Os Dançarinos de Muralha Rose

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A coroação de Príncipe Erwin era com folga a maior celebração em Trost das últimas décadas. A última ocasião que garantiu tamanha grandiosidade foi o casamento do finado Imperador, que acontecera bem antes do nascimento de Levi. Ele só havia ouvido rumores de sua ostentação e pompa, mas sabia que não chegava aos pés disso; casamentos aconteciam com frequência, mas novos Imperadores eram o alvorecer de uma dinastia.

As festas se estenderam pela cidade inteira, mas se concentraram na estrada principal, que ia dos portões da entrada até o coração de Sina, onde a parada viajaria. As massas de pessoas aglomeradas se esticavam para os dois lados da larga via até onde o olho podia ver, todos competindo por um vislumbre dos esperados artistas que vieram de longe para a ocasião. Levi nunca tinha visto tanta gente reunida em um só lugar. Parecia que toda a população de Trost se congregou na rua principal, comprimidos com menos de um centímetro entre eles como gado. Por sorte, o clima estava amenizando com a chegada da época das chuvas, senão o calor e o fedor de tantas pessoas amontoadas debaixo do sol intenso teria sido insuportável. O clamor dissonante de centenas de milhares de espectadores era ensurdecedor. Os vivas e sons de alegria do público rivalizava com a cacofonia de música dos que se apresentavam, o volume crescendo e depois desaparecendo com cada música que passava era uma constante no ruído de fundo. Címbalos e tambores ressoando criavam uma confusão de sons por sobre a qual Levi tinha que gritar para ser ouvido até pelos soldados mais próximos.

Os homens das Tropas eram quem tinham os melhores lugares, empoleirados no alto dos telhados e postes acima da via. Era um ponto de vantagem estratégico que os garantia uma visão aérea livre de obstáculos do que acontecia abaixo ao mesmo tempo em que ficavam separados da multidão suada e se atropelando. Levi estava com pena dos soldados rasos e de posição mais baixa atribuídos a postos de controle de pessoas na rua, lutando constantemente contra as massas irritantes e insistentes. A situação era delicada; qualquer tipo de distúrbio poderia iniciar o tipo de histeria inconsciente em massa que podia causar uma debandada e caos fatais. Conter um grupo de pessoas tão grande quanto esse caso algo acontecesse seria tão improvável quanto parar uma onda com as próprias mãos. Os vigias no alto podiam estar em uma posição relativamente confortável comparados a seus companheiros no chão, mas precisavam estar constantemente alertas; era seu dever encontrar quaisquer rupturas antes que se alastrassem. Mas era difícil não se distrair com a admiração da parada.

As performances eram fascinantes. Era como vislumbrar a vida opulenta dos nobres e o tipo de entretenimento que podiam se dar ao luxo de ter todos os dias. A harmonização e saias rodadas e coloridas eram hipnotizantes; Levi precisava se lembrar constantemente de que estava aqui a trabalho, não como espectador. Ele não vira nenhum elefante ainda, apesar da insistência e olhos brilhantes de Eren, mas havia visto a apresentação de uma das facções da Guarda Real do Palácio demonstrando sua impressionante disciplina e treinamento com um trabalho de espadas sincronizado e tão rápido e mortal que o assobio de suas espadas reluzentes pelo ar podia ser ouvido até onde Levi estava, no telhado. Também havia uma porção deles a cavalo, tecendo entre uns e outros enquanto executavam suas intrincadas manobras com estandartes de Trost carregando roxo vivo e ouro atrás deles. Seus passos eram retumbantes enquanto marchavam, e apesar de a apresentação não ter o fascínio dos números musicais resplandecentes acompanhados de dançarinas e truques, eles comandaram um tipo de atenção de tirar o fôlego e hipnotizante que fazia até os gritos mais altos se calarem em respeito deferente.

Eles foram seguidos por fileiras e fileiras de percussionistas batendo em tambores enormes o bastante para caber um corpo dentro e entoando cânticos. Os estrondos de suas batidas harmoniosas eram como trovões, intercalados com o delicado soar de pandeiros e o rápido estalar de baquetas. A disciplina dos músicos rivalizava com a dos Guardas do Palácio, suas marchas tão sincronizadas e solenes que pareciam estar comunicando a própria chegada do Imperador.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora