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Após alguns minutos, Edgar ainda não havia se distanciado muito da Universidade pois o trânsito estava congestionado e complicado por causa das chuvas.

Gabrielle permanecia calada e apesar disso o estar incomodando um pouco, ele não se arrependia do atrevimento de beija-la, já que ela também correspondera ao beijo, apesar do tapa.

Certamente ele se sentiria mal se Gabrielle parasse definitivamente de falar com ele, mas talvez isso fosse mesmo necessário.

Sem muito entusiasmo, Edgar ligou o rádio do carro para quebrar o silêncio e Gabrielle prestou atenção ao que a notícia dizia.

O locutor anunciava que as pessoas não deveriam sair de suas casas e as que estivesse nas estradas tivessem cuidado, pois a ponte havia desmoronado e quem fosse passar por ela deveria fazer o retorno e seguir por outro caminho.

Edgar e Gabrielle precisavam da ponte para chegar em casa. Ambos não disseram nada, mas sentiram a frustação um do outro.

Precisavam retornar e seguir um caminho mais longo. No fundo, ela agradeceu por não estar dirigindo.

O celular de Gabrielle tocou e ela desligou o rádio para atender.

_ Oi, mãe!

_ Filha?! Onde você está?

_ No carro, indo pra casa.

_ Gabrielle, não tem como passar pela ponte. Você precisa parar em algum lugar seguro.

_ Relaxa, mãe. Tem como seguir pelo outro lado

_ Você está muito longe? Não quero que nada te aconteça. Você está bem? Está bem acordada?

_ Mãe! Eu não estou dirigindo. Estou de carona.

_ Ah, com quem?

Gabrielle olhou para Edgar e ele estava atento ao trânsito.

_ Com um colega da faculdade. Ele mora no nosso bairro...

Edgar olhou para ela prestando atenção ao que ela dizia.

_ E me ofereceu carona - ela continuou desviando o olhar do dele.

_ Ele é confiável? Dirige bem?

_ Sim, mãe. Ele dirige bem.

_ Me deixa falar com ele.

_ O quê?!

_ Só vou acreditar que você tá com alguém se eu falar com ele.

_ Tá me chamando de mentirosa?!

_ Não, mas se você estiver inventando isso só pra me trabquilizar, eu vou ficar bem chateada.

Gabrielle bufou. Tapou o microfone do celular e se inclinou para Edgar.

_ Minha mãe quer saber com quem estou - ela olhou séria para convencê-lo - Eu não estou com você, ouviu bem? Diga que é meu colega e que mora no nosso bairro. Ah, e invente um nome.

Gabrielle entregou o celular para ele.

O trânsito estava parado.

_ Alô?

_ Ufa, é verdade! - a mãe de Gabrielle se tranquilizou - Com quem eu falo?

Edgar olhou para Gabrielle e pensou se valia a pena mentir.

_ Qual o seu nome? - ela insistiu.

_ Eu me chamo E-Eduardo.

_ Certo, Eduardo. Tome cuidado na estrada e obrigada por trazer minha filha pra casa.

_ Claro. E não precisa agradecer.

Edgar entregou o celular a garota que se despediu da mãe e desligou a ligação.

_ Não acha que ela ficaria mais tranquila ao saber que sou eu... seu professor e vizinho? - Edgar disse após alguns segundos em silêncio.

Gabrielle demorou a responder.

_ Acredite, eu gostaria mesmo de estar com outra pessoa que não fosse você.

_ Foi tão ruim assim? - ele sabia que havia sido um idiota, mas achou que continuar sendo era uma boa saída.

_ O quê? Você é mesmo um babaca.

_ Ah, Gabrielle. O que tem de mais?

_ O que tem de mais? - ela estava novamente furiosa - Você não tem esse direito, Edgar! Não tem o direito de fazer eu me interessar por você quando claramente você não quer viver a mesma coisa que eu.

O carro estava novamente parado e eles se encaravam com expressões diferentes.

Edgar estava calmo e tentando não irritar ainda mais a garota.

Gabrielle estava nervosa e irritada.

_ Eu não saberia fazer isso. Eu não sou assim e eu estou tentando te convencer disso. Eu... eu estou fragilizada com tudo que me aconteceu e certamente no terceiro sexo eu já estaria apaixonada por você. E isso não é justo comigo, por que eu quero me apaixonar novamente, mas não agora. E definitivamente não quero me apoixonar por alguém como você.

Edgar estava atento e sentindo-se pior a cada palavra que ela dizia.

_ Eu não quero transar com você, nem beijar você, nem abraçar mais você e muito menos abrir a minha vida pra você achar que pode se meter.

O celular de Gabrielle tocou novamente, mas ela desligou sem nem ao menos olhar quem era.

_ Nós não somos amigos. Você fará o favor de me levar para casa esta noite e eu nunca mais aceitarei algo do tipo. Você é meu vizinho e seremos apenas educados um com o outro. Você é meu professor e eu serei apenas mais uma de suas alunas com quem você "não se relaciona".

Gabrielle fez sinal de aspas ao dizer isso, com ironia.

_ Mas eu não ne relaciono!

_ Então porque beijou uma aluna ainda no estacionamento da faculdade? Pra você tudo bem beijar alunas?

_ Claro que não! Eu beijei você porque...

_ Porque?

_ Gabi... se eu tivesse te conhecido apenas ontem, na aula... eu certamente te acharia linda e atraente, mas você seria só mais uma aluna.

O carro da frente avançou alguns metros e Edgar fez o mesmo.

_ Porém... O pouco contato que tivemos nos dias anteriores foram o suficiente pra me fazerem te desejar e agora não consigo superar o fato de que não posso ficar com você.

_ Eu não quero ficar com você!

_ Tá, mas... Me desculpe, eu não estava levando em consideração o que você queria.

_ Uau, muito atraente o seu comportamento. Quer me obrigar a transar com você?

_ Claro que não! Eu quero que você me queira tanto quanto eu te quero agora.

_ E depois? Você olha pra mim e diz: Obrigada pelo sexo. Adeus. E me trata como se eu fosse uma prostituta, é isso?!

_ Não. Claro que não!

_ Então como o sexo casual funciona pra você?

_ Você está fazendo tempestade em copo d'água.  Eu não quero e não vou te tratar como uma qualquer. Só quero ter alguém com quem contar quando eu queira fazer sexo.

_ Ah, bom dia, Gabrielle, quero fazer sexo, vem até o meu apartamento.

A garota colocou o celular no ouvido e simulou a ligação.

_ Não vou ser o seu passa tempo! - Disse firme.

_ Tá bom! Me desculpe. Por tudo.

Ele entregou a chave do carro dela que ainda estava em seu bolso.

_ A partir de agora, será do seu jeito. Nada de intimidade.

_ Ótimo!

Ela pegou suas chaves e inclinou-se para o outro lado. Para evita-lo.

Aquela seria uma viagem muito longa para ambos, até chegarem em casa.

O Amor Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora