Estava congelante naquela manhã e nuvens cinzentas e volumosas avultavam-se ameaçadoramente nas laterais do céu rosado. Eren esperava que não fosse chover hoje ou amanhã - pelo menos até a coroação terminar. Era improvável que espetáculos de tamanha grandiosidade fossem cancelados por causa de um clima úmido, e ele não queria, de verdade, marchar pela lama e ficar no meio de uma multidão ensopada e agitada para assistir a tão-esperada procissão final. Ao menos no momento estava seco, embora gelado. Para piorar, o portão sudeste por onde Levi e seu pequeno contingente sairiam ficava diretamente na direção das docas.
O portão era uma fração mínima do tamanho da entrada principal de Trost, mas a pequenina abertura na muralha permitia aos temíveis ventos vindos direto do oceano criarem uma corrente até o punhado de pessoas reunidas à frente dele para ver a partida da expedição. Eren teve que lutar para ficar no lugar, seus olhos enchendo de lágrimas com uma ardência contra a investida dos gélidos ventos oceânicos até que lágrimas correram por suas bochechas. Alguém que estivesse observando poderia achar que ele estava chorando abertamente por ver o pelotão partir. Eren limpou suas bochechas e fungou, se arrastando para trás tentando encontrar abrigo atrás de um dos cavalos nervosos e impacientes carregados para ir. Sonolento, com frio e ainda dolorido pelos efeitos colaterais da apresentação de ontem na parada, Eren teria preferido idealmente estar enrolado em seu colchão de palha no chão da sala de Jean e Marco agora, mas não pelo preço de perder a partida de Levi.
Não havia muitas pessoas ali reunidas, o que era de se esperar. Essa não era como as expedições habituais das Tropas, que saíam do portão principal diante de aplausos do público e fanfarra de trompetes; o grande objetivo da saída discreta e horário horrível era para que o menor número possível de pessoas soubessem. Havia apenas uma ou duas pessoas para cada soldado, ao todo talvez um pouco mais do que uma dúzia de pessoas amontoadas tentando aproveitar ao máximo o tempo que tinham. Eren já havia trocado votos de boa sorte com a maioria dos membros da equipe de Levi, e agora se encontrava atrás da égua de Erd, batendo os pés e soprando seus dedos dormentes, tentando ser sutil enquanto assistia Levi e Farlan conversarem de perto com a mulher que só podia ser Isabel. Ela tinha um lenço sobre a cabeça, e era difícil distingui-la apropriadamente entre as formas largas de Farlan e Levi, mas Eren vira que ela era a mesma mulher que ele havia visto na casa de Levi - o que é claro que seria - e que ela trouxera a criança dela e de Farlan para se despedir.
Um dos guardas do portão assoviou rispidamente três vezes em concessão - o sinal de que partiriam em breve. As pessoas começaram a dar seus últimos adeus - abraços, preces sussurradas e beijos fortes pressionados nos rostos corados dos soldados. Eren se afastou atrapalhadamente para deixar Erd montar em seu cavalo, e inclinou a cabeça para um vislumbre de Levi. É claro que ele sabia que Isabel seria sua prioridade - ela era sua irmã e de quem ele realmente queria se despedir - mas Eren tivera esperança de ter pelo menos um contato visual. Era ele quem realmente veio ver, e até agora conseguiu conversar com todos menos ele e Farlan. Provavelmente ele não deveria ter expectativas elevadas; tinha sorte até de Levi ter permitido que viesse, mas não podia evitar de ficar um pouco consternado de que apesar disso, nem sequer vira Levi procurar pelas pessoas para ver se ele veio.
Em meio ao alvoroço dos soldados se preparando para partir, Eren viu Levi dar um beijo de despedida em sua irmã e seu bebê antes de deixá-la com seu marido para alguns minutos de privacidade para suas próprias despedidas. Ele colocou o casaco e verificou o sabre em sua lateral, olhando ao seu redor para observar seus subordinados correndo com os ajustes finais antes da saída. Seu olhar pousou em Eren e o rapaz se endireitou esperançosamente, imaginando se ele percebera. Ele aceitaria até um sorriso agora; só um pequeno gesto por reconhecer que ele viera e que Levi estava grato por isso. Eren se surpreendeu quando, ao invés disso, seu Capitão veio até ele, tecendo seu caminho entre os corpos apressados na direção de onde Eren estava, afastado e longe do caminho de todos. Ele se balançou no lugar, debatendo se corria para encontrá-lo no meio do caminho ou se ficava onde estava, com as costas pressionadas contra a parede.
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Street Brat (tradução pt/br)
FanfictionTendo vivido nas ruas com sua irmã desde muito jovem, Eren está acostumado a andar às margens da lei para sobreviver. Há muito tempo já desistiu de qualquer sonho de infância que nutria por entrar para as Tropas de Exploração; seu foco agora era aju...