Capítulo quarenta e seis

1.1K 52 20
                                    

Abro meus olhos rapidamente e os sinto serem atingidos por uma luz forte. Fecho novamente meus olhos e volto a abri-los, me acostumando com aquela claridade. Ao estar totalmente acordada, olho para meus braços e vejo o mesmo cheio de agulhas, olho para o lado o vejo o monitor ligada. Balanço minha cabeça em negativo e me sento na cama lembrando das últimas palavras da médica momentos antes de apagar.

— Vejo que alguém acordou! — Ouço a voz de minha mãe e vejo ela na porta com um copo de café em mãos.

— O que você está fazendo aqui mãe? — Pergunto a ela que se aproxima da cama.

— Eu chamei ela! — Dr Clara, adentra no quarto com a prancheta novamente em mãos. — Achei melhor chamar ela.

— O que aconteceu dessa vez? — Suspiro alto encarando as duas a minha frente.

— Está tudo bem, foi apenas uma queda de pressão. Está tudo bem com você e com o bebê! — A doutora explica e olho para minha mãe que sorri fraco. — Irei deixá-las sozinhas.

A médica sai do quarto e minha mãe se senta na poltrona do lado da cama onde estou, deito minha cabeça novamente no travesseiro e sinto uma enorme vontade de chorar, sinto algumas lágrimas descerem por meu rosto e ali desabo como se fosse um bebê com fome. Logo em seguindo duas mãos secam as lágrimas que insistem em cair.

— Eu já contei para você, sobre o dia que descobri que estava grávida de você? — Minha mãe me pergunto e olho para ela secando as lágrimas.

— Só me falou que a vovó surtou achando que você iria morrer. — Rio e ela em acompanha.

— Também, mas quando eu descobri que estava grávida de você eu tinha dezenove anos e estava iniciando a faculdade de medicina. No dia que descobri que estava grávida, meu Deus foi um surto surreal, desde pequena sonhava em ser mãe e saber que eu tinha um serzinho crescendo dentro de mim parecia ser a realização de um dos meus maiores sonhos.

— Como lidou com uma gravidez tão desejada, mas estando no início da faculdade? — Olho ela que sorri de orelha a orelha.

— Continuei minha vida normalmente. Uma gravidez não é motivo para surtar ou querer acabar com tudo. Tudo bem a gente entra em desespero no começo e acha que não pode continuar a vida da forma que imaginamos, mas eu continuei fiz o primeiro ano de medicina, desisti e comecei a cursar psicologia. — Ela ri.

— A vovó dizia que você era teimosa e até os nove meses estava na faculdade. — Rio lembrando das palavras de minha avó.

— E ela não mentiu, sempre lidei com a gravidez como se fosse algo normal. Não nego que amava ser mimada pelos outros por estar grávida, mas eu fiz tudo até os meus nove meses e nunca deixei os olhares de reprovação me abater. Fazia faculdade, prestei estágio, fazia cursinho, cuidava da casa já que morava com seu pai na época.

— Como conseguiu fazer tudo isso com um barrigão de nove meses? Você era louca mãe. — Rio dela.

— Não era louca apenas não deixava me abater por uma gravidez, sabia que eu poderia fazer minhas coisas sem precisar de ninguém e fiz isso na sua gravidez, na gravidez da Sophia e estou aqui plena. — Ela sorri debochada.

— Mas o que isso tem haver comigo? — Questiono desmanchado meu sorriso.

— Não tem nada a ver, apenas queria acalmá-la de tudo o que descobriu hoje. — Ela segura minhas mãos. — Não preciso ter medo de uma gravidez!

— A Dr Clara, te contou? — Arqueio a sobrancelha.

— Sou sua mãe, nada pode passar batido. Mas eu só vim dizer que você está grávida e eu estou muito feliz que vou ser avó. — Ela sorri e vejo seus olhos se encher de água. — E não pense que ninguém vai te apoiar, porque todos vão estar com você para qualquer decisão, em qualquer momento.

𝑵𝒐𝒗𝒂 𝑰𝒏𝒕𝒆𝒈𝒓𝒂𝒏𝒕𝒆 𝑳𝒐𝒖𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora