A Casa do Capitão

170 28 16
                                    

— Eren entrou numa briga ontem à noite. — Levi desviou o olhar do equipamento que estava remontando para olhar Nanaba, que estava recostada na soleira da porta, com uma xícara de chá quente entre as mãos. Ele francamente não entendia como ela conseguia beber o que serviam na base; era como erva aguada.

— Uma briga...?

— Ele chutou um cadete na virilha e o rapaz teve que ser levado para a enfermaria. — Levi arqueou as sobrancelhas a Mike, que estava polindo as botas. Estava um tanto impressionado; já esperava que Eren se envolvesse em alguma rixa mais cedo ou mais tarde, com seu orgulho agressivo e misturado aos outros idiotas cheios de hormônios espalhados pela base, mas ele aguentou por um tempo surpreendente. Quase a primeira semana inteira.

— Qual o motivo? — Nanaba suspirou e deu de ombros, conformada.

— Parece que Dietrich começou. Estavam limpando os estábulos e ele começou a atormentá-lo sobre ter entrado nas Tropas sem passar pelo treinamento antes. Com isso, Eren atacou primeiro. — Levi fechou os olhos e massageou as têmporas. O garoto estava inquieto. Ele seguiu obedientemente cada tarefa que Levi o encarregara, mas era óbvio que estava ficando mais e mais frustrado com o passar da semana. Ele não dissera nada abertamente, mas os olhares ressentidos toda vez que Levi o chamava em seu escritório depois de uma tarefa completa só para mandá-lo fazer outra era evidência suficiente.

— Ele deverá trabalhar nos estábulos todos os dias pelo resto da semana. — grunhiu Levi. Justo.

— E o outro rapaz?

— Está tudo bem agora, mas suponho que Eren oficialmente fez seu primeiro inimigo.

— Nossos meninos estão se ajustando bem, então. — A risada de Mike desvaneceu quando captou o olhar reprovador de Nanaba.

— Você deveria levá-lo a algum lugar, Levi. Não em patrulha nem nada assim ainda, mas dê alguma coisa a ele. Já "testou" o garoto o suficiente, não é? — Levi considerou Nanaba com as sobrancelhas franzidas hesitantemente.

— Mas eu não quero recompensá-lo por esse tipo de comportamento.

— Essencialmente, você vem basicamente punindo-o todo esse tempo, de qualquer jeito. — Mike não ficou perturbado pelo olhar que Levi lançou a ele. — Sério, Levi, ele praticamente saliva toda vez que nos vê saindo em patrulha. — Tendo terminado de montar seu equipamento e de verificá-lo de novo, Levi deitou os cintos em seus joelhos e se recostou na haste de madeira que sustentava a cobertura. Nanaba o assistia trás da borda de sua xícara e deu de ombros quando seus olhares se encontraram, mas ele sabia que ela estava certa de tê-lo convencido.

Antes que ele tivesse uma chance de continuar, foram interrompidos por uma forte batida na porta e Petra entrou com uma expressão de desculpas.

— Desculpem a interrupção. Estávamos apenas nos perguntando se você vai se juntar a nós no circuito de Karanese agora, Capitão? — Levi suspirou. Ele queria; Karanese tinha sempre uma boa brisa vinda do leste de manhã cedo.

— Não, não vou. Estou no caso de Dauper esta manhã; vocês podem ir sem mim.

— O ringue clandestino, Senhor? — Levi assentiu; seria incômodo se esconder; aquilo certamente parecia enorme na noite em que fora com Erwin, então ele teria que vigiar e reunir toda a informação que conseguisse antes de tomar qualquer medida ofensiva. Ele geralmente não se importava em vigiar, era simples e o fornecia uma oportunidade de trabalho solitário, mas esses dias podiam chegar a ficar bem quentes empacotado debaixo de telhados decrépitos torrando sob o calor do dia por horas a fio.

— Eren deve ter chegado já; vá procurá-lo e diga a ele que virá comigo. — Petra deu um largo sorriso e Levi suspirou, já sabendo o que viria a seguir.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora