O Melhor Fazedor de Chá de Trost

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— Você precisa arranjar um chá melhor.

Erwin levantou os olhos de seu pergaminho para um Levi que fazia uma careta para sua xícara de chá. Ele encarou o mais baixo por um longo momento.

— Esse é o chá que você gosta, Levi. Compramos especialmente para você. — disse, pacientemente.

— Então deve ser o garoto que faz o chá. Ele é horrível, demita-o.

O olhar de Erwin desviou para o fazedor de chá em questão parado silenciosamente na porta, com as mãos atrás das costas enquanto esperava maiores instruções. O garoto magricela olhou para ele com olhos arregalados e amedrontado. Erwin ofereceu um sorriso de desculpas.

— Obrigado, Kepçi. Isso é tudo. — O jovem fez uma reverência apressada e rapidamente deixou o recinto. Erwin voltou-se a seu amigo com um suspiro longo e resignado. — Você precisa contrariar os funcionários com seu mau humor? — Levi deu de ombros.

— O meu rapaz do chá é muito melhor e nem é o trabalho dele.

Erwin apoiou o pergaminho em sua mesa, cuidadosamente amaciando os vincos antes de entrelaçar as mãos em seu colo e se recostar em sua cadeira. Levi certamente notou sua inspeção, mas petulantemente se recusou a reconhecer isso.

— Meu rapaz do chá sabe dançar também. Aposto que ele conseguiria fazer o chá e dançar ao mesmo tempo e ainda teria um gosto melhor que essa merda. — Levi apoiou sua xícara na beirada da mesa e continuou sua careta para o objeto ofensivo. Erwin levantou as sobrancelhas em expectativa.

— O que foi, Levi?

— Me fale você. Água de esgoto mascarada como uma bebida quente.

Erwin exalou devagar pelo nariz.

— Não é de seu feitio ser tão elusivo sobre suas queixas. Só me diga o que está lhe aborrecendo sobre essa expedição.

Levi encontrou seu olhar frio com o seu próprio olhar desafiador do outro lado da mesa. Sua linguagem corporal podia estar sugerindo autoconfiança e apatia, mas Erwin ficou surpreso de ver traços de hesitação em suas feições. Levi estava acostumado com expedições de última hora e certamente com aquelas que desviavam mais para o lado do perigo, então Erwin não conseguia imaginar por que isso seria diferente.

— A menos de uma semana daqui.

Erwin assentiu uma vez para confirmar sua afirmação.

— Isso iria coincidir com as datas das celebrações de sua coroação.

— Isso mesmo. — Os olhos de Levi ficaram suspensos em alguma lugar à esquerda de Erwin enquanto sua mente se ocupada com os cálculos intensos. Erwin tentou a sorte. — Decerto sua preocupação não se baseia em questões sobre minha segurança durante sua ausência.

— Não fique se bajulando. — O olhar de Levi oscilou brevemente para encontrar o seu, irritado. Ele mastigava o lado de dentro da bochecha distraidamente e Erwin observou seus dedos finos tamborilarem incessantemente no descanso de braço cor de ébano de sua cadeira. Ele esperou.

— Mar por que me mandar em um momento de risco tão alto? Sou seu melhor...

— Precisamente por ser você durante um momento tão arriscado. Ninguém vai esperar que o melhor de Trost deixe a cidade durante minha inauguração. E a ausência de um grupo tão pequeno com certeza passará despercebida no meio de todas as festividades. Fora que eu estarei com minha própria guarda nesse meio tempo. Mas não vamos fingir que isso tem a ver comigo... — Erwin gesticulou para o outro homem em um convite silencioso.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora