A Dançarina do Fosso

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— Não, Armin. Fica! — Levi observava da sombra da entrada enquanto Eren repreendia seu sobrinho, com a expressão séria e um dedo firme estendido à criança. Armin, por sua vez, ria como se isso fosse apenas uma grande piada, com uma perna ainda pendurada sobre o lado da cesta em que Eren o colocara, ameaçando sair cambaleando de novo pela quinta vez desde que Levi chegara. Nenhum deles havia percebido sua presença ainda, então ele tinha conseguido um lugar para assistir de camarote ao fascinante vai e volta entre os dois. O bordel estava mais calmo do que o normal e, como ainda era de tarde e o movimento da noite ainda estava para chegar, era a hora em que Eren estava claramente esperando conseguir fazer um pouco de faxina. Tinha uma escada móvel apoiada numa das paredes de Muralha Rose logo acima da cozinha, e um conjunto de galhos secos amarrados em forma de um espanador rústico na mão, preparado para atacar as teias de aranha presas e ninhos de esquilos que se acumularam nas vigas antigas com o tempo. Exceto por Armin, que se recusava a ficar parado em sua cesta, engatinhando para fora assim que Eren se afastava para brincar no jardim empoeirado ali perto.

— Controle de peste? — Levi sacudiu o queixo na direção do teto sujo, finalmente se apresentando. Eren olhou para cima surpreso, no meio da bronca, e soltou um suspiro exausto.

— Não estou fazendo o melhor trabalho em controlar essa peste. — Colocou as mãos em sua cintura e franziu o cenho para Armin, que estava olhando entre os dois e dando risadinhas. Ele sentou obedientemente de novo, mas Levi sabia que faria uma nova tentativa de escape uma vez que tivesse a oportunidade. Bebês eram astutos assim.

— Enfim! — Eren voltou-se para ele com um largo sorriso. — Qual é o veredito?

— Hm? Oh, sim. — Eren estava assistindo-o ansiosamente, olhos destoantes fixados atentamente em seu rosto. Levi notou que Armin o observava também; um pé rechonchudo cuidadosamente se movendo por cima de um lado de sua cesta. — Há condições, é claro...

O grito triunfante de Eren o interrompeu. O garoto deu um salto, socando o ar com o punho enquanto se vangloriava e fazia uma estranha dancinha da vitória. Armin recuou novamente em seus confins por causa da algazarra.

— Você terá que sair de seu... Trabalho noturno. — falou assim que decidiu que o rapaz já comemorara o suficiente. Eren congelou no meio da dança com suas palavras, o sorriso instantaneamente varrido de sua face.

— O quê?

— Ah, fala sério, isso é mesmo uma surpresa? Você não pode trabalhar para as Tropas de Exploração e fazer um extra como bandido ao mesmo tempo.

— Mas eu preciso do dinheiro!

— Você será pago. — Levi suspirou. Hanji e ele decidiram que seria mais justo; não sabiam ao certo que tipo de trabalho ser assistente de Levi implicaria, mas qualquer um poderia apostar que seria no mínimo uma carga de trabalho tão extenuante quanto a de qualquer outro recruta novato, portanto, Eren seria elegível para algum tipo de pagamento. Os olhos de Eren se arregalaram novamente em perplexidade.

— ... Sério?

— Sim, mas tenha em mente que não será muito. E também... — Os olhos de Levi cortaram para Armin que estava no meio de uma escapada, cambaleando parcialmente sobre a beira da cesta. — ... Armin está escapando.

— Quê...? Armin! — Levi esperou Eren pegar o bebê, repreendendo-o baixinho numa língua que Levi não conseguiu captar.

— Desculpe. Ele deu os primeiros passos outro dia, agora não há quem o pare. — Levi bufou, vendo Armin com divertimento enquanto o bebê começava a chorar em frustração. Oh, ele sabia bem o que era isso.

— Não se preocupe. Você pode começar nessa próxima semana. Esteja lá na primeira luz da manhã; nós começamos cedo e você precisará ficar a par de como tudo funciona.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora