O Segundo Melhor Espadachim

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Uma empregada. É claro.

Eren balançou a cabeça e sorriu para si mesmo. É claro que um solteirão bem de vida como Capitão Levi teria provavelmente contratado alguém para cuidar de sua casa, dado o quão ocupado era. Eren não soube por um momento o que esperava; claro, Levi era bem reservado sobre sua vida pessoal, mas certamente algo como ter uma esposa seria uma coisa que nem mesmo ele poderia esconder das fofocas da base por muito tempo.

Eren colocou sua marmita embaixo do braço para jogar o manto pesado sobre seus ombros. Era um pouco pequeno para ele, mal cobrindo seus pulsos e apenas encostando em seu quadril, mas estava certamente mais quente do que antes, então ele não iria reclamar. Era o modelo antigo; o verde desbotara com a idade e o ornamento nas bordas, um amarelo escuro que fora depois substituído por um dourado brilhante na versão mais nova. A insígnia das Asas da Liberdade nas costas era um fragmento de tecido que fora costurado no manto, diferente do bordado que estava no uniforme de Levi. Eren manuseou o tecido grosso suavizado pelo uso. Ele estava vestindo o velho manto de Levi. Uns dois anos atrás, estaria dançando de alegria por ser permitido tamanha honra. Ele ainda estava emocionado, é claro, e um tanto surpreso, mas de um modo diferente. Levi lhe dera seu próprio manto para mantê-lo aquecido, mesmo depois de insistir que estava bem. Cheirava a roupa lavada com uma leve insinuação de ervas secas agarrando-se à lã. Sua mãe costumava fazer o mesmo para manter as roupas lavadas com cheiro de novas.

— É um pouco pequeno. — observou Levi, suas sobrancelhas se comprimindo enquanto examinava Eren como se estivesse pessoalmente ofendido por Eren não caber em suas roupas antigas. — Mas logo será substituído por um novo.

— Está tudo bem. — respondeu Eren prontamente, puxando-o mais apertado sobre ele com um sorriso. Um pouco porque estava acostumado a recusar esse tipo de oferta automaticamente, mas também porque realmente estava tudo bem. Ainda era melhor do que qualquer manto que ele já tinha usado, e ainda era de Levi. Havia certo orgulho nisso.

Eren puxou o capuz por cima de sua cabeça e abraçou a marmita em seu peito, o embrulho ainda quente mantendo-o aquecido debaixo da camada recém adquirida. O céu estava clareando quando eles chegaram em Dauper. Era uma pequena vila de caçadores próxima aos limites da cidade, empoleirada no pé de uma serra e flanqueada pela densa selva. Tão longe do centro da cidade, ela tendia a ser geralmente negligenciada pelo habitual raio de observação militar, e portanto se tornara o ponto principal de apostas e caça ilegal. Sasha era de Dauper; ela aprendera todos os seus truques aqui.

Eren não tinha certeza sobre quem estava liderando o caminho até A Cova; Levi sabia onde estava indo, mas Eren era mais do que familiar com os caminhos para seu velho antro. As ruas eram labirínticas e pareciam todas quase idênticas ao olho desconhecido, mas Eren as conhecia como a palma da mão. Os aldeões os assistiam atentamente das sombras de suas casas e pequenas barracas, rostos cobertos de suspeita e estranheza, ainda mais com aqueles fardados no distinto uniforme militar. Sem nem precisar discutir a ação, ambos ele e Levi silenciosamente inverteram seus mantos para esconder o verde escuro das Tropas. Eles eram desenhados para serem invertidos e a costura de dentro era de uma simples cor de areia escura, boa para se camuflar com os tons do deserto e desaparecer em grandes multidões de pessoas.

Eren esperou na calçada do outro lado da enorme e dilapidada estrutura da Cova enquanto Levi entrou na cafeteria diretamente oposta para arranjar permissão de usar o quarto no andar de cima, que tinha uma janela de onde se podia ver diretamente o outro lado. A senhora idosa que cuidava da loja parecia desinteressada até Levi empurrar sutilmente uma pequena bolsa por cima do balcão para ela, que tilintou com o movimento. Ela olhou a bolsa e apertou os olhos para Levi e, por um momento, Eren temeu que ela pudesse recusar. Mas então ela a apanhou e a enfiou no seio de seu vestido, sacudiu a cabeça para uma porta lateral atrás do balcão, e apressou-se para servir outros clientes. As pessoas, embora geralmente desconfiadas de forasteiros, podiam ser convencidas a fechar os olhos contanto que fosse pelo preço certo. Eren se apressou para seguir o mais velho quando indicado, e eles subiram devagar até o andar de cima pela escada de madeira que rangia.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora