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O caminho de volta para casa foi eterno. O medo de que Lucas pudesse voltar e fazer algum mal a eles era surreal. Ela nunca havia sentido tanto medo como agora. E nunca havia se sentido tão humilhada como agora. Até mais do que pela traição.

Edgar não disse nada durante todo o percurso. Se manteve ao lado dela, em silêncio, até que chegaram em frente ao apartamento deles.

Gabrielle procurou as chaves de casa em seus bolsos, mas não estava achando-a. Devia ter deixado-a na mesa da pizzaria. Mas ela não voltaria lá nem tão cedo.

Por hora, ficaria na casa de sua avó. Mas como explicaria a ela o motivo do seu choro? Porque certamente ela desabaria a qualquer momento.

_ Vem, Gabi. Entra.

Edgar a puxou levemente pela mão, para que ela entrasse em seu apartamento.

Gabrielle o seguiu. Alheia a tudo. Ela ainda não estava conseguindo se situar. Sentada no confortável sofá, ela não conseguia enxergar direito suas próprias mãos. Os olhos marejados.

Edgar estendeu um copo com água para ela e sentou-se a sua frente. Na mesinha de centro.

Ele a observava sem dizer nenhuma palavra.

_ Não tem nada mais forte? - ela perguntou ao beber um gole da água.

Sem hesitar, ele afastou uma mecha do cabelo da garota a colocando atrás da orelha e em seguida secou uma lágrima que escorria em seu rosto.

_ Você tem algo em mente? - ele queria saber do que ela precisava.

_ Vinho?! - encolheu os ombros.

_ Vinho!

Rapidamente ele trouxe uma garrafa de vinho ainda fechada e duas taças. Serviu a garota e também a si.

Gabrielle deu um longo gole na bebida e fechou os olhos se segurando para não chorar. O homem a sua frente retirou a taça de sua mão e a depositou na mesinha. Ela levou as mãos até o rosto e se sentiu uma idiota por estar chorando na frente de um completo estranho. E que ainda a pouco estava agindo como um louco com ela.

Edgar aproximou-se ainda mais e segurou a menina pelos ombros, fazendo-a cair em seus braços em pranto.

Ficaram assim por alguns instantes até que Gabrielle pode se recuperar e finalmente olha-lo nos olhos.

Ela observou o machucado próximo ao olho dele e contraiu os lábios, levando a mão até lá e quase o tocando.

_ Sinto muito - disse.

Edgar segurou seu braço com carinho antes que ela tocasse a ferida não muito grande, mas que ardia um pouco.

_ Não se preocupe comigo - ele encarava a garota com aquelas olhos vibrantes e cheios de preocupação - Gabrielle, o que aconteceu... é muito sério!

Imediatamente ela lembrou de toda aquela história maluca dele na pizzaria sobre estar apaixonado por ela e feliz dela não ter aceitado o seu convite já que achava que ele era casado.

Sentiu-se envergonhada porque ele era um estranho e não precisava saber que ela havia terminado um namoro há uma semana por ter sido traída, daquele jeito. Se não fosse pelo idiota do Lucas...

_ Eu não teria aceitado sentar com você se estivesse namorando! - ela soltou seu braço da mão dele.

Ele segurava o olhar da garota como se estivesse hipnotizado.

_ Não estou falando disso, Gabrielle. Ouça, me desculpe, tá bem? Eu praticamente obriguei você a sentar comigo e fiquei falando besteiras pra você... se eu não tivesse feito isso... certamente você estaria comendo pizza com o seu namorado agora.

O Amor Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora