As Coisas Impulsivas

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Erwin relaxou visivelmente uma vez que estavam sozinhos. Era como se uma haste de ferro que segurava sua postura ereta tivesse sido arrancada de sua espinha, com a forma como ele desabou de volta nas almofadas do sofá com um suspiro audível. Ele arrastou uma mão larga e cheia de joias por sua bela face. Mikasa brevemente contemplou relaxar como o outro. Como queria se livrar de seus sapatos, deitar e cair num sono profundo, mas ela não sabia se isso não era apenas outra fachada de Erwin para induzi-la a baixar a guarda. Ao invés disso, ela colocou seus ombros para trás e levantou o queixo.

— Então? Como você descobriu?

Erwin riu para sua mão.

— Não seria inteiramente justo dizer que eu descobri. Para ser sincero, eu estava tão consumido e envergonhado pela ideia de que a pobre mulher em questão fosse alguém que eu nem sequer reconheceria se algum dia a visse de novo que não ocorreu a mim quem poderia ser até eu ver você. — Erwin olhou para suas mãos como se não conseguisse suportar o contato visual. — Talvez eu possa ofendê-la com minhas próximas palavras...

— Vá em frente. — Isso ficaria infinitamente mais fácil se eu lhe odiasse, pensou Mikasa.

— Quando eu te vi, foi... Eu não sei. — Mikasa nunca vira Erwin ter dificuldades para conjurar palavras doces. Era como se tudo o que ele dissesse fosse premeditado e construído cuidadosamente com o auxílio de milhares se sábios conselheiros, então ela não conseguia evitar a pontada de suspeita que sentiu ao vê-lo em dificuldade agora. Seria outra atuação? Ela estava tão cínica, mas também, tinha o direito de estar. — Eu só pensei que se tivesse que escolher alguém para ser a mãe do meu filho, você seria... — Erwin não precisou completar a sentença, Mikasa conseguia sentir suas defesas crescendo e suas unhas apertando as saias. Erwin olhou para ela e fez uma careta.

— Ah, eu sabia. Desculpe, eu sei que não existe um jeito bom de dizer isso. Não deveria ter falado.

Ela forçou a voz para um tom calmo quando falou de novo.

— O que o fez pensar isso?

— Eu juro que não estou tentando lhe bajular. Juro que não tenho motivos maiores para falar desse jeito; a razão para eu querer conversar a sós com você era para conhecê-la melhor do que só... — O Imperador fez um gesto vago e relutante com sua mão. Seus desconforto era palpável e trouxe um pouco de alívio a Mikasa ver o quanto ele estava tentando e o quão aberto estava sendo. Ela tinha certeza agora de que isto, pelo menos, não era uma atuação.

— Uma puta? — Ela arregalou os olhos e inclinou a cabeça para o lado. Erwin pareceu relaxar com sua expressão, e até deu uma pequena risada envergonhado.

— Você me faz sentir como uma criança.

Mikasa sentiu seus músculos afrouxarem de sua tensão. — Nossas crianças foram criadas em bordéis, elas não têm medo de palavras como vadia e prostituta. Não, esse tipo de covardia e decoro desnecessário é exclusivo de homens adultos, eu acho.

— Justo. — Erwin levantou as mãos em um gesto de redenção. — Enfim, como eu estava dizendo. Você é... Forte. Inteligente, implacável, independente e engenhosa. Eu não poderia imaginar uma candidata melhor.

— Para ser o receptáculo de sua prole? — Mikasa zombou ironicamente e saboreou o modo como os ombros de Erwin tensionaram com seu tom, reconhecendo outra escorregada. — Parece que você precisava de alguém um tanto extraordinária para compensar algumas falhas de sua parte.

Mikasa estava tomando liberdades, ela sabia. Ninguém jamais teria este direito de conversar tão sem cerimônia com Erwin, e ela estava zangada, então aproveitaria aquilo o máximo possível. Ela pensou que Erwin sofreria com suas palavras afiadas no mínimo resignadamente, então não estava esperando seu sorriso. Ela pausou, observando-o cautelosamente.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora