A Conversa Entre os Dois

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Boa leitura! ;)

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Ele não estava aqui hoje. Levi olhou na direção das cortinas vermelhas de veludo que conduziam para fora da sala de chá, mas não havia sinal dos olhos destoantes que ele procurava. Droga, assim não tinha graça.

- Aqui de novo, Capitão? Cuidado, está virando um hábito. - Mikasa deu um sorriso recatado antes de se sentar na almofada oposta à dele. Ela estava vestida casualmente em um kaftan de cor creme que caía elegantemente por sua forma esguia e alta e possuía um intrincado detalhe de contas em volta da gola. Uma garota disse a ele que ela não estava trabalhando hoje quando pediu para vê-la, mas por sorte Mikasa estava por perto na hora para dispensar a moça e direcionar Levi para a mesma sala de chá usada previamente.

- Aonde está o tampinha? - Levi ignorou a pergunta; ele nem tinha certeza de como responder porque, honestamente, meio que estava criando um hábito e não estava preparado para admitir. Mikasa arqueou uma perfeita e delicadamente contornada sobrancelha à questão, mas fora isso sua expressão permanecia a mesma.

- Está falando de Armin ou Eren? - perguntou ao se inclinar para alcançar o bule de chá entre eles. Bem, ele estava falando de Armin, mas agora que ela comentara, ele estava um pouco curioso sobre o paradeiro do moleque também. - De qualquer jeito, tanto faz, a resposta é a mesma. Eren levou Armin para casa hoje. - Levi suspeitou que Mikasa respondeu à pergunta não solicitada para poupar Levi da necessidade de questionar sobre Eren. Ele não ligou muito para o brilho conhecedor em seus olhos, o que havia para saber? Isso o lembrava estranhamente de Erwin e ele odiava imaginar como o filho deles iria se tornar. Descendência diabólica de uma mulher sedutora e um príncipe ardiloso.

- Entendo, bem... - Levi se mexeu em sua cadeira e puxou o pacote marrom que ele havia embrulhado e escondido em seu casaco. A mancha roxa do suco dos mirtilos estava começando a vazar através das camadas e Levi fez uma careta por causa da sujeira, empurrando o embrulho na mesa de mármore entre eles.

Mikasa parou de servir o chá para olhar rapidamente o pacote. - Outro presente para Eren? - Seus olhos estavam sorrindo, embora os lábios não estivessem.

- Para Armin. - enfatizou Levi, sentindo a necessidade de negar a acusação. Provavelmente tinha a ver com o modo como Mikasa o observava.

- Armin não pode comer essas frutas, é muito pequeno. - Ah, certo. Levi franziu o cenho para o pacote e Mikasa sorriu, aparentemente se divertindo com sua situação. - Esqueça isso, tenho certeza de que Eren vai gostar delas em seu lugar. Ele nunca comeu mirtilos e realmente ama coisas novas de fora das muralhas.

- Que sorte a dele. Enfim, como tem passado? - Ele não ligava. Bem, não que ele não ligasse, ele ligava, só que não agora. Tinha esperança de que Eren estivesse lá de novo, o garoto sempre parecia estar em Muralha Rose quando Levi passava por lá, e sua reação à presença de Levi nunca falhava em diverti-lo. Que pena.

- Que tal conversarmos sobre o porquê de você estar aqui realmente, Capitão? - Mikasa inclinou-se para a frente em seu assento, olhos estreitando quase imperceptivelmente, mas o sorriso simpático ainda fixado quase desconcertantemente em seu rosto. Levi sentiu que teve um lampejo da verdadeira Mikasa agora, não a charmosa anfitriã que era o orgulho e alegria de Muralha Rose. Havia uma malícia oculta aqui, um aviso para pisar cuidadosamente. A Tawaif da Muralha Rose era realmente uma força a se considerar; havia uma razão para o bordel ter se mantido praticamente intacto mesmo depois dos motins.

- E qual seria ela? - Mikasa levou um momento para examiná-lo, olhos negros bebendo sua expressão; explorando e calculando. Porém, ela nada encontraria; nada que ele não quisesse que fosse descoberto, pelo menos.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora