O Covil de Vulture

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Eren hesitou em frente de uma loja fechada, seus dedos roçando na pequena bolsa de couro amarrada ao seu quadril provavelmente pela enésima vez desde que a pendurou ali. A rua escura estava iluminada apenas pelo brilho ocasional de fogos de artifício quando atirados ao céu chiando, suas paredes de argila e tijolos explodindo em cores antes de desvanecer de volta às sombras. O ar cheirava a fumaça dos fogos e comidas das barracas do festival nas ruas próximas onde os cidadãos celebravam a colheita. Eren ignorou o ronco insistente de seu estômago e se virou na direção do castelo de Vulture, longe dos tentadores sons de folia e diversão. O que ele não daria para deixar a missão de lado e reunir-se com seus amigos nas celebrações. Jean e Marco o haviam convidado para assistir aos fogos na praça da cidade, mas ele se recusara, alegando que precisaria trabalhar em Muralha Rose. Marco sorriu de forma complacente, mas o olhar de Jean foi crítico - o que era compreensível, o trabalho de Eren no bordel não era muito frequente e, já que o negócio ficava sossegado em feriados como este, seria improvável que ele fosse chamado. Mesmo assim, não foi questionado mais a fundo, então ele conseguiu escapar com facilidade.

Eren respirou fundo antes de dar o primeiro passo na rua principal que o levaria a seu destino. Ele iria morrer em um dos dias mais agitados do ano. Nunca encontrariam seu corpo no meio de toda a desordem, até porque os homens de Vulture deviam ser muito bons em se livrar de restos mortais. Ele duvidava que até o Mais Forte da Humanidade pudesse salvá-lo agora.

A mansão de Vulture elevava-se suntuosa e intimidante diante dele, com a arquitetura cheia de torres parecendo mais um local de adoração do que a propriedade de um nefasto líder de um cartel de drogas. As paredes azulejadas cintilavam belamente na luz dos fogos e rojões e os convidados reunidos do lado de fora assistiam ao show de fogos com olhos brilhando enquanto esperavam para poder entrar. A visão dos seguranças da entrada - dois homens grandalhões e corpulentos vestidos de preto com tatuagens pretas em suas cabeças raspadas e sabres pendurados em suas cinturas - deixou Eren paralisado no meio da aglomeração de pessoas que aguardavam. Pela primeira vez naquela noite, Eren tirou um momento para analisar criticamente o plano. Esta era uma péssima ideia; como Levi poderia saber sobre o que acontece nas festas de Vulture? De onde ele pode ter tirado tal informação, e o quão confiável poderia ser? Ele disse que Eren conseguiria simplesmente entrar e ninguém o questionaria, mas ver a forma como os seguranças examinavam cada convidado antes de admiti-los fez Eren duvidar seriamente disso. Talvez precisaria de uma senha? Um aperto de mão secreto ou algum tipo de talismã que só os convidados exclusivos teriam? Certamente um rei do crime não admitiria qualquer um que estivesse andando na rua por perto em uma das noites mais cheias do ano e quisesse entrar? Mas até aí, você precisaria ser suicida ou maluco para tentar entrar de penetra em uma festa de um criminoso desse naipe em primeiro lugar.

Eren não teve muito tempo para se afligir com os detalhes, já que logo se encontrou engolido pela corrente da multidão, sendo empurrado lentamente na direção da entrada com ou sem seu consentimento. A entrada era grandiosa e enorme; um largo portal emoldurado pelo que pareciam ser milhares de penas de pavão cravadas individualmente na pedra e revestidas de pintura dourada. Uma lasca dessa porta era provavelmente mais valiosa do que tudo que Eren já possuíra em toda a sua vida. Por Deus, ele definitivamente não pertencia a esse lugar. A essa gente, essa situação, essas roupas. Os guardas o dariam por invasor a quilômetros dali, ele tinha certeza de que estava suando em bicas. Eren procurou freneticamente por uma rota de fuga; Levi disse que ele poderia desistir, não disse? Ele poderia deixar para uma próxima, certamente Levi não inventaria uma coisa tão assustadora quanto essa? O coração de Eren batia em pânico e alto em sua cabeça ao perceber com crescente receio que não tinha saída. As pessoas estavam muito amontoadas, ele mal podia se virar, quanto menos se mover contra a corrente. Engoliu em seco e aceitou seu destino, vendo a entrada se aproximando com olhos arregalados e assustados. Ele estivera tão veemente para fazer isso nem dez minutos atrás no telhado da Estupa; o que mudou? O que aconteceu com toda a bravata e confiança? Certo, ele deixou para trás com Levi e sua estúpida e teimosa ânsia em se mostrar na frente do Capitão.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora