Batidas na porta do meu quarto. Eu ainda me sinto meio quebrado, mas levantei e abri. Ike me olhou.
- Falou com a Esther?
- Sim, pq?
- Vc chorou?
- Pq?
- Pq seus olhos e nariz vermelhos dizem que vc chorou, mas ao mesmo tempo vc parece... feliz?
- Ike, vc veio aqui me analisar? - cruzei os braços e o encarei.
- Não. Na verdade vim perguntar à que horas vai ser a janta e se precisamos levar algo.
- Xiiii... Não sei.
- Eles não te falaram nada?
- Não que eu me lembre...
- Você também não perguntou?
- Não.
Ele suspirou e então continuou:
- Bom... vou ligar pro Tay. Qq coisa podemos passar em uma confeitaria e comprar um bolo ou uma torta...
- Tay gosta de tortas.
- Mas acho que Lola e D. Angelina preferem bolo, não tenho certeza... não me lembro de ter visto tortas no Brasil... Acho que não é comum. - ele na verdade estava pensando em voz alta e não falando comigo.
- Tay come bolo, de qualquer forma. - resolvi interferir, pq Ike quando começa a pensar, só por Deus.
- Então vamos de bolo.
- Ok. Lola gosta de chocolate.
- Taylor não faz questão de chocolate.
- Morango?
- Lola não come morango.
- Baunilha?
- Que coisa mais sem graça!
- Oq vc sugere, sr sabe tudo?
- Ok... hmm... pode ser baunilha... - ele já estava fazendo cara de satisfação qnd eu completei - MAS... com castanhas!
- Ótimo. Gostei. Simples e saboroso.
- Eu sou bom nisso.
- Claro que é.
- Me chamou de gordo?
- Não necessariamente. Vc só é um viciado em comida. - ele deu de ombros.
- Ótimo, então eu escolho a confeitaria.
- Por mim, sem problemas.
- Então vamos pegar na Merrit's.
- Ok. Mas nem sabemos se eles querem um bolo.
- E quem recusa um bolo?!
- Bem... esse é um ótimo argumento.
- Digno de um viciado em comida.
- Não leve isso tão à sério, ok?
- Não vou.
- De qq forma, prefiro ligar pro Tay e confirmar, pra não perder tempo indo buscar o bolo e ele já ter um pronto em casa.
- Tem esse detalhe...
- Ainda bem que eu penso.
- Vá à merda.
- Não, obrigado. - ele falou saindo.
Voltei e me joguei na cama. Peguei meu game boy e fui jogar um pouco para me distrair.
Eu ainda tenho ondas de tristeza e de orgulho e elas se alternam. Eu me sinto um lixo por ter sido enganado pela Kate tanto tempo e ter deixado ela me beijar 2x, mesmo depois de terminar, me faz pensar sobre como eu sou um fraco. Mas ver no quanto Esther continua ao meu lado, confiando em mim, me dá orgulho e me faz pensar que talvez eu valha alguma coisa.
*Droga! Morri! Foca no jogo, Zac!*.
Rolei pela cama procurando uma posição mais confortável e então Ike voltou:
- Zac? Falei com o Tay.
Pausei o jogo e o olhei.
- Hum. E aí?
- Eles não tinham comprado sobremesa, então podemos comprar o bolo.
- Ótimo!
- Maaaaas...
- Tem mais?
- Tem. Liguei na Merrit's e eles não tem bolos de castanha à pronta entrega, só sob encomenda e não da tempo de fazer agora.
- Droga!
- Mas eles têm um ótimo red velvet pronto. Posso pedir para reservar?
- Pode. Não era oq eu queria, mas o red velvet deles é muito bom.
- Então tira essa bunda da cama, pq já vou confirmar e vamos sair pra buscar.
- Vc não pode fazer isso sozinho?
- Ah, claro! Eu consigo dirigir e segurar um bolo!
A cena do Ike, barbeiro, carregando um bolo é de morrer e eu gargalhei, imaginando uma cena desastrosa do bolo voando e indo parar no parabrisa do carro depois de uma freada brusca.
Ike me olhava sem entender.
- Foi mal, Ike. Eu já vou.
- Te espero na sala.
- Vá lá.
Salvei o jogo e desliguei o game boy. Peguei a roupa que eu tinha jogado no chão do quarto. Dei uma boa fungada e não estava fedendo, oq é raro vindo de mim, já que eu suo feito um porco. Essa é a vantagem dos dias frios: eu fico cheiroso por mais tempo. Me vesti com elas e saí. Ike estava me esperando, impecável, no sofá. Eu tenho inveja dessa elegância old school que ele tem.
- Vamos ou você vai ficar aí esperando impecavelmente?
- Vamos. - ele falou pegando as chaves em cima da mesa.
Fomos com o carro dele e pegamos o bolo. Tentei evitar, mas não consegui: passei o trajeto todo procurando o rosto da Kate em todas as garotas que eu vi passar pela janela.
- Zac? Tá tudo bem, cara? - a voz do Ike me chamou de volta.
- Tá. To beleza.
- Vc tá parecendo aquelas crianças que mudam de casa nos filmes. Olhando triste pela janela do carro em movimento.
- Só estou meio ruim ainda...
- Vai vomitar?
- Não.
- Se não estiver se sentindo bem, avisa pra eu parar.
- Eu to bem.
- Não precisamos ir no Tay se vc não quiser.
- E deixar o bolo? Nunca. - falei, tentando um sorriso.
- To falando sério.
- Eu também.
Ele não respondeu, mas parou no Starbucks e me comprou um machiatto com caramelo.
Eu sorri pensando em como eu sou mimado pelos meus irmãos.
- Valeu, Ike.
- Vê se anima.
- Eu vou.
Pegamos o bolo e voltamos pra casa. Tomei meu banho. Ike e eu fizemos mais uns rascunhos de alguns tópicos para a 3CG e quando vimos, Tay já estava ligando e avisando que eles já estavam em casa.
D. Angelina fez um excelente vôo e apesar do cansaço, ela estava animada com a neta no colo qnd entramos.
Penny é capaz de animar qualquer um, eu acho. Afinal, quem faria cara feia olhando pra ela? Um sorriso é inevitável olhando aquele rostinho.
Ike foi ajudar na cozinha e eu fiquei com a D. Angelina e a Penny. Nenhum dos três falou nada. Pq Penny não fala nada além de resmungos, eu não falo português e D. Angelina não fala inglês. Me perguntei como seria qnd a Penny aprender a falar. Ela falaria inglês? Só inglês? Mesmo tendo uma família metade brasileira? Como seriam meus filhos se Esther aceitasse se casar comigo? Eu estaria na mesma situação, não?! Depois preciso conversar sobre isso com o Tay. Claro que não vou falar sobre meus filhos. Vou falar sobre a filha dele.
O jantar seguiu animado e Lola fez a ponte entre D. Angelina e o restante da família.
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Save Me From Myself (COMPLETA)
Fiksi PenggemarKate, meu amor, era um buraco negro drenando nossa paz e eu estava tão cego... Acho importante dizer que essa não é uma história de amor. Eu sou Zac Hanson e essa é a história de como eu fui salvo de mim mesmo.