O Atordoado

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Eren olhou para cima de onde estava, encostado na parede ao lado da entrada da torre dos oficiais. Levi estava vindo em sua direção, Hanji ao seu lado e o manto dobrado sobre seu braço. Ele parecia ter encerrado o expediente e provavelmente estava indo para o escritório para apanhar suas coisas antes de ir. Só vê-lo já fazia o coração de Eren bater com força em seu peito. Mal podia esperar para vir trabalhar de novo amanhã. Os passos de Levi vacilaram levemente quando o avistou.

— Eu estava prestes a ir te procurar depois de pegar minhas coisas. — Sua sobrancelha franziu levemente. — Está tudo bem?

Eren se desencostou da parede e deu de ombros, tentando relaxar os músculos e parecer mais calmo.

— Sim. Eu só pensei que talvez Muralha Rose não fosse a melhor ideia.

— Não é muito romântico, um bordel. — Hanji concordou, assentindo sabiamente. — Mas uma base militar também não.

Levi lançou-lhe um olhar afiado.

— ... Quer ir até minha sala? — perguntou ele, em voz baixa. Estava observando Eren atentamente, ainda convencido de que parecia ter algo errado.

— Agora sim, Levi, sua raposa velha sem vergonha. — Hanji o acotovelou com força na lateral, agitando as sobrancelhas. Levi suspirou e pegou Eren pela mão, levando-o escada acima atrás de si. A ousadia do gesto, especialmente em frente de outra pessoa, fez Eren tropeçar pelo caminho enquanto seu cérebro entrava em curto-circuito pela surpresa.

— Levi! Aonde está levando esse menino puro e inocente? — alardeou Hanji atrás deles, alto o bastante para qualquer um que estivesse passando por perto ouvir. Eren espiou por sobre o ombro e viu o(a) oficial de óculos oferecer um joinha.

— Eu sei que Hanji é sempre assim, mas você segurando minha mão desse jeito vai dar mais pano pra manga.

— Elu sabe.

Eren piscou, voltando-se para encarar Levi.

— Você contou? — Já? Parecia repentino, ainda mais para alguém tão reservado quanto Levi, que até ontem à noite não tinha nem certeza de como se sentia.

— Eu pedi conselho a elu, então sim, elu sabe. Farlan também, e provavelmente Isabel, por associação.

Oh, meu Deus.

Eren sentiu os nervos se agitarem em seu estômago como um balde cheio de enguias. Ele sabia, racionalmente, que Isabel gostava dele, mas era do Eren-o-garoto-que-falava-sua-língua-e-fazia-appam-pra-ela, não o Eren-que-gostava-de-seu-irmão-e-o-beijou-pelado-debaixo-de-uma-cachoeira-à-luz-da-lua.

Eles realmente fizeram isso.

— Conselho?

Levi não havia soltado sua mão. Não que Eren não soubesse aonde estavam indo. Eren correu o polegar experimentalmente sobre as juntas de seus dedos, brilhantes por causa de cicatrizes antigas. Levi olhou para baixo então, e apertou sua mão gentilmente. Era como se estivesse apertando o pobre e patético coração de Eren em sua mão.

— Conselho é uma palavra muito generosa para descrever a meia hora de abuso verbal que sofri até eles finalmente me convencerem a sair e te procurar.

Eles chegaram ao escritório de Levi e ele soltou a mão de Eren para destrancar a porta.

— Por que está tão quieto? — perguntou enquanto abria espaço para Eren entrar primeiro. Ele fechou a porta atrás deles e andou até ficar de frente para Eren e encarar seu rosto com o cenho franzido. Eren sorriu para sua expressão preocupada. Ele esticou a mão e trilhou o polegar pela bochecha de Levi, os dedos raspando as entradas de seu cabelo. Há uma semana ele nunca teria imaginado poder tocar Levi tão livremente.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora