A Doce Separação

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O vento açoitava-os severamente e Eren encolheu os ombros contra as chicotadas, escondendo-se na sombra de Reiner e usando sua grande forma como barreira contra o frio. Eles estavam empoleirados no telhado da torre do relógio comendo doces e pãezinhos das barracas abaixo, pernas penduradas na beirada e esperando pelo nascer do sol. Annie contando o ouro em voz baixa e os dentes de Bert batendo eram os únicos sons que pontuavam o ar parado. Estava muito frio para falar, então eles comeram em silêncio.

O som de um berrante retumbando fez Eren olhar em direção aos portões da cidade. Ele ouviu, mesmo desta distância, o som das correntes rangendo e o gemido das máquinas e engrenagens enquanto a robusta porta corrediça de ferro que guardava a cidade era levantada para abrir caminho para a expedição de partida. O som de cascos de cavalos retumbando, rodas de carroças chacoalhando e gritos de "Iá!" de cavaleiros instando seus corcéis para a frente lentamente se esvaíram na distância.

— Eu não sabia que eles sairiam para uma expedição tão cedo. — Eren continuou a encarar na direção dos portões mesmo não podendo ver nada. O berrante soou mais uma vez, uma longa e fúnebre nota assinalando liberação, e novamente o portão foi fechado.

— Nem eu. — A voz de Reiner foi abafada pelo mastigar de um bocado de pão de batata. — Bom, já era hora. Ao menos poderemos relaxar de novo por um tempo. — Ele sorriu para Eren, dando uma cotovelada descontraída nele e Eren sorriu de volta distraído.

Ele se lembrou de como costumava acordar Mikasa antes do amanhecer apenas para que pudessem estar lá em fila na Praça da cidade para assistir a partida das Tropas de Exploração. Ele assistia seus heróis em mantos verde escuro passarem como um rio em fileiras ordenadas e elegantes, acenando às pessoas das vilas enquanto iam. Ele gritava para eles, para seu Capitão na esperança de receber no mínimo um olhar de relance por seus esforços. Nunca conseguiu, é claro, sua voz abafada por todas as outras mais altas à sua volta, mas ele não ligava. Ficava lá até bem depois da multidão começar a dispersar, assistindo com olhares ansiosos os portões se abaixarem novamente e cortarem o mundo além das muralhas enquanto Mikasa puxava a barra de sua camisa impacientemente. Quando foi que parou de assisti-los partir? Certo; depois que seus pais morreram.

As orações de antes do amanhecer se iniciaram assim que o horizonte começou a brilhar um fraco laranja anunciando a chegada do sol da manhã, o infestante zumbido ressoando pacificamente pelas ruas quietas. Reiner levantou-se, tirando o pó das calças, e gesticulou para que os outros o seguissem enquanto fazia seu caminho até o outro lado do telhado da torre do sino e na direção do Cavaleiro Sem Cabeça. Eren lançou uma olhada final para as muralhas externas. Então ele realmente não veria Levi por algum tempo. Não deveria ter sido pego de surpresa pelo quão abruptamente sua aliança chegou ao fim, já que isso era, afinal, exatamente o que ele concordara em fazer.

Ele deveria se sentir mais aliviado.

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Era a folga de Eren. Ele supunha que era o melhor jeito de chamá-lo quando não tinha um turno em Muralha Rose naquela noite nem um assalto planejado por um tempo, embora o fato de estar no momento lavando roupa no sufocante calor do meio-dia não gritasse exatamente "dia de folga". Ele estava agachado em frente à fonte, com água ensaboada até os cotovelos e furiosamente esfregando as roupas de cama de Mikasa, quando ouviu-a chamar seu nome.

— Que é? — Atirou ele, enfurecidamente. Estava com um humor horrível ultimamente, e as zombarias dissimuladas e olhares acusadores de sua irmã só pioravam a situação. Ele ainda não contara a ela que vira as Tropas de Exploração partindo no outro dia; só de imaginar o olhar de pena que ela lhe daria era o suficiente para fazer seu sangue ferver.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora