O Plano Parental

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O Imperador chegou mais discretamente do que jamais o fizera. Erwin nunca escondera suas viagens a Muralha Rose antes e, apesar de não ter exatamente escondido agora também, não veio com a mesma pompa e grandiosidade de suas visitas passadas. Ainda assim, as notícias vazaram o suficiente para trazer uma nova onda de clientes junto com ele.

— Isso é bom. — Mikasa se agitou enquanto via as outras garotas receberem seus convidados do balcão que vigiava o saguão e a entrada. — As pessoas ficaram receosas e cautelosas depois do ataque. É bom que vejam que Erwin não tem medo de vir.

— Você devia ir. — disse Eren em voz baixa.

— Eu sei. Só estou nervosa. Você viu Capitão Levi entre a comitiva do Imperador? — Mikasa perguntou a Annie. Ela havia integrado a loira como sua guarda-costas permanente, percebendo que não se sentiria tão desconfortável de fazer seus negócios habituais se fosse uma amiga a acompanhando ao invés de um estranho armado. A parceria parecia estar funcionando bem até agora e juntas elas formavam uma dupla formidável.

A loira assentiu e a Tawaif liberou uma respiração aliviada. Eren estendeu um copo de vinho e sua irmã tomou um gole generoso antes de devolvê-lo a Eren para terminar.

— Pronto?

— Não. Sim. Vamos lá. Minha aparência está boa?

— Sim. Eu posso entrar com você?

— Quem irá impedi-lo? Eu não acho que esse tipo de coisa tenha regras, e certamente não vou fazer isso sozinha.

— Tá legal.

— Tá legal.

Eles encararam um ao outro e assentiram decisivamente. Um instante se passou.

— Você está adiando isso. — acusou Eren. — Pare. Assuma o controle. Você deve ser a porta-voz de uma mãe assustada se encontrando com o chefe da nação. Finja que isso não é sobre você. Fique irritada como você normalmente faria.

O rosto de Mikasa se comprimiu e ela balançou a cabeça, repentinamente recomposta. Ela respirou fundo. Suas sobrancelhas pintadas se estabeleceram em uma linha determinada sobre olhos firmes. — Sim. Certo.

Eren apertou suas mãos nas dela. E foram.

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Erwin esperava na Sala da Pérola onde Eren conhecera Farlan. Dois guardas reais impassíveis estavam de pé atrás dele e Levi estava sentado ao seu lado vestido nas melhores roupas que tinha se preocupado em arranjar num tempo tão curto: um sherwani preto de cintura marcada com um cinto de fivela dourada e um lenço que caía sobre seus ombros em dobras soltas e elegantes.

— Você trouxe companhia. — observou o Imperador afavelmente quando Mikasa entrou. Eren e Annie ambos a acompanharam e os guardas reais examinaram os dois últimos com suspeita considerável.

— Devemos nos encontrar em capacidade equivalente ou nem faremos isso, Vossa Majestade. — Mikasa sorriu com charme idêntico. — Nesta sala, você é só um pai e eu falo em nome de uma mãe.

— Bem, então é melhor que me chame só de Erwin. Como nos velhos tempos. — Seus olhos brilharam com um carisma confiante e familiar e Eren olhou de relance para sua irmã a fim de aferir sua reação a essa pequena piada sobre seu passado. Mas ela não precisava ter reagido, já que Levi falou primeiro.

— É, não faça isso. Não vai dar certo.

Os olhos de Eren voaram para o homem de cabelos negros, que estivera recostado no sofá compartilhado com a mesma indiferença entediada que sempre tinha em Muralha Rose. Ele encontrou o olhar de Levi e desviou primeiro, observando em vez disso a mesa de centro entre eles. Mas ficou grato pela interjeição. Estava aliviado por Levi ter aparecido em primeiro lugar, e era encorajador saber que ele tinha a intenção de supervisionar a reunião e manter Erwin na linha. Sua irmã estava em desvantagem independente de seu acordo de deixar títulos e alcunhas de fora disso, e Eren dificilmente poderia defendê-la contra o Imperador caso sentisse que a dinâmica começasse a mudar desfavoravelmente a ela.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora