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SETEMBRO DE 1996


O vento suave acariciou sua pele. A capa preta moveu-se em suas costas, fazendo um som calmante enquanto os movimentos hipnóticos continuavam. Às vezes, esse ambiente silencioso era acompanhado por um som de batidas ou uma piada. As ameias do corujal sempre lhe deram paz.

E ele precisava de um lugar bastante tranquilo para pensar.

A conversa que ele teve com Dumbledore se repetiu em sua mente enquanto seu coração sofria a sensação de traição. Ele se deixou ser usado para um objetivo, mas se enganou sobre o porquê.

Ele foi tentado a interromper seus serviços e deixar o menino, mas ele era um homem de palavra e tinha que cumprir a missão. Ele protegeria o menino tão bem quanto pudesse até que chegasse a hora. Viver apenas mais um dia era valioso para alguém como Potter.

Ele fechou os olhos quando uma rajada de ar moveu seu cabelo.

Dumbledore era um homem manipulador. Ele usava cada peão que pudesse adquirir se isso significasse que ele poderia libertar o mundo do Lorde das Trevas. Esse assassino, esse corruptor de almas. Ele estava feliz por ainda manter uma parte de seu coração. Ele estava feliz por poder sentir até a raiva e amargura em sua vida. Ele precisava se concentrar em suas emoções, ou ele estaria perdido na escuridão.

O Lorde das Trevas era a razão do desespero que todos estavam sofrendo. Se Potter tinha que morrer para acabar com isso, que fosse. O problema era que ele poderia não ser capaz de dar a informação a Potter no momento certo. Ele não era ingênuo. Suas probabilidades de morrer eram altas se ele fosse matar Dumbledore. Ambos os lados vão querer seu sangue. Ele poderia fugir deles por um tempo, mas não por muito tempo. Ele ainda era um homem que precisava dormir e comer.

Ele não podia confiar em ninguém. Nem mesmo Albus, como ele demonstrou algumas horas atrás.

Ele não era mais um tolo. Ele olhou para a vasta floresta ao longe e o caminho calmo que seguia em direção ao lago. Ele apoiou o ombro na parede e apreciou a vista por um momento. Seu coração e sentimentos sombrios se acalmaram parcialmente.

Uma figura solitária interrompeu sua visão. Ele arqueou uma sobrancelha ao distinguir quem era. Granger. Ela ainda estava sozinha, então provavelmente não havia resolvido seus problemas com Potter e o Weasley.

Eles seriam estúpidos se a deixassem ir como aliada. Potter já teria morrido se não fosse por ela.

Ele percebeu como a mulher estava sentada na beira do lago. Ela tirou um livro da bolsa e começou a ler. Essa visão o lembrava de seu eu adolescente. Sem amigos, focado nos estudos, curtindo um bom livro em um lugar tranquilo. Ele franziu as sobrancelhas. Ela pode ser a chave. Talvez ele pudesse contar com ela. Ele poderia tentar confiar nessa jovem bruxa. Ela estava perto do Potter, ela ficaria com ele até o fim, e ela tinha cérebro o suficiente para ver a razão e guardar segredos.

Mas o mais importante de tudo é que, com o tempo, ele poderia confiar nela porque ela já fazia com ele. Ele não era surdo. Ele sabia que ela o defendia para seus amigos quando ele tinha aquelas reuniões com a ordem em Grimmauld Place.

Ela poderia cumprir suas tarefas caso ele falhasse. Ela poderia ajudá-lo. Ela poderia ser sua aliada.

Se ele trouxesse isso à tona, acrescentaria mais peso aos ombros dela, e ele não sabia se era capaz de ser outro Dumbledore. Mas ele não precisava, contanto que não escondesse coisas que a colocariam em perigo. Ele poderia ser melhor do que isso. Ela sempre estava no meio do perigo de qualquer maneira.

Talvez ele pudesse testá-la. Então ele poderia deixá-la decidir. Seria a coisa mais justa. Ele não a enganaria como Dumbledore o fez.

E ele teve que admitir que também queria fazer isso para que ela não ficasse sozinha. Que ela teria algo mais em que se concentrar. Ele sabia que um cérebro como o dela prosperava em novos desafios e ocupações.

When All Is Lost One Is Found by Rinoaebastel - TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora