Por que doí tanto?

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Olá, pessoal!

Então onde estão os meus comentários? preciso saber se então gostando.

15. Por que doí tanto?

Preciso de toda minha força de vontade e bom senso para não correr em minha velocidade normal para o quarto. Não levaria nem um segundo para chegar lá, mas me obrigo a segurar a mão da Jo com muito cuidado e puxar ela de volta pelo corredor. Mesmo que não tenham ninguém por perto, nunca usei nenhum dos meus poderes perto da Jo.

— O que...?

— Rápido. Tem algo de errado.

Passamos pela porta um momento antes do médico. Mal registro seu rosto, mas sei quem é, eu o vi agora a pouco. 80% da minha consciência está no som do único coração que me importa agora. O som que em pouco tempo nunca mais vou ouvir. O som que está tão fraco que mal posso reconhecer como sendo o da minha mãe.

Eu sei, não sou ingênua o bastante para achar que não é a hora dela.

O Dr. Andrews se aproxima dos aparelhos e fez uma pequena careta. É claro que ele sabe. Qualquer medico realmente bom e dedicado ao trabalho, saberia.

— Seus batimentos cardíacos estão muito fracos, eu vou pegar...

— Não pegue nada. — A voz dela saiu calma e fraca, tão fraca... — Filhas.

— Não precisa ser forte agora, Sra. Marc. — Ela olhou para ele. Conheço bem esse olhar, apenas mães conseguem passar tantas mensagens com diferentes sentidos em um único olhar. — Me deixe pelo menos pegar algo para a dor. Eu sei que está doendo, eu poderia...

— Não, obrigada. Esses remédios me deixam tonta e desorienta, eu quero estar o mais consciente possível agora.

— Mãe, por favor. Deixe que ele pegue algo para a dor pelo menos. — Falo me aproximando da cama. Eu sei que está doendo, não sei exatamente onde, mas sua respiração está tão compassada quanto seus batimentos e isso sugere dor.

— Por favor. — A Jo segue para o outro lado da cama e segura sua mão.

Dr. Andrews apenas coloca a mão no ombro da minha mãe, fecha os olhos por alguns segundos como se estivesse sentido dor, me pergunto se não estava mesmo, ver a morte de alguém tão bom assim sempre deixa cicatrizes em pessoas boas. Ele sai do quarto. Ele me olha mais uma vez e eu sei que não foi pegar remédio nenhum. Ele está nos dando o último momento que teremos com ela.

— Ele não precisa ir. Não sinto dor alguma, não agora. Venham aqui. — Ela segura a mão da Jo com mais firmeza e pega na minha com a outra mão. — Você costumava ser tão quente quando criança. Mas... Eu sabia que havia algo de diferente com você, Lia. Desde que voltou eu sabia que algo estava errado. Você disfarçava bem, mas eu sei que não comia. Eu sei que não dormia. Eu sei que...

— Shii, não. Você não pode saber. — Sua respiração fica cada vez mais fraca. Olho para a Jo, espero que não tenha registrado essas informações, eu sempre fui muito cuidadosa. Volto meu olhar para minha mãe, seu coração... Como ela não está sentindo dor?

— Mãe?

— A Jezelia vai cuidar de você, Joshefina. Ela sempre cuidou. Até mesmo quando deveria ter pensado mais nela. Eu sei que você só voltou por nós. Sei que... eu sei. — Ela suspira e eu pude ouvir cada um de seus pensamentos, cada lembrança boa ou ruim, os seus sentimentos. Não havia mais nenhum pensamento que não soubesse. Eu não queria entrar em sua mente, no entanto não consegui manter nenhum dos escudos erguidos, todas as minhas defesas se foram. — Eu amo vocês.

PeregrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora