Terminamos nosso café e voltamos para o nosso lego. Estávamos mergulhados em nossas memórias e Lola pareceu respeitar isso. Ela nos observava e o olhar dela era terno, como se ela estivesse sentindo nossas memórias passarem por nós. Minha cunhada sempre foi assim: participa e nos encoraja, mas acima de tudo, ela respeita o espaço de cada um e isso me faz a amar ainda mais. Ela não é grudenta e nem pede atenção fora de hora. Tay escolheu bem e eu espero que eu possa fazer por eles oq eles fazem por mim.
- Lola, tem certeza que não quer participar? - Chamei.
- Zac, dá uma olhada na minha pança. Se eu sentar aí no chão, vou precisar de um guindaste pra me tirar daí. Melhor não...
Eu ri e não respondi. Respeitei tb o espaço dela e voltei a me concentrar na montagem das pecinhas.
Tay a olhava e sorria de tempos em tempos e Ike também perguntou várias vezes se ela estava bem ou se queria alguma coisa. Ele insistiu demais e teve que rezar o mantra.
Faz parte da nossa vida cantar o tempo todo. Metade das nossas brincadeiras e zoações são com trechos ou paródias de músicas e algumas delas ficam interessantes e são anotadas. Mas não consideramos isso trabalho. Isso é diversão. Trabalho é quando estamos no estúdio e passamos horas com conversas tipo:
*memórias on*
- Eu acho que precisamos de menos guitarra aí. Mais baixo, sabe? - Tay falou.
- Não acho... eu acho que umas batidas mais fortes combinam melhor. - Ike.
- Sei lá... eu não consigo me decidir. - Zac.
- Tenta um pouco mais de Bum! sabe? aquele BUM! - Tay anotando.
- Não acho que vai ficar bom... - falei.
- Oq acha de cantar como lead? - Tay me perguntou.
- Sei lá... essa música não combina muito com meu vocal... pra mim, é uma música com a cara do Ike! - dei de ombros.
- Podemos tentar trocar algumas notas... - Ike falou.
- Troca D por F. - Tay continuou anotando.
- Tay está com aquela cara... - Falei pro Ike.
- Que cara? - Tay finalmente tirou os olhos do papel.
- Cara de: Oh dudde! Isso vai durar a vida toda e eu só queria ir pra casa! - Ike falou.
- Isso ae. - concordei.
- Acho que vou buscar um café.
- Traz um refri pra mim tb. - pedi.
- Quer um tb, Ike?
- Não. Estou tentando fazer a música parecer mais profunda e menos "crazy caffeine".
- Vc quem sabe.
*memórias off*
Sabe, escrever música nem sempre é tão orgânico quanto parece. Às vezes uma única música parece se dividir em duas e é complicado encontrar uma ponte que não force e que agrade 3 pessoas distintas e determinadas. Às vezes as discussões ficavam realmente sérias, às vezes as brincadeiras faziam a gente perder o foco.
Eu sorri pensando em como nós três somos tão diferentes e já tínhamos passado por tanta coisa juntos, um apoiando o outro, um salvando o outro, um completando o que faltava no outro e como tudo isso funciona muito bem no palco e fora dele.
Lola se levantou e começou a ir até a sacada e Tay mais que de pressa perguntou:
- Está tudo bem?
- Sim. Só preciso esticar as pernas. Não sei como vcs conseguem ficar aí sem se mexer por tanto tempo! - ela respondeu se alongando.
- Tb não sei! Acho que a hora passa qnd nos divertimos.
- Fato. - Ike concordou, se recostando e se apoiando nas mãos.
- Tá cansada? Se quiser ir, Tay, tranquilo. - eu olhei pra ele e depois olhei pra ela.
Eu sei que estava divertido, mas sei tb que ela está grávida e que meu irmão é um cara casado agora.
- Não... vou pegar um ar na sacada. Tá tranquilo. Não tenho nada pra fazer em casa mesmo. - ela falou indo até a porta e passando para a sacada. Taylor a acompanhou com os olhos, como se estivesse se certificando de que ela chegaria bem à sacada. Quando ela se apoiou no parapeito, ele continuou a montar as peças.
Nós tb continuamos montando o prato da bateria. Se Lola estivesse cansada, ela teria dito ou o rosto dela teria entregado qq coisa, mas ela parece calma e feliz ali.
Apesar disso, Tay começou a ficar inquieto e olhava pra ela à cada 1/2 minuto. Ele a ama mais do que a si mesmo.
- Tay, vai lá. - falei.
- Onde? - ele me olhou.
- Não se faça de desentendido. Eu termino aqui. Isso ainda vai levar tempo. Não vamos terminar hoje.
- Valeu. - ele falou se levantando.
- Não me vá rezar o mantra! - Sorri vendo meu irmão feliz ao caminhar ao encontro da Lola, que estava distraída olhando o sol se por. Ele passou, mas deixou a porta aberta e eu tb olhei o sol deixar o céu laranja.
É uma boa vista. Eu adoro isso e, vários dias, depois de brigar com a Kate, esse sol acalmou meu coração partido.
Continuei montando meu Lego e me virei para os dois qnd eles falaram algo alto o suficiente pra eu ouvir. Era algo sobre Esther.
- Que foi?
- Tá apaixonado? - Lola falou.
- Já falei que Esther e eu somos apenas amigos!
- Quem falou da Esther?
- Quem, então?!
- Sua bateria de lego! - ela riu.
- Idiota! - ri sem graça.
- Idiota nada! Vc nem pisca! Igualzinho qnd está com a Esther.
- Vá pro inferno, Lola!
- Só se vc me levar até lá. Morreremos lutando.
- Isso é um desafio?! - eu ri.
- Oq vc acha?! - ela levantou a sobrancelha me encarou.
- Hey! Não! - Tay cruzou os braços e nos encarou.
- Calma, Taytay! Eu respeito minha sobrinha. - Falei, pq sim, Tay é super protetor, mesmo eu estando obviamente brincando, ele partiu em defesa da esposa.
- Ah! Só ela?! - Lola me encarou, ainda na brincadeira.
- Claro! Eu te odeio.
- Ainda bem que é recíproco!
E nós dois rimos enquanto Tay e Ike se encaravam e negavam com a cabeça.
- Nossa, essa briga me deu fome! - falei me alongando.
- Estávamos justamente decidindo onde vamos jantar.
- Pq não pedimos alguma coisa?
- Oq?
- Sei lá... Pizza?
- Não é bom a Lola comer pizza a essa hora... - Tay falou.
- Naquele restaurante italiano que fomos aquela vez não tem pizza e massas? Eu posso comer uma massa e vcs comem a pizza. - ela sugeriu.
- Verdade! Feito! - Tay falou e deu um high five.
- Mas vc consegue sair? - Ike a olhou e achei que ele fosse rezar o mantra, mas ela deixou passar:
- Acho que sim... vou ficar praticamente sentada o tempo todo. - deu de ombros.
- Então nos vemos daqui a pouco. - Ike concordou.
- Até mais. - ela falou sorrindo enquanto saía de mãos dadas com o Tay.
Saímos, jantamos e tivemos mais bons momentos juntos.
Ah, como eu sentia falta disso! Como eu queria que Esther estivesse aqui! Ela com certeza se divertiria e riria das minhas piadas.
Eu dormi fácil e leve nessa noite, depois de muito tempo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Save Me From Myself (COMPLETA)
Fiksi PenggemarKate, meu amor, era um buraco negro drenando nossa paz e eu estava tão cego... Acho importante dizer que essa não é uma história de amor. Eu sou Zac Hanson e essa é a história de como eu fui salvo de mim mesmo.