O Ataque à Cova de Dauper

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— Garoto, suba aqui. — Eren olhou para o soldado que o chamou, parado na beira do telhado acima de sua cabeça. Olhou novamente para o lado em que Levi havia desparecido momentos atrás, dissolvendo-se nas sombras entre as construções aglomeradas junto com os outros. Nem sequer lhe cedeu um olhar, de tão concentrado na operação. Eren sabia que estava sendo petulante, já que não havia nada para Levi dizer a ele; tinha suas ordens e não precisava de babá. Suspirando, puxou seu próprio capuz para cobrir a cabeça e se juntar ao outro soldado.

A vila estava escura a esta hora da madrugada. Não era como Shiganshina ou outros distritos que margeavam a Masjid, onde você podia ver toda a área se iluminar como uma galáxia embaixo de você se estivesse no alto. Dauper só tinha a luz da lua e uma lanterna ou outra para iluminar suas vielas agrupadas; aqueles que saíam a essa hora já precisavam conhecer seu destino, especialmente no escuro. A estrutura mais clara era a torre no centro dos prédios menores, raios de luz laranja opaca saindo pelas rachaduras nas paredes e madeiras como lava. Todos sabiam agora que essa era a famigerada Cova de Dauper.

Eren se assustou ao sentir uma mão pousar em seu ombro, e se virou para ver que Mike havia se juntado a ele, silencioso como sempre.

— Você não deveria estar com o resto? — perguntou, sacudindo a cabeça na direção aonde a maioria das Tropas desapareceram para assumir suas posições esperando o ataque.

— Levi me pediu para dar uma olhada em você. — Eren arqueou uma sobrancelha desconfiada, mas a expressão de Mike não dizia nada, seu olhar focado em algo ao longe.

— Por quê? Tudo que farei será ficar aqui sentado assistindo aos outros fazerem a parte divertida. — resmungou. Que tolice ele poderia fazer? Não estava nem perto o bastante para ter uma boa visão da ação, ele seria sortudo se ouvisse um grito daqui.

— Acho que ele queria que eu me certificasse de que você sabe disso. — Eren bufou e se agachou na beira do telhado, cruzando os braços sobre os joelhos e encarando as construções abaixo.

— Você trouxe suas facas? — Eren olhou para cima surpreso.

— Capitão Levi disse que eu não precisaria de nada exceto roupas escuras e botas firmes.

Mike o avaliou com uma expressão ilegível.

— Isso não responde à minha pergunta.

Eren hesitou, então lentamente estendeu a mão para apalpar as duas lâminas escondidas debaixo do pano de seu manto. Ele observou o oficial superior atentamente, e se surpreendeu quando ele sorriu.

— Você não está encrencado; só um tolo viria a um lugar como esse desarmado. É bom usar sua cabeça para julgar uma situação. Levi aprovaria também, mesmo que nunca dissesse.

— Você acha que eu terei que usá-las? — perguntou Eren, esperançoso. O sorriso de Mike transformou-se numa expressão severa.

— Não, você fique aí, entendeu? — Ele não esperou por uma confirmação. Eren viu o soldado alto pular da beira do telhado e se balançar noite adentro, o manto escuro sacudindo às suas costas. Ele suspirou e se sentou novamente.

Que saco.


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Eles devem ter ficado ali por uma boa meia hora quando Eren ouviu uma comoção à sua direita. Um punhado de soldados que estavam de vigia como ele se reuniram em um telhado um pouco distante dali, amontoados e com as cabeças baixas, discutindo. Olhavam de vez em quando na direção da Cova e apontavam em outras direções como se estivessem dando instruções. Ele não vira ou ouvira nada digno de nota o tempo inteiro, então, vencido pela curiosidade, Eren abandonou seu posto e foi investigar.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora