O Assunto de Família

126 18 3
                                    

— Eu acho que nunca estive assim tão ao sul no Submundo.

Isabel chutou uma pedrinha solta no caminho diante deles e ela se foi escorregando até as sombras, o som de seu ricochetear ecoando no silêncio. Entediada, ela se ocupou ajustando as faixas vermelho-claras em volta de seus dedos e assoviando uma melodia alegre.

— Você tem que ser tão barulhenta? — resmungou Levi. As Catacumbas estavam silenciosas como sempre, mas ele tinha consciência de que eles não estavam tão sozinhos quanto pareciam.

— Você não está com medo, está? — provocou Isabel. — Meu Deus, os anos te deixaram mole. Eu devia ter vindo sozinha.

— Eu gostaria de evitar o máximo de encontros desnecessários possível, e isso é difícil de fazer com você transmitindo nossa exata posição para qualquer bandido em um raio de um quilômetro.

— Nós precisamos de direções de qualquer forma, e precisamos trombar em alguém para consegui-las. No mínimo, estou acelerando as coisas.

— Quem diabos são vocês?

Isabel e Levi se viraram para encarar o grupo de homens que havia emergido da casca abandonada de uma casa. Eles se aproximaram a passos vagarosos e confiantes, formando uma forma irregular em "V" que lentamente se inverteu para prender a dupla lá dentro. O homem no centro não parecia muito mais velho do que eles e os fitou com escárnio desagradável, como se suas roupas limpas e aparência comparativamente respeitável o enojassem. Levi jogou as mãos para cima, irritado.

— Ótimo. Esses não são os tipos de pessoas que dariam direções, Isabel. Eu lhe disse para deixar comigo.

— Me desculpe, que outro tipo de pessoas você esperava encontrar aqui embaixo? — Isabel revidou, completamente imperturbada pela meia dúzia de homens cheios de cicatrizes e portando uma variedade de armas brutas que agora os circundavam. O líder do grupo parecia surpreendido pela recepção desinteressada de sua demonstração de força.

— Ei.

— Do tipo que não esteja em maior número do que nós. — Levi cruzou os braços e lançou à sua irmã um olhar irritado. — Agora você nos tire dessa. Eu lhe trouxe comigo para ajudar, não para perder tempo comprando briga com uns otários ignorantes como se tivesse dezesseis anos de novo.

Ei! — O líder dos otários entendia um insulto quando o ouvia. Ele começou a se aproximar com uma carranca, brandindo seu bastão de ferro enferrujado e deformado pronto para golpear.

— Ah, é, insultá-los é uma ideia fantástica, mano. Estamos no Submundo, certo? O que são um pouco de diplomacia e tato? — Levi se afastou com uma expressão entediada enquanto o bandido se aproximava para dar espaço à sua irmãzinha. Isabel aproveitou a deixa para disparar à frente e, com uma série de socos certeiros e rapidíssimos que fizeram seus punhos enfaixados parecerem borrões carmesim, despachou seu oponente com três acertos. Ele caiu com força no chão e não se moveu e Levi apanhou seu bastão de metal do ar. Ele deu alguns golpes experimentais antes de assentir satisfeito. Os outros homens encararam boquiabertos os dois e depois seu líder caído, absorvendo lentamente o que acabaram de presenciar. — E você diz que eu compro briga. "O Limpador", o caramba. — Isabel sacudiu as mãos e inspecionou as juntas por algum dano.

— Você disse... "O Limpador"? — Um dos homens se manifestou, sua voz quieta e incerta. Ele recuou quando Isabel e Levi simultaneamente se viraram para olhar para ele.

— Legal. Você vai ficar com toda a glória por isso só porque seu nome foi jogado primeiro. — murmurou Isabel, incitando a figura de bruços na terra com a ponta de sua bota. Ela exalou um grunhido fraco.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora