O Motim em Muralha Rose

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Notas:

- "anne": mãe, em turco.

- Este capítulo tem fortes menções de violência e derramamento de sangue.

Boa leitura! :)

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- Precisamos pedir para o Bert fazer roupas novas pra você, amigão. Esta é a terceira vez que usa essa camisa só essa semana; as pessoas vão começar a te julgar.

- Berp - Armin ecoou alegremente.

- É, isso mesmo - Eren riu, arrumando o lenço de cabeça improvisado de Armin e em seguida ajustando seu próprio.

Estavam a caminho de Muralha Rose para encontrar Mikasa novamente. Era seu dia de folga, por isso combinaram de fazer compras em seu tempo livre. Eren conseguiu escapar com sorte do bordel na noite anterior sem ser visto, correndo até a saída dos fundos quando o Capitão estava com as costas viradas para ele. Esperava que noite passada tivesse sido uma situação isolada; se Levi se tornasse um freguês regular de Muralha Rose, Eren estaria em apuros.

As ruas estavam estranhamente tranquilas para uma quinta-feira, dia em que os pescadores vinham à cidade. Normalmente as ruas estariam abarrotadas a esta hora, frequentadores do mercado empurrando e atropelando uns aos outros em sua pressa para comprar os peixes mais frescos. O ar estaria fedendo a suor, sangue e cheiro pútrido de frutos do mar e os gritos de vendedores anunciando seus produtos preencheria a atmosfera. Eren espreitou ao seu redor semicerrando os olhos; tinha um mau pressentimento sobre isso.

À medida que se aproximavam de Muralha Rose, Eren percebeu um murmúrio distante. As portas e persianas das casas próximas estavam fechadas, o que era incomum para esta hora do dia, em que qualquer ar fresco ou brisa era um alívio bem-vindo nas tórridas construções de argila. Sentiu um arrepio na nuca; algo estava errado. Subiu de dois em dois os degraus da escada do edifício. A grandiosa estrutura parecia estranhamente nua sem os habituais grupos de Policiais Militares e outros clientes se aglomerando na entrada. Eren parou ante à porta para verificar a rua; o burburinho estava aumentando gradativamente de volume. Na verdade, começava a se parecer mais com um cântico.

- Anne? - balbuciou Armin por trás do tecido de seu lenço, agarrado firmemente em sua mão. Eren podia ver que até o pequeno loiro estava começando a se sentir desconfortável.

- Vamos achá-la agora, carinha. Não se preocupe, logo, logo vamos fazer compras e eu te darei uns docinhos, o que acha? - os olhos de Armin se iluminaram à menção de doces, ansiedade momentaneamente esquecida. Quem dera Eren conseguisse se sentir reconfortado tão facilmente.

A porta da frente estava fechada. Estranho, ela nunca estava fechada. Eren abriu-a e espreitou; a recepção estava abandonada, mas ele podia ouvir conversas indistintas ao fundo. Fechando a pesada porta às suas costas, ele caminhou silenciosamente à área principal. O ar não estava ocupado com os costumeiros sons de risadas e folia; as vozes eram quietas e imperativas.

Garotas passavam apressadamente por ele, olhos arregalados em pânico e carregando o que pareciam ser pertences embrulhados em panos apertados a seus colos. Jovens mães com crianças chorosas agarradas a seus braços apanhavam o que podiam antes de passarem por ele quase atropelando-o a caminho da saída mais próxima. Eren olhou ao redor confuso até que a voz de Mikasa chamou sua atenção.

- Eren! Você precisa ir agora. - Mikasa andou a passos largos em sua direção, vestida extremamente casual em um par de calças harém e os cabelos amarrados atrás. Sua expressão era austera e sua voz mal demonstrava agitação. O olhar de Eren foi atraído para a espada embainhada na mão dela e seus olhos se arregalaram em alarme. Ela parecia pronta para a batalha e, agora que parou para pensar nisso, as funcionárias estavam claramente evacuando.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora