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O dia de sábado amanheceu chuvoso. Gabrielle demorou a levantar e sair de seu quarto e quando saiu, deu-se conta de que estava sozinha. Já passava do meio dia.

Sua mãe, enfermeira, estava de plantão. Seu pai, dono de um restaurante no bairro, certamente estava por lá.

Abriu a geladeira e reparou em um pedaço de pizza. Pegou seu celular e começou a fuçar na internet enquanto comia.

No andar em que Gabrielle mora, haviam 3 apartamentos. O dela que é o maior e fica no meio de frente para o elevador. O de sua avó, que morava ao lado esquerdo e um outro apartamento que há muito não era alugado ficava ao lado direito do dela.

A avó de Gabrielle mora sozinha desde que ficou viúva, por isso, seu filho achou melhor que ela morasse perto deles.

Depois de comer sua pizza, ainda com seu pijama, - um short pequeno e confortável com uma blusa do batman - Gabrielle decidiu ir até sua avó como sempre fazia.

Ao abrir a porta, distraída como sempre, a garota loira e de cabelos bagunçados não notou as pilhas de caixas a sua frente e caiu em cima delas provocando um barulho muito alto.

Alguém correu até ela vinda do apartamento que antes estava vazio.

Uma menina loira e de olhos espertos sorria disfarçadamente da garota sob as caixas. Deveria ter uns 5 anos.

_Você está bem?

Um homem apareceu atrás dela.

Ele. O homem do estacionamento. Não havia passado pela cabeça dela que o novo morador do prédio fosse morar exatamente ao lado dela.

Gabrielle sentiu seu estômago formigar. Não havia se machucado muito com a queda. Apenas alguns arranhões no braço.

O homem caminhou até ela e a segurou, ajudando-a a levantar.

_ Você se machucou? - ele insistiu ao que Gabrielle permanecia calada. A menina ainda segurava o riso com a mão na boca.

_ Acho que ela é muda - a pequena disse sorrindo.

_ O que foi que houve aqui?

Uma mulher, alta, loira e muito bonita também apareceu atrás da menina.

_ Mamãe, essa moça caiu em cima das caixas e acho que ficou sem voz.

_ Nina! - ela repreendeu a filha - Você está bem? - disse puxando Gabrielle pelo braço e a fazendo entrar no apartamento já mobilhado, mas ainda muito bagunçado.

_ Estou - foi o que ela conseguiu dizer.

_ Ela fala! - a menina comemorou ao ouvir dua voz.

Gabrielle sorriu, achando a menina engraçada.

_ Viu no que dá você não fazer o que eu mando, Edgar?!

A mulher disse ao homem parado na porta com cara de que não estava acreditando no que havia acontecido.

_ Tudo bem. Eu estou bem. Não foi nada.

_ Não foi nada, mas poderia ter sido - ela disse levantando uma sobrancelha.

_ Eu já disse que não tive culpa dos caras depositaram tudo aqui na porta. A chuva atrapalhou os meus planos.

A mulher não disse mais nada. Apenas revirou os olhos e procurou sua bolsa que estava em cima do sofá branco. Gabrielle notou o bom gosto na decoração dos móveis.

_ Vamos colocar um curativo nesse arranhão - ela disse aproximando-se - Qual o seu nome?

_ Gabrielle.

_ Eu me chamo Marina - disse enquanto colocava o curativo - Essa menina curiosa é a Valentina, minha filha - a garota estava quase em cima delas - E esse cara parado na porta, com cara de - ela fez uma careta para imita-lo - é o Edgar...

_ Nós já nos conhecemos - ele disse

Gabrielle sentiu seu coração acelerar ao lembrar do susto que teve na noite anterior.

_ Se conhecem? De onde? - Marina perguntou surpresa.

_ Prendi minha mochila no carro ontem e ele me ajudou a abrir a porta.

Gabrielle não queria causar ciúmes no casal.

_ Muita coincidência eu ter me mudado justamente para o apartamento ao lado do seu - ele disse, aproximando-se.

_ Pois é, que pena pra ela né - Marina terminou de colocar o curativo em Gabrielle e se afastou.

_ Obrigada - disse percebendo que era a hora de ir. Caminhou até a porta. Edgar a seguiu.

_ Me desculpe.

_ Tudo bem. Já disse que não foi nada. Nem precisava de curativo.

_Marina está estressada pq atrasei a mudança e precisei da ajuda dela de última hora. Mudanças são horríveis.

_ Eu imagino.

Por alguns segundos, Edgar segurou o olhar de Gabrielle com o seu, que de tão azuis, pareciam iguais ao dela.

_ Já vou indo - ela disse quebrando o silêncio.

_ Deixa só eu afastar essas caixas.

Ele abriu caminho para ela de volta ao seu apartamento e Gabrielle não quisdizer que estava indo ao outro apartamento. Entrou em casa e deixou Edgar terminando de guardar as caixas em seu apartamento.

Passou o resto do dia em casa. Admirando a família que havia acabado de se mudar e analisando o comportamento de Marina com Edgar.
Ele havia dito que ela estava estressada com a mudança, mas será que estava também estressada com o casamento deles?

Por algum motivo Edgar havia chamado a atenção dela. Ele era um homem e tanto. Gabrielle não estava acostumada a fantasiar nada além de aventuras com seu ex namorado e agora, sem perceber, estava pensando em seu novo vizinho de uma forma diferente.

É claro que isso não passava de loucura e algo errado que jamais ela se permitiria viver, mas não podia evitar se imaginar como seria estar no lugar de Marina.

Em partes, ela sabia que estava fazendo aquilo para não pensar mais em seu ex namorado. E estava dando certo.

O Amor Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora