas acho que não vai rolar. Becca já foi buscar a van e hj vamos passar pelas fãs.
- Puts! Verdade.
Descemos e Bex já estava nos esperando:
- Eu sei, vcs não tomaram café. Pegamos algo no caminho.
- Meu pai não vem? - Ike perguntou.
- Não. Vai ficar com sua mãe e as crianças. - Bex já nos empurrava em direção às fãs. Ela é quase como um cão pastor nessas horas: evita que a gente empaque e nos protege de aproximações exageradas.
Quando a porta da frente do hotel se abriu, aquele estrondo dos gritos invadiram nossos ouvidos. Eram poucas meninas, mas gritavam bem. Paramos para os autógrafos e fotos. Bex esperou paciente e só não deixou que nos atacassem. Abraços são íntimos demais para qq americano e Bex se sente pessoalmente invadida com a proximidade exagerada das fãs.
Alguém apertou a minha bunda e Bex me puxou de volta.
Garotas, nós sabemos que vcs nos conhecem e nos amam desde 1997... nós amamos muito vcs e admiramos sua dedicação, mas entendam: vcs são pessoas completamente estranhas pra nós. Até reconhecemos algumas de vcs, mas não... não somos amigos. Então evitem o desgaste: não temos intimidade alguma. Ike e Tay estão fora do mercado e eu... bem... digamos que estou em manutenção e um apertão na bunda não é como os relacionamentos saudáveis se iniciam.
- Perto demais, garoto! - ela me repreendeu.
- Foi mal, Bex. Me distraí.
- Abre o olho! Se te puxam pro meio da rodinha, eu não vou me meter e vc será devorado antes dos seguranças te salvarem. - ela continuou me empurrando até a van.
- Que loucura! - Taylor suava.
- Apertaram minha bunda. - falei.
- Sério?! - Taylor se abanando.
- Sim... cheguei perto demais da grade. Bex me salvou antes que apertassem mais alguma coisa. Kate... - parei com o nome dela na boca e meus irmãos me encaravam, em pânico e um minuto de silêncio se seguiu.
- Vc dizia? - Taylor me olhava, mas engoliu um seco.
- Kate... ela teria dito que as fãs daqui são atrevidas demais. - falei e as palavras saíram rasgando minha garganta, como se fossem enormes bolas de espinho.
- Kate era possessiva. Só apertaram sua bunda pq vc deu bobeira. Fã louca tem no mundo todo, vc sabe. - Tay me olhou.
- Jakarta. - Ike disse apenas.
- Jakarta... - concordei. Pq elas sim dão medo.
Seguimos em silêncio e estávamos colocando os microfones quando o celular do Tay vibrou bem nessa hora e ele não conseguiu atender. O celular parou e não voltou à tocar. Se fosse Kate me ligando, ele continuaria até que eu atendesse. Tudo que me veio à mente foi Kate tentando me ligar desesperadamente e o número caindo na caixa postal, já que meu antigo celular não existe mais. 
Queria que Lola atendesse ela um dia. Quem sabe ela teria palavras melhores do que as minhas. Mas Lola jamais ofenderia a Kate. Ela é discreta nesse sentido, mas fui muito burro em não notar o paralelo entre Kate, Natalie, Taylor, Lola e eu. Fui usado para tentar desmoronar o casamento do meu irmão e da minha melhor amiga. Que nojo! Nojo define. Mas eu seria hipócrita se dissesse que eu odeio a Kate. Eu estou dividido entre a razão e meu coração e essa guerra me dá altos e baixos durante todo o dia, dependendo de qual lado está ganhando. Estou determinado a seguir a razão, sempre. Foi assim que segui virgem até... bem... até há pouco tempo. Afinal, oportunidade para levar uma garota pra cama não me faltou. Cheguei a dar uns amassos mais quentes, nas qq corpo realmente nu, só com a Kate...
Taylor olhou o celular, que vibrava novamente. Torci para não ser Kate e nem Lola. Com a gestação tão avançada, minha sobrinha poderia querer se adiantar e nascer na terra natal da mãe. Ele apenas olhou o visor, mas não atendeu.
- Tudo bem? - foi tudo que consegui perguntar pro Tay antes da contagem regressiva e ele me respondeu que sim, com um aceno de cabeça e eu não soube quem era. Bem... isso tb não é da minha conta.
Durante a entrevista fomos informados que estamos no top 10 da Billboard como artistas independentes. Finalmente eu tremi, mas de alegria.
As entrevistas seguiriam loucas o dia todo e quase não tivemos tempo para o almoço. O café da manhã não foi possível e eu fiquei mal humorado.
- Zac, desamarra essa tromba. - Tay falou qnd sentou de frente para mim na van.
- Sai fora, Tay. To com fome.
- Já vamos comer.
- Até lá, me esquece.
- Tem certeza que é só fome?
- Oq mais seria?
- Kate? Esther? ... quem sabe?
- Eu sei. E não coloque as duas lado a lado. Uma não tem nada a ver com a outra. NADA!
- Hmm não está mais aqui quem falou.
- Vc não falou mais com ela depois de tudo? - Ike me perguntou.
- Liguei, mas quem atendeu foi o pai dela. Ele só disse que ia falar com a esposa e depois Lola confirmou que deu certo.
- De quem estamos falando? - Tay perguntou.
E Ike e eu respondemos juntos, porém com respostas diferentes:
- Esther. - eu
- Kate. - Ike.
Taylor me olhou com aquela cara de quem imagina que sabe tudo, ensinando qq coisa.
- Se vc falar qq coisa, juro que faço vc engolir meu sapato. - encarei ele.
- Não falei nada. - ele deu de ombros e recostou no banco.
- E nem precisa. - falei fechando a cara.
Qnd as pessoas vão parar de formar casais com tudo?! Ela é minha amiga. Só.
Eu conversei pouco com a Esther, mas admito que senti um vínculo enigmático com ela assim que nos encontramos. Mas Kate... sempre Kate... Kate ainda pulsa dentro do meu peito. Eu queria arrancar ela de lá e dar espaço para as outras fãs. Queria pegar geral, mas não consegui: Kate chorando ou Esther gargalhando. Essas duas visões, dessas duas garotas tão distintas, me impediam de voltar ao Zac Hanson de antes.  
Passamos num drive, pq não ia dar tempo de parar para comer. Vamos comer no caminho para a próxima entrevista.
Pra minha sorte, a agenda continua lotada, oq me deixa com pouco tempo para lamentar.
Pegamos hambúrgueres no MC Donald's e descontei toda minha bagunça comendo 2 lanches com batata e refri.
Próxima entrevista e eu quase não participei. Eu não estava a fim e eu não sei mentir. Ia acabar sendo sarcástico ou palhaço em excesso, então foi melhor ficar quieto do que falar besteira.
Quando tudo acabou e eu voltei para o quarto, tomei um banho e me troquei para ir jantar com minha família. Temos que dormir cedo. Amanhã será o grande dia.

Música que tocava na minha cabeça:

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora