A Parada do Imperador

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Disclaimer (nota da autora):

A realidade do treinamento de elefantes para montaria e entretenimento é frequentemente cruel e horrivelmente sem ética. Os efeitos a longo prazo daqueles assentos de cobertura são terríveis, e muitos elefantes são mantidos em péssimas condições. Sei que é uma ideia bem romântica e está na lista de muitos viajantes que não têm noção disso, mas é uma indústria vil que precisa ser abolida ou no mínimo reformada radicalmente. (fonte: World Animal Protection)

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Os dias estavam ficando mais frios em tempo para a procissão do Imperador. As ruas estavam tão lotadas quanto no primeiro dia, mas a multidão parecia mais domada; mais dócil e respeitosa em frente ao seu esperado governante. Todos vestiam suas melhores roupas, com cestas de flores compradas em barracas erguidas apressadamente nas calçadas, preparados para jogá-las quando Erwin - Imperador Erwin desde ontem - passasse. Eren ficou amontoado em meio à ralé com Armin em seus ombros e Mikasa pressionada bem perto. Eles não conseguiram uma posição particularmente maravilhosa, mas Erwin estaria em um elefante, Eren ouvira. De jeito nenhum eles deixariam de ver alguma coisa.

Batidas de tambor retumbantes precederam todos os atos visuais da parada e as pessoas se erguiam em seus lugares, com as mãos protegendo os olhos do sol enquanto se esticavam para um primeiro vislumbre. Murmúrios animados e agitação cresciam à medida que o barulho dos tambores aumentava, ressoando como trovão e alto o bastante pra fazer os pulmões chacoalharem contra as caixas torácicas. Uma cacofonia de trompetes retumbou majestosamente e de imediato todos os outros sons pararam. Ao longe, pela rua abaixo, na direção de onde a parada se aproximaria, gritos de vivas distantes explodiram. Devagar, o som se dilatou, rolando sobre eles como uma onda marítima se aproximando,varrendo a multidão ao se espalhar.

— Eles estão vindo! — disse Eren, desnecessariamente. Mikasa agarrou o tecido de sua camisa firmemente com uma mão, ancorando-o ao seu lado enquanto o povo animado à sua volta se empurrava impacientemente. Eram pessoas que provavelmente nunca sequer haviam visto o Imperador desde a última ocasião que justificou uma parada, e mesmo assim só se tivessem tido sorte. Eren, obviamente, já vira Erwin vezes demais para várias vidas em Muralha Rose - honestamente, ele só estava aqui pelos elefantes.

Armin deu um gritinho de alegria, seus pequeninos punhos se agarrando no cabelo de Eren. Mikasa olhou para ele, sorrindo.

— Você está vendo, baba?

Repentinamente, as pessoas ao redor deles explodiram em aplausos e exclamações animadas. Um mar de mãos se levantou em sua volta, acenando e jogando um caleidoscópio de flores no ar para chover acima deles amarrotadas e machucadas.

— Eles estão aqui!

Uma amazona solitária apareceu primeiro, com a bandeira real esvoaçando atrás. Ela parou e içou um corno de bronze de aparência extravagante que arrastava estandartes roxos. Respirando profundamente, completamente impenetrável pelo caos ao seu redor, ela soprou uma longa e impressionante nota para anunciar a chegada do partido real. Com o dever completo, ela partiu a galope para repetir o ritual mais à frente, e finalmente, a pesada forma dos elefantes se materializou.

Eren sabia que elefantes eram grandes. Seu pai dizia que os jovens eram tão grandes quanto os pedregulhos de granito que cravavam nas docas para construir lajes. Que uma única perna era como um tronco de árvore e tinham orelhas maciças que se agitavam como velas de barcos. Seus olhos cresceram na mesma medida em que as criaturas assustadoras se aproximavam, e ele percebeu que nenhuma das histórias que ouvira as faziam justiça. Eles tinham a pele como couro velho e endurecido, de um marrom acinzentado claro e rugas flácidas como camadas grossas de argila escorrendo de suas figuras imensas. Manchas de sardas rosadas descoloriam seu couro, respingando na extensão de sua impressionante tromba e borrifando por suas orelhas gigantes que sacudiam. Eles foram pintados também, muito mais suntuosamente do que os trabalhos de tintura casuais dos camelos dos Paāvaena. Desenhos intricados e coloridos vivamente em pinturas de calcário processadas minuciosamente em suas faces, trombas, orelhas e em suas patas dianteiras. Lótus estilizadas com folhas do tamanho de pratos de jantar e imagens de criaturas selvagens de lugares distantes que Eren jamais vira antes pareciam flutuar e dançar enquanto os grandes animais se moviam. Seus passos eram lentos e deliberados, como se o esforço de levantar cada pata levasse uma dificuldade única.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora