Parte 14

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Assim que entrei no apartamento vi o Thomas jogado no sofá comendo um miojo num potinho e eu joguei as chaves na mesa me sentando no outro sofá.

- deixou ela lá ? - ele fala de boca cheia e eu concordo.

- oque tinha pra me falar ?

- o laranja , entrou em contato - ele fala e empurra o notebook na mesinha e eu pego colocando no colo abrindo um vídeo.

- ele mostra bem todo o carregamento - Thomas diz enquanto assisto todo o vídeo - precisaremos de um caminhão de carga cara.

- eu vou cuidar disso - digo sério.

- acho bom , pois eu não quero me foder por culpa tua - ele fala e eu encaro ele.

- não te chamei pra esse trampo , se está tão encomodando assim. É só sair - digo colocando o notebook com brutalidade na mesa.

- acha que é fácil assim ? - ele ri negando - eu ouvi falar de você antes mesmo de aceitar esse serviço contigo cara.

- se ouviu falar de mim , deve saber que eu não gosto de trabalhar em equipe - digo seco e ele concorda.

- ouvi dizer que sua namorada trabalhou contigo por muito tempo - ele fala e eu encaro ele e dou uma risada me levantando.

- acho melhor calar a sua boca - digo já sem paciência e ele ri concordando.

- não é só você que se fode se esse carregamento não der certo , eu me fodo junto. Lembre-se disso parceiro - ele fala e sai da sala indo pro quarto dele e eu empurro a mesa com raiva derrubando algumas coisas.

- droga - digo passando as mãos na nuca e encaro meu celular tocar , mais saio da sala ignorando ele.

por mais que esse serviço esteja me encomodando mais que qualquer um que já fiz , eu iria até o final , o Thomas tinha razão. Iamos nos foder na mão do Turco se esse carregamento não chegar a tempo no México.

[…]

Na parte da noite tentei ao máximo não sair da porra desse apartamento , mesmo sabendo que marquei com a Emma.

- Tarlley - Thomas diz descendo a escadinha do seu quarto e eu continuo comendo meu hambúrguer - precisamos ficar numa boa cara , sei que não somos amigos , mas não basta apenas tentar fingir sermos um. Precisamos confiar um no outro cara.

- te coloquei dentro da casa da minha família , isso pra mim já foi uma grande confiança - digo rouco - se pra tu não basta , eu só lamento cara.

- nunca me contou sua história - ele fala se sentando e eu encaro ele.

- não ouviu sobre mim ? - dou de ombros.

- oque eu ouvi é que é um gângster meio fora de linha , não é muito se comprir ordens  - ele diz me encarando e eu termino de comer - mas sobre Buffords , eu não sei de nada.

- morei aqui até meus 14 anos - digo sério.

- e ?

- e mais nada - digo sério - fui pra Europa , tentei cursar direito , mas virei a porra de um traficante no ano seguinte - falo escorando no sofá.

- não é muito diferente da minha - ele fala rindo.

- e como é a tua ? - pergunto.

- sou órfão. Se eu tenho parente por ai , não me lembro deles , e muito menos eles de mim.

- e quis ser traficante ?

- ninguém quer né - ele diz meio que rindo ao pensar - mas no meu caso , eu só estava cansado de passar fome.

- entendi - digo meio sério , quando conheci o Thomas e fui escalado pra acompanhar ele nessa merda de missão , eu me dei bem com o estilo dele. Foi três meses de convivência no México , até partimos pra cá , e eu esperava mesmo que ele fosse de confiança.

- por isso que hoje come tanto ? - digo e ele ri concordando.

- acho que sim pô.

ele responde e rimos juntos.

- foi mal por mais cedo - ele fala e eu concordo molhando a boca.

- tranquilo , sei dos riscos - digo sério e ele faz um toque na minha mão.

- mas eai , não vai sair ? - ele pergunta e eu nego encarando o relógio notando que era 20h da noite.

- hoje não - digo escorando novamente no sofá.

- deixa eu te perguntar irmão - ele diz e eu olho pra ele - aquela Emma não é tua irmã certo ?

- já disse que não - respondo arquiando a sombrancelha esperando ele terminar.

- impressão minha ou rola um clima ?

- doideira sua - me levanto jogando o guardapano na mesa enquanto caminho até meu celular.

- ela te olha diferente - ele insisti e eu encaro ele.

- desde quando sabe de alguma coisa de porra de olhar ?

- desde que já peguei muitas mulheres em cada missão diferente - ele diz se gabando - e aquele olhar ali é de quem quer… bom , ia dizer outra coisa , mas já que a mina é da sua família. Eu digo "acasalar".

- vai pra porra Billcon - digo sem paciência e abro as mensagens notando uma de um número que eu não tinha salvo.

" sei que não marcamos a hora. Mas , já estou pronta rs "

leio a mensagem e sabia que era da Emma , travo o celular negando com a cabeça e aperto ele na mão , e encaro as chaves na mesinha.

- eai ? - Thomas fala e eu encaro ele.

- eai oque porra ? - digo e ele ri.

- vai logo atrás da mina - ele diz e eu nego com raiva , e subo pro meu quarto e gasto cinco minutos pra trocar de roupa , e quando desço ele da uma risadinha de viado me fazendo ignorar , e abro a porta encarando minhas chaves e saio do apartamento.

era 21h quando estacionei o carro um pouco abaixo da casa do meu pai , notando a Emma sentada num dos meio fio mexendo no celular.

ela estava usando um vestido meio folgado na cor vermelha escura , e o cabelo estava totalmente liso , e sorri ao ver ela mexer nele meio impaciente e meu celular vibrou na mesma hora.

" sem querer sem chata , mas você ainda vai vim ? "


Ao ler isso eu escorei a cabeça no banco e mordi o lábio encarando ela , se eu saisse desse carro e levasse ela pra jantar ou pra qualquer lugar dessa cidade de merda , seria mais difícil ainda quando eu fosse embora. Emma seria deixada novamente , pelo seu amigo de infância que é mestre em fazer isso com ela. Eu não podia.

então digitei a mensagem e enviei pra ela , que após ler se levantou e voltou pra casa e ver como ela estava linda me deixou com mais raiva ainda , soquei o volante umas duas vezes antes de sair dali queimando o pneu no asfalto.

 • Condenados pelo amor || PARTE 01 Onde histórias criam vida. Descubra agora