A Compreensão

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— Oh, meu Deus, Eren. O que aconteceu?!

— Hã?

Marco abriu caminho para o quarto e colocou sua mala no chão. Ele tinha Armin em seus braços, ainda dormindo pacificamente, e Eren subitamente sentiu-se muito culpado imaginando a jornada que ele deve ter feito para atravessar o distrito nas primeiras horas da manhã com um bebê agitado e uma mala cheia de remédios nas mãos.

— Seu braço! Está sangrando! Espere, isso são...? — Marco se aproximou dele, olhos apertados enquanto inspecionava o pescoço de Eren. — ... São hematomas? — Ele se afastou e observou Eren, preocupado. — Eren, o que aconteceu? Você disse que iria trabalhar hoje, foi um cliente que fez isso? Eu pensei que você só dançasse. A Mikasa sabe disso? — Eren balançou a cabeça, dissipando todas as teorias precipitadas de Marco.

— Você precisa relaxar e parar de tentar adivinhar o que aconteceu. — Porque, honestamente, a verdade era muito mais absurda do que qualquer coisa que ele pudesse imaginar. — Além disso, você não está aqui por mim. — Eren se inclinou para puxar Armin dos braços do outro rapaz. Marco pareceu querer protestar, olhando para o braço machucado do outro desconfiadamente, mas Eren não queria ouvi-lo, de qualquer forma. — Está aqui por ele. — terminou, acenando com a cabeça na direção de Levi.

Marco se virou na direção indicada e respirou fundo. — Oh, Deus... — Sua voz era um leve suspiro. Ele voltou-se a Eren com olhos arregalados. — Eren, esse é o Capitão Levi Ackerman? — exigiu, com um sussurro. É claro que o reconheceria; Eren esquecia que Marco costumava ser um Policial Militar. Lá se foi seu plano de fingir que Levi era alguma pessoa aleatória que ele encontrara na rua e decidira ajudar da bondade de seu coração.

— Ah, sério? — Eren piscou por cima do ombro de Marco, simulando ignorância. — Eu não sabia.

— Ah, por favor.

— Olha, deixa isso para lá; a questão é que ele levou uma flechada e teve uma longa queda e eu não sei se alguma coisa está quebrada e a única pessoa em quem eu podia confiar para ajudar a essa hora da madrugada sem fazer perguntas era você. Pode me ajudar? — Os olhos de Marco se torceram enquanto ele assimilava a expressão suplicante do outro. Eren estava começando a ficar seriamente preocupado até que ele finalmente cedeu, exalando o ar que estava segurando com um assobio exausto. O garoto sardento esfregou os olhos cansados e bocejou.

— É claro que eu ajudo. Você sabe disso. — resmungou, virando-se para começar a esvaziar sua mala. — Francamente, vocês todos tiram vantagem de mim, eu juro. — Eren sorriu em gratidão ao jovem que ergueu sua mala de primeiros socorros acima do criado mudo e soltou-a com um grunhido esforçado. Começou a examinar Levi cautelosamente, com cuidado retirando pequenos frascos de vidro, garrafas de ervas misturadas e pomadas medicinais que ele mesmo fizera e alinhando-os meticulosamente pela cabeceira. Eren levou Armin a seu antigo berço, retirando as almofadas e batendo-as contra seu joelho para tirar o pó antes de deitar o bebê adormecido para descansar. Os sinos suspensos acima tilintaram quando Eren começou a balançar suavemente a estrutura da rede.

— ...O que aconteceu essa noite? — A quieta voz de Marco interrompeu o silêncio hesitantemente. Eren fechou os olhos. É claro que vinha antecipando um pedido de algum tipo de explicação, mas ele ainda não havia inventado uma mentira razoável. Os eventos dessa noite toda se estenderam por muito tempo, também.

— Tenho notado você agindo estranho ultimamente. — continuou Marco. — Isso tudo está interligado? — Perceptivo. Eren se esquecera desse detalhe em particular sobre o modesto rapaz. Ele podia agir quieto e discreto, mas isso significava que ele também sempre pegava detalhes nos quais os outros não reparavam. — Eu não quero pressioná-lo, mas você tem estado tão distraído nos últimos tempos. Eu não acho que mais alguém tenha percebido, mas, por favor, me conte se tiver algo que eu possa fazer.

Street Brat (tradução pt/br)Onde histórias criam vida. Descubra agora