Capítulo cinquenta e cinco

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Bia POV.

Duas horas depois — 18:02 P.M.

Chorar? Bom, eu acho que foi a única coisa que consegui fazer nesse momento. Eu não sei quanto tempo passei dentro desse banheiro, mas a única coisa que conseguia fazer era chorar, chorar em silêncio, por não querer ter que dar explicações a ninguém, chorar bem baixinho para não preocupar ninguém, me render ao meu coração quebrado mais uma vez, e pensar no quão machucada eu estou por dentro. Fico mais um certo tempo sentindo a parede fria atrás de mim e abaixo minha cabeça entre minhas pernas, sentindo meu corpo criar uma leveza e a vontade de chorar vir mais forte, uma mistura de hormônios de gravidez com ódio ou tristeza.

— Bia? — Ouço baterem na porta do banheiro e rapidamente levanto a cabeça. — Amiga tá tudo bem? Você sumiu da sala. — Reconheço ser a voz de Carol.

— Oi... eu, tô...estou bem, o café da manhã não caiu tão bem e acabei vomitando. — Solto a primeira desculpa que vem em mente.

— Por que não chamou a gente? Precisa de alguma coisa? — Ela pergunta preocupada tentando abrir a porta.

— NÃO... quer dizer, não se preocupem eu tô bem, só preciso descansar. — Digo tentando me livrar dela por agora.

— Certeza que você tá bem amiga, se quiser a gente fica aqui com você? — Ela continua a insistir.

— Não precisa Carol, eu tô bem. Só não vou na Austrália com vocês, prefiro ficar em casa hoje. — Digo a ela secando as lágrimas e me levantando do chão.

— Tem certeza Bia? Eu a Babi ficamos aqui com você. — Ela insiste.

— Carolina, eu tô bem. — Solto um riso fraco. — Vão se divertir e se divirtam por mim, eu vou tomar um banho e descansar. — Digo a ela tentando enrolar o máximo possível.

— Tudo bem amorinha, a gente vai sair mais cedo um pouco e ficar na casa dos pro. Qualquer coisa liga para a gente tá? — Ela me pede do outro lado da porta.

— Pode deixar eu ligo sim. — Sorrio ao perceber sua preocupação.

Não demora muito para eu ouvir a porta do quarto bater e o silêncio voltar a reinar no espaço.

Me encosto sobre a pia do banheiro encarando meu rosto no espelho, eu estou vermelha, meu rosto parece uma bolacha de tão inchado e meus olhos quase não se abrem pelo peso. Abro a torneira fazendo uma concha com as mãos, encho ela de água e molho meu rosto sentindo tantas coisas dentro de mim que não tem nem explicação, é um misto de ódio e mágoa.

Eu me entreguei ao Bruno, confiei nele no pior e melhor momento, acreditei que com ele seria diferente, confiei em que a gente poderia fazer o nosso "felizes para sempre" dar certo, acreditei em cada palavra de amor dita, acreditei em todos os "eu te amo", nas nossas melhores noites. Eu me rendi duas vezes a ele, confiando que eles tinha esquecido a ex, eu me entreguei de corpo e alma na confiança de que ele estava fazendo o mesmo comigo e agora isso.

É como se o universo sempre me quisesse ver mal, me ver para baixo e sem ninguém. Eu nunca quis tanto que a palavra de alguém sumisse dos meus pensamentos, foram tantos momentos juntos, compartilhados, eu... eu não consigo, eu não consigo sentir ódio, eu só consigo sentir mágoa, é como se todos os meus sonhos tivessem sido destruídos em uma única foto.

Respiro fundo, tentando manter a calma que já sumiu a tempos, eu não sei quanto tempo passei dentro desse banheiro, eu não sei o que fazer, eu não sei o que quero fazer, eu só queria minha mãe agora, eu só queria voltar aos meus cinco anos e acreditar que um dia eu encontraria um príncipe em um cavalo alazão. Eu só quero esquecer tudo o que aconteceu nem que seja por míseros segundos.

𝑵𝒐𝒗𝒂 𝑰𝒏𝒕𝒆𝒈𝒓𝒂𝒏𝒕𝒆 𝑳𝒐𝒖𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora