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_ Eu não acredito que a senhora permitiu isso - Suzana estava zangada no corredor, enquanto Edgar torcia para que ela não o odiasse e assim complicasse as coisas entre eles.

_ Mas o que eu poderia fazer? Ela simplesmente disse que ia e o Edgar saiu atrás dela. - Helena explicou.

_ Eu não pedi para que ela viesse. - Edgar defendeu-se, recebendo um olhar de crítica das duas mulheres a sua frente. - O que eu quero dizer é que... Eu não pediria uma coisa dessas nessas circunstâncias... Não pode me culpar.

_ Eu posso sim! - Suzana estava nervosa - Pelo que eu entendi, foi você que seduziu a Gabrielle...

_ Eu não disse isso. - Helena a interrompeu -  Apenas disse que ele ofereceu a ela... uma nova forma de encarar os relacionamentos e que depois ela se arrependeu por ter tentado.

_ Mas e essa palhaçada toda? Onde já se viu brincar com algo tão sério. O senhor não tem vergonha na cara por enganar a sua família? E ainda envolver a Gabrielle nisso tudo?

Gabrielle não havia contado a sua mãe sobre a mentira que ela havia invetado com Edgar, mas Helena sim.

_ Você tem toda razão e todo o direito do mundo de me criticar, mas eu não fiz isso sozinho e tão pouco a obriguei a viajar comigo.

Suzana estava mesmo muito irritada com tantas mentiras.

_ Quando a minha sogra me contou e pediu para que eu confiasse, não achei que as coisas estivessem tão graves a esse ponto. - Ela aprontou para dentro do apartamento de Edgar, já que a garota ainda dormia. - O que vou falar para o meu marido quando ele quiser ver a filha hoje à noite?

_ Precisamos acorda-la - Helena disse.

_ Sim. Precisamos. Mas ela nem deveria estar dormindo aqui. A casa dela é bem aqui.

Edgar sabia que não ajudaria em nada tentar se defender e por isso preferia manter-se em silêncio.

Logo ele abriu passagem para as duas mulheres entrarem em seu apartamento.

_ Ela é sua aluna... Você realmente quer me convencer de que não sai por aí seduzindo as suas alunas e vizinhas? Quer que eu confie em você? Que acredite que está... gostando da minha filha?

_ Eu não saio por aí seduzindo as minhas alunas! - Edgar estava cheio daquele falso julgamento - Você pode perguntar a qualquer um que me conheça... E embora tudo aponte para que eu esteja mentindo, posso dizer com todas as letras que jamais me envolvi com uma aluna se quer.

Edgar queria ser o mais sincero possível com elas.

_ Eu me interessei pela Gabrielle antes de saber que ela seria minha aluna. Antes mesmo de saber que ela havia terminado um relacionamento e que ainda estava magoada... Eu não tinha a intenção de magoa-la ainda mais. Eu só achei que...

Suzana levantou uma sobrancelha para ele, assim como a filha fazia.

_ Embora não acredite, foi difícil para mim deixar de lado o fato dela ser minha aluna, mas eu já estava completamente envolvido e interessado por ela. Além do mais... achei que seria simples viver uma aventura com ela sem me importar, mas eu já estava me importando e quando ela deu um fim ao nosso... Bom, eu estou sem rumo desde então. Não consigo não pensar nela e em tudo o que ela fez na minha vida em tão pouco tempo.

_ O que ela pode ter feito na sua vida em tão pouco tempo? - Suzana o questionou.

_ Ela transformou os meus pensamentos. Eu não tenho mais as mesmas certezas de antes e agora só consigo pensar em compartilhar as minhas conquistas com... ela. A Gabrielle é incrível em toda sua essência e com o seu jeito de menina me fez enxergar o que todo mundo me disse a vida toda.

_ O quê?

_ Vai me achar bobo, falando dessa forma, mas... Ela me fez enxergar que eu tenho medo de amar e de ser amado. Que a minha péssima relação com a minha mãe não me deixava seguir em frente e que por isso eu não sabia e não sei amar.

Edgar precisava dizer isso a elas, ou continuaria com tudo aquilo preso em sua garganta. Além disso, era muito mais fácil falar com elas do que assumir aquilo para sua irmã.

_ Ela invadiu a minha vida e me fez sentir ainda mais medo, porque o meu peito queima só de imaginar as possibilidades de uma vida inteira ao lado de alguém com ela... Eu tenho pensado nisso todos os dias, desde então. E tenho analisado todos os meus sentimentos confusos para que eu não estrague ainda mais a vida dela, com a minha vida.

_ Não posso confiar em você ou no que você diz sentir quando descobri tudo isso apenas ontem - Suzana afirmou.

_ Eu sei. E prefiro que confie em mim aos poucos... Pq eu sei que é aos poucos que preciso ir.

_ Você está dizendo que gostaria de ter algum compromisso com a minha neta?

_ Eu não tenho desejado outra coisa para minha vida, dona Helena. Eu quero a Gabrielle comigo. Eu quero voltar a conversar com ela sobre tudo, assim como fazíamos. Eu quero ouvi-la reclamar das coisas e quero comprar pizza para ela quando estiver com fome. Eu quero ser amigo dela e ser um homem para ela.

Ele encarou Suzana, pois sabia que ela seria poor de convencer.

_ Eu não quero conhecer nenhuma outra mulher, por que eu quero ela. E se isso não for querer assumir um compromisso, eu não sei o que é.

Mas Suzana não estava confiando.

_ Então vai pedir a minha filha em namoro? Assim... Dessa forma? Vai mostrar ao mundo que está namorando uma aluna?

Edgar não estava preparado para aquilo, apesar de tudo.

_ Não falta muito para que ela deixe de ser minha aluna...

_ Então você quer esconder a minha filha, até que possa assumir?

_ Assumir o quê? - Gabrielle parou em frente a porta do quarto de Edgar, esfregando os olhos.

Ela havia sido acordada pela conversa deles e viera até a sala ver o que estava acontecendo.

_ Ah, filha! Que bom que acordou. Vamos para casa.

Suzana segurou a filha pelo braço, lançando um olhar de dúvidas para Edgar quando passaram por ele.

_ Do que estavam falando? - Gabrielle insistiu.

_ Nada demais, Meu amor. Vamos.

Sem se despedir ou deixar que a filha dissesse algo, Suzana saiu pela porta em direção a sua casa.

Edgar estava com o coração esmagado por finalmente estar encarando aquela situação simples de uma forma tão complicada.

Ele estava apaixonado e tudo que estava acontecendo de ruim era fruto das suas próprias atitudes.

Ele era o único culpado por não ter tido Gabrielle da forma certa.

_ Dê tempo ao tempo - Helena disse - Você não se arrependerá por ter escolhido a minha neta, mas... Não me faça ter arrependimentos por ter confiado em você.

De certa forma, ele sabia que Helena torcia para que eles ficassem juntos e ela até gostava de toda aquela situação.

Edgar ficou sozinho naquela noite de sexta-feira e seus olhos se encheram de lágrimas outra vez.

Ele estava se mostrando um bebê chorão ultimamente e tudo era culpa exclusivamente de Gabrielle.

O Amor Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora