~Seu gosto

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Seguimos juntos pelo elevador e as meninas estão animadas. Senti inveja: elas tinham curtido tudo e agora vão voltar pra casa, com o coração cheio de boas lembranças. Já eu? Eu ainda não sei oq esperar do meu coração.
Nos despedimos brevemente no corredor e qnd entrei no meu quarto, me joguei na cama e respirei fundo.
- Tudo bem aí, Zac? - Ike me olhava enquanto mexia no celular.
- Não sei. - respondi.
- Por causa da Esther ou da Kate?
- Por causa das duas... eu não sei oq fazer, Ike.
- Vc terminou com a Kate e Esther já te deu o fora, ou seja, siga a vida, bro.
- Fácil falar, Ike.
- Vc está mesmo de quatro pela Esther?
- Ike... vc sabe que eu sou meio inconsequente às vezes. Tudo é muito rápido e muito intenso... eu... eu só não sei.
- Sei... - ele falou e um silêncio se seguiu. Oq ele poderia falar? Não tem nada a dizer.
*Ok... Kate já era. Não tem volta e Esther não teve nem um começo.* Não gosto de pensar em Esther como uma ficada, pq não foi isso... eu senti o clima... não era só tesão (apesar de achar ela muito gostosa) eu senti uma conexão.... mas acho que vai ser isso. Uma noite, um beijo.
Estava perdido nesses pensamentos quando alguém bateu na porta. *Devem ser as meninas...*
- Eu abro. - falei pro Ike, que ainda digitava qq coisa no celular. Pelo sorriso bobo, ele está conversando com a Nikki.
Quando eu abri a porta, só posso dizer que perdi o ar e juro que o tempo parou. Esther está linda. Ela está usando uma camiseta cinza, justa, com uma jaqueta por cima, jeans e all star. O cabelo num coque e as curvas daquela boca rosa...
- Zac! Pega o babador e sai do caminho! - Lola me trouxe se volta e então percebi que Ike estava atrás de mim, esperando que eu saísse da porta.
Ri sem graça pq tinha sido pego em flagrante e me juntei à eles no corredor enquanto Ike fechava o quarto.
Seguimos para o elevador em silêncio até que perguntei pra Esther:
- Saudade de casa?
- Um pouco... mas foi tudo tão perfeito que eu não queria que acabasse.
- Vc pode assistir outros shows se quiser... - eu tive que tentar.
- Zac, não é fácil assim não! - ela riu - eu tenho uma vida inteira fora do Hanson World!
- Eu sei. Mas seria legal você acompanhar a gente uns dias.
- Nada de namoradas viajando com a banda. - Taylor me zuou.
Lola riu.
- Tá rindo, né? - cutuquei ela - A questão é que ela não é minha namorada. É minha AMIGA. - enfatizei o amiga, pra convencer mais à mim mesmo do que à ela.
- To fora desse tipo de amizade... - Lola respondeu, dando um selinho no Tay.
O elevador se abriu no hall e papai e mamãe já estavam lá e conversavam num canto com o motorista. Nos juntamos à eles enquanto Lola e Tay foram ao balcão da recepção fazer o check-out das meninas.
Conta fechada, hora de ir para a van e sair de fininho pelos fundos. Papai pediu para que na volta, parássemos com as fãs antes de irmos embora de fato e nós concordamos.
O clima na van não estava dos melhores. Eu odeio finais. Nunca são bons. Tay estava entrando no modo "Lost without Lola" e o mesmo pra ela, a animação das meninas começou a dar lugar à saudade. Ike olhava pela janela, provavelmente sentindo o clima e pensando na Nikki.
Nosso motorista ficou esperando na van enquanto nós fomos fazer o check-in no balcão da empresa aérea. Muitos suspiros e eu preciso melhorar isso, então comecei a fazer uma versão de Lucy, mais animada, pra alegrar a Esther. Troquei "Lucy" por "Bruce Lee" e continuei cantarolando algo mais ou menos sobre como eu apanhei e Ike rolava de rir, emendando as estrofes. Júlia boiou, na certa, mas balançava os braços pra lá e pra cá, me dando dando apoio moral e curtindo a zueira, enquanto Esther ria se apoiando no Ike.
- Zac, filho, mais baixo... - mamãe falou.
- Não queremos tumultuar, Zac... - papai a apoiou.
Mas eu decidi que estou feliz e que vou aproveitar esse momento. Fiz até uma dancinha. Foi uma dancinha de zueira, que eu adoro fazer isso qnd o Tay e o Ike estão sendo sérios demais em uma hora imprópria para isso.
Lola e Tay já estavam namorando de novo. Esses dois são o reflexo dos meus pais. Posso ver um "felizes para sempre" passando por eles sempre que eles estão juntos.
- Wow! Vamos parar com isso. Vcs estão em público. - chamei, pq sim. Eu estou com ciúmes. Não da minha cunhada ou do meu irmão, mas sim da situação.
- Qual é, Zac! Somos casados e nem tem gente nesse aeroporto direito. - Taylor falou. - Vc dançando e cantando feito um macaco de circo estava chamando mais atenção que eu beijando, com certeza.
E todos riram.
- Tay tá certo, filho. Ele beijar, ok. Agora um de vcs cantando com certeza chama atenção. - Papai falou sério.
- Parei! Parei! - disse levantando os braços.
- Bem... Hanson ou não, pais são pais! - Esther falou se lambuzando na bronca que eu acabei de levar.
- Vou falar com o Pedrow. - falei orgulhoso por ter lembrado o nome do pai dela, mas ela remedou:
- Vai fala com o Pedrow?!
- Vou! - respondi.
- Então primeiro aprende a falar o nome dele: PE-DRO.
- Pe-trow. - malditas sílabas brasileiras que não existem na minha língua.
- Piorou! - ela riu - Fica Pedrow mesmo.
- E não falei certo?! - tentei ver se ela estava me zuando.
- Não. Mas esquece. Acho que nenhum americano vai conseguir falar. É igual a gente falando seu nome: Zéqui! Tay é pior ainda! Ike é o mais fácil de pronunciar. - Lola respondeu.
- Verdade. O Tay em cada lugar o pessoal fala de um jeito. Eu rio muito das pronúncias dos nossos nomes. Especialmente qnd tentam falar meu nome inteiro: Zaxary, Zecary... um desastre!
- Imagina a coitada da minha mãe falando seu nome! - Esther riu da própria desgraça.
- É pedir demais de qqr pessoa. Minha mãe caprichou na escolha do meu nome, né, mãe?! - olhei para mamãe.
- É um nome bíblico e é lindo! - Ela deu de ombros.
- Viu só? Por isso minha filha vai se chamar Lucy! Lucille não tem erro, tem?
- Não... Lucille é um nome elegante... e com um apelido fofo! - Esther falou sorrindo. - Gostei. Se eu tiver uma filha, ela vai se chamar Lucille!
- No way! Lucy é a minha filha! - protestei.
- Ah vá! Pagou a patente do nome, é? Sua filha vai estar em Tulsa e a minha no Brasil. Nem se ver elas vão. - ela riu, mas aquilo doeu... por uma fração de segundo, tive certeza de que nossas Lucys deveriam ser a mesma Lucy. Pq não?
- Que foi? Tão sério assim esse lance do nome? - ela me olhou.
- Relaxa. Eu só pensei longe... - falei.
- Era pra ser sua filha com a Kate?
- Não. Lucy sempre foi MINHA filha. Desde criança. Seja com quem for. - e ela ter ter mencionado a Kate não ajudou. Kate nunca gostou de Lucy. Esse era um ponto que sempre discordamos e cheguei a querer só filhOs para não ter que brigar com ela sobre o nome da minha própria filha. "Lucy não é um nome inteligente" o suficiente pra Kate adoradora de história antiga.
- Certo... - ela ficou meio sem graça e o anúncio do vôo nos fez olhar pra o painel.
- Hora de ir. - Lola suspirou.
- Hora de ir... - Tay beijou a cabeça dela.
Cada um pegou suas mochilas e seguimos em silêncio para o portal de embarque. Lola deu um último abraço em cada um de nós. Um mais demorado no Tay.
Ela conversava com ele, tinha os olhos pidões e fungava. Tay afagava a esposa e eu queria poder ter alguém para afagar.
O segurança do aeroporto veio até nós perguntar se íamos embarcar, pq a fila toda já tinha andado. Eram poucas pessoas. Esther e Júlia se despediram de nós e foram com ele.
Ver Esther partir doeu mais do que eu esperava. Definitivamente não tinha sido só um beijo. Tinha sido minha sentença.
- Lola, vcs tem que ir. O segurança já veio chamar a Júlia e a Esther. - Era mamãe.
- Já vou... - ela respondeu, dando mais um beijo no meu irmão e secando as lágrimas.
Esther e Júlia estavam paradas na porta de embarque, olhando pra ela.
- Até daqui a pouco. - ela falou.
- Até, tampinha. - Ike falou sorrindo.
- Boa viagem, Lola. - Papai.
- Deus te acompanhe, querida. - mamãe.
- Se cuida, cunhada.- falei.
- Não esquece: pra sempre. - Taylor a beijou mais uma vez.
- E mais um dia. - ela respondeu, nos deixando.
Eu estava prestando atenção na Lola, qnd vi Esther passar correndo por ela e vir em minha direção.
Não deu tempo de pensar. Eu só senti as mãos dela puxarem a minha nuca e os lábios quentes dela nos meus e então a minha língua dançou com a dela, num frenesi.
- Uhuw! - Júlia gritou qnd nos soltamos e até o segurança do aeroporto sorria.
- Eu não podia ir embora sem isso! - ela piscou pra mim e saiu correndo de volta, me deixando sem rumo por alguns segundos.
Menta, chocolate, morangos, Esther.

Save Me From Myself (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora