Parte 107

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Assim que entro no quarto vejo ele fumando perto da sacada , ele e o Raul não tinham conversado direito ainda. E eu sabia disso por que sei que ele se trancou aqui e o Raul está com a minha mãe , ainda a enchendo de perguntas sobre a tal cirurgia que ele não sabia por que ela se operou e ainda mais com machucados.

- será que podemos conversar ? - digo deixando meu casaco sobre a cama e ele solta a fumaça dos lábios sem me olhar.

- é sério ? vai me ignorar como estava me evitando lá embaixo ? - digo e ele me olha e logo volta a encarar lá fora.

- não estou te evitando - ele diz rouco e eu respiro fundo e cruzo os braços.

- certeza que não está ? Pois até as pessoas lá embaixo notaram que tem algo acontecendo.

- sempre tem algo acontecendo - ele diz e eu molho meus lábios.

- oque quer dizer ?

- que sempre tem algo acontecendo - ele diz seco e eu me aproximo dele.

- Evan.

digo e ele joga o cigarro fora e me encara soltando a fumaça entre nós dois e eu me irrito com isso.

- não temos oque conversar , eu cometi um erro e já disse que não deveria ter feito. Então pronto - ele diz seco e eu nego.

- eu não disse que acho que foi um erro - digo e ele concorda.

- nem precisou dizer - ele diz entrando no quarto passando por mim e eu me viro pra ele o encarando andar até seu celular que estava sobre a mesinha.

- não entendo por que está tão chateado com isso. Você mesmo disse Evan , que não largariamos nossas vidas para seguir a que o outro decidiu ter. Lembra do que disse pra mim ? Que optamos por vidas diferentes. Que sabiamos oque teriamos e oque não poderiamos ter juntos. E que se eu fosse sua mulher um dia , eu teria que viver praticamente a sua vida. Debaixo da sua asa pra não ser morta ou alvo de algum maluco.

- eu não disse bem assim - ele diz me encarando.

- sabemos oque dissemos aquele dia - digo séria.

- eu não pedi pra se casar e viver comigo aqui agora , eu quis só formalizar as coisas. Quis que fosse minha noiva porra , não ser minha prisioneira - ele diz alterando a voz.

- e como seria ser noiva de Evan Tarlley ? - digo séria - como seria para as pessoas "da sua vida" saber que você tem uma noiva que mora em Buffords , uma cidadezinha pacata onde não tem nem se quer policiais competentes.

- eu nunca te deixaria sem proteção - ele diz sério e eu concordo.

- e quanto tempo ficaria sem me ver ? Três meses ? Seis ? Um ano ?

- Emma.

- acabaria que transando com qualquer uma novamente - me irrito e ele nega meio que rindo.

- sério isso ?

- você acha isso engraçado ?

- já te falei sobre aquela noite - ele diz e eu nego - e quer saber ? eu pensei em você praticamente a noite toda.

- oque ? - digo e ele concorda e eu nego - você é nojento.

- não quero sentir sua falta Emma , eu te quero comigo - ele diz ao se aproximar - sendo minha noiva ou não.

- você nunca me entende - molho meus lábios e ele segura minha mão onde estava o anel brilhante que ele me deu.

- isso não precisa ser um motivo para brigarmos.

- eu quero ser sua noiva - digo e ele fita meus olhos - você nunca me deixa terminar de falar - respiro fundo - eu fiquei feliz por isso. Muito feliz na verdade , só não sabia como reagir , pois eu não quero ser a esposa de um traficante.

Evan prestava atenção em cada palavra que eu dizia.

- eu quero ter uma vida normal , um emprego normal. Quero ter filhos com você , quero poder levar eles na escola sem pensar que eles podem ser alvos de algum maluco. Eu quero ver você chegar do trabalho sem um buraco de bala no corpo. Eu quero tudo isso Evan.

- eu sempre disse que eu era o cara errado - ele diz rouco e eu nego acariciando sua mão.

- você não é o cara errado , você é apenas o que tem escolhas erradas - digo e ele fita meus olhos.

- talvez eu seja apenas o "cara" errado pra você.

- não , você não é. E sabe por que ? Por que eu amo você. E eu jamais amaria o cara errado pra mim.

- você fica sexy quando diz que me ama - ele diz rouco e eu acabo que rindo.

- eu te amo - sussurro e ele desce suas mãos até minha cintura me puxando pra ele com força e sorri de canto com aquele olhar lerdo , e não demora muito pra ele me beijar e me levar pra cama que acho que já era nossa.

naquela noite o amor foi mais forte , e eu aprendi isso com ele. Sobre notar quando o sexo não era apenas um sexo , nem qualquer noite de amor , era quando falavamos sem precisar dizer nada , mostravamos isso com carícias e sentimentos. E Evan mostrou muito naquela noite , e confesso que passei a amar mais ainda ele naquela manhã.

encarava o anel em meu dedo ainda enrolada no lençol da cama , e vi o sol entrar pela janela do quarto , mordi o lábio sorrindo ao notar ele ao meu lado , com seu braço ao redor da minha cintura como se me segurasse.

- com licença - a voz da minha mãe me assusta e encaro a porta me inclinando na cama.

- mãe - resmungo segurando o lençol sobre o corpo.

- ai meu Deus , sou obrigada a ver uma cena dessas ? - ela fala e eu reviro os olhos.

- não devia entrar assim - resmungo baixo e olho pro Evan que por sorte estava coberto da cintura pra baixo.

- por que não trancam a porta ?

- por que está aqui mãe ? Ainda está muito cedo.

- Raul quer conhecer a cidade , e como você deve saber. Não posso sair desfilando por ai - ela diz e eu franzo o cenho - nem você.

- quer que eu fale com o Evan ?

nesse momento ele se mexeu na cama e minha mãe apenas concordou e saiu do quarto e eu respirei fundo deitando novamente na cama.

 • Condenados pelo amor || PARTE 01 Onde histórias criam vida. Descubra agora