~Vovó pra todos

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Subimos alguns quarteirões e eu me pergunto pra onde foram todas as minhas palavras e minha determinação.
Meu coração está tão disparado que eu consigo ouvir o sangue correndo nos meus tímpanos. Minha boca secou, não sei se pelo calor ou pelo nervoso.
Paramos em frente uma casa de portão baixo, com um fusca na garagem e um pqno jardim.
- JÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚLIA! - Esther gritou e quase morri do coração. Estava perdido nos meus pensamentos e o grito me assustou, de verdade.
- Pq vc fez isso?!
- Ué! Alguém precisa vir abri o portão! - Esther me encarou como se fosse óbvio. 
Júlia apareceu na porta e a boca dela abriu num "O" silencioso e ela apontou pra mim. Parecia aquelas fãs que paralisam, mas era só a Júlia sendo ela mesma.
- Oi... - falei ainda mais sem graça. Talvez eu seja mesmo um inconveniente.
Esther falou qq coisa para Júlia, que abriu o portão e nos deixou passar.
Eu fiquei estacado e então Esther pegou minha mão e me puxou para dentro, como uma mãe faz com uma criança:
- Entra, Zac!
Passamos pela sala e dava pra ouvir a conversa animada. Segui ela pelo corredor até a cozinha. Esther não soltou a minha mão e eu queria pedir pra ela nunca soltar minha mão.
Ela riu qnd paramos no degrau q separa a cozinha do restante da casa. Júlia estava logo atrás de mim.
- Zac! - todos, menos a tia e a avó gritaram ao me ver.
A tia, olhou de mim pra mãe da Lola e parecia não acreditar que eu estava ali. Quase aqueles programas onde o apresentador bate na casa do infeliz pra dizer que ele ganhou qq coisa e muitas câmeras filmam a cara de surpresa da pessoa "sortuda" em ângulos cinematográficos.
D. Angelina pareceu concordar com ela e não tirou os olhos de mim. Vovó tb se manifestou e tenho quase certeza que ouvi meu nome, mas ela não pareceu tão admirada quando as outras duas.
Esther me soltou e foi cozinha à dentro, me deixando estacado, novamente. Ela puxou uma cadeira e se sentou, enfiando algo que parece um amendoim com casca e tudo,  gigante e branco, na boca.
- Senta, Zac. - ela me chamou.
Dei uma encarada em cada um e acenei, tentando sorrir e tudo que eu consegui dizer foi um:
- Hello!
Tay me fuzilou com um olhar de arrepiar a espinha, então eu continuei parado, quase dando meia volta e me desculpando.
- Senta, Zac! - Esther puxou a cadeira ao lado dela.
Ok... eu não poderia ir embora agora, então estendi a mão, cumprimentando todo mundo e sentei ao lado da Esther.
Vovó estendeu um pote de bolinhos e eu peguei um. Eles cheiram canela, mas não se parecem com nada que eu já tivesse comido. Bolinhas, formatos estranhos...
- Tks! - levantei o bolinho e analisei antes de morder. Eu não sabia nem como comer.
- Isso a gente enfia tudo na boca, assim! - Esther falou em inglês, levantando o bolinho (de formato estranho) e depois enfiando ele inteiro na boca.
Eu me senti aliviado. Esther entendeu oq eu não disse!
Sorri e enfiei o resto do bolinho mordido na boca. Está muito gostoso e lembra a bolinha que tiramos do donuts.
Também peguei o tal amendoim. Não é de amendoim... (oq é bem frustrante) na verdade, não tem gosto de absolutamente nada. É como um Cheetos que esqueceram de colocar sabor... mas é estranhamente viciante.
Ninguém questionou o pq de eu ter chego assim, sem avisar. Bom, pelo menos não pra mim, mas eu vi que corria uma troca de olhares questionadores, que eu ignorei. Vovó parecia satisfeita sempre que eu colocava qq coisa na boca e bebia o café. Sim... eu bebi café. Estava nervoso demais pra recusar. E eu não odeeeeeio café... apenas não gosto, pq o sabor não é dos melhores e tenho um pouco de tremedeira... Cafeína me deixa agitado.
Eu estava certo em vir aqui. A família dela é tão hospitaleira quanto eu me lembrava.
Lola e a família conversavam sem parar e Tay e eu participamos pouco. Era um momento delas. E quando elas pareceram conversar tudo oq tinham pra conversar, vi a movimentação que indicava uma despedida: Lola e Júlia se levantaram e o restante fez o mesmo.
Coloquei minha xícara na pia enquanto Lola abraçava e beijava a vovó.
E quando ela foi se despedir da tia, achei que ela fosse chorar novamente. Os olhos estavam brilhando e o queixo tremia.
- Here we go around again... - Cantarolei olhando pra ela.
- Quieto, Zac! - ela falou fingindo estar brava, mas estava rindo, enquanto as lágrimas finalmente escorreram pelas bochechas dela . Tomei uma sacudida da Esther. *E gostei*.
- Posso tirar uma foto? - Tay perguntou, sacando uma câmera portátil do bolso.
- Desde quando vc tem uma câmera no bolso? - Lola estava surpresa, olhando para ele.
- Desde cedo... mas fiquei sem graça De pedir para fotografar...
- Eu registro! - Estendi a mão e Tay me entregou a cam.
Eles se juntaram e Esther foi pra trás das lentes, junto comigo.
Não sou tão bom nisso quanto o Tay, então fiz vários e vários cliques.
- Zac, tá fazendo stopmotion?! - Esther perguntou.
- Só estou me assegurando que as fotos fiquem boas!
Então me juntei à eles, estiquei o braço e me incluiu na foto. 
- Nice! - conclui satisfeito devolvendo a câmera do Tay.
- Vovó falou que ficou feliz em receber vocês. - Lola traduziu a fala da vovó.
- Obrigado pela recepção, estava tudo muito bom! - respondi.
- Comeu igual à um boi, ne? - Lola riu na minha cara.
- Comi demais! - admiti.
Lola traduziu e vovó pareceu satisfeita.
- "Vovó", posso te chamar assim, ne? - Tay falou sem graça e Lola, Esther e eu caímos na gargalhada, pq ela com certeza não entendeu oq ele tentou dizer e ele já estava antecipando a tradução.
Elas realmente riram qnd Lola traduziu, mas vovó é gente boa, pq liberou todo mundo para chamar ela de "vovó", inclusive eu.
- Sério?! Obrigado, vovó! - Levantei os braços e dei um abraço nela. Me senti à vontade para isso. Ela é uma senhorinha pqna e fofa. Parece um desenho animado.
Quando eu soltei, Lola e ela conversaram e Tay me encarou:
- Zac, ok. - oq era um "já deu".
Voltei a ficar quieto.
- Bem... - uma coçada na garganta - eu realmente gostaria de agradecer por tudo e por terem cuidado da Lola e da nossa filha. - ele continuou.
*Argh, Tay! Sempre tão certinho, mesmo em momentos assim..*
- Oooiwn - Lola se enroscou no braço dele e traduziu.
Vovó resmungou alguma coisa sobre minha sobrinha por nascer. E pela repetição dos nomes todos, era alguma coisa sobre o nome em si mais do que sobre a Penny, eu acho.
E em algum momento a conversa ficou engraçada e virou para o Tay, que boiava tanto qnt eu.
- Oq vcs estão falando de mim? - ele perguntou.
- Que eu quero que a Penny se pareça com vc. - Lola respondeu.
- Ela vai ser mais bonita se parecer a mãe... - ele respondeu.
- Ah, vá! - Lola se pendurou de novo nele enquanto traduziu.
Mais abraços e mais beijos e seguimos à pé de volta pra casa da mãe da Lola.
Lola pareceu meio cansada no meio do caminho e eu fiquei preocupado, mas pelo visto é costume delas irem e voltarem da vovó à pé e além do mais, Tay é o responsável por elas e não eu.

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora