Calma antes do Caos

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Ele estava concentrado em seus papéis, a luz ficando mais escura quanto mais ele trabalhava. Olhando para cima e para fora da janela, ele viu que a escuridão havia tomado conta do céu muito mais rápido do que ele estimou. O diretor ainda não tinha voltado. Ele tentou ficar alheio à situação, colocando todo o seu foco em corrigir os exames. Ele queria se distrair de sua próxima tarefa e não pensar em uma certa bruxa. E funcionou por curtos períodos. Ele ficou surpreso com os resultados até agora. Embora a maioria deles fosse pobre, muito poucos tinham notas baixas.

Ele passou para outro exame e gemeu. O exame de Hermione estava na frente dele. Provocando-o para que pensasse nela. Seus olhos se fecharam. Ele quase podia se lembrar da fragrância misteriosa que a rodeava. Com um pouco mais de tempo, ele seria capaz de-

"Severus!" A porta se abriu e fechou com força, aumentando sua frequência cardíaca em um instante e fazendo-o ficar de pé. "Os Comensais da Morte estão no castelo! Nós precisamos da sua ajuda. Estamos sob ataque! Existem alguns membros da ordem..."

Seus ouvidos ficaram surdos. Seu coração havia parado enquanto seu cérebro questionava como Malfoy tinha feito isso sem ninguém perceber até que eles estivessem dentro.

E Albus se foi. Ele sabia que era provavelmente por esse motivo. O velho sabia que Malfoy iria aproveitar a oportunidade.

A hora havia chegado.

Ele olhou para Flitwick. Ele não poderia ter o homem por perto quando isso acontecesse.

Ele ficou tentado a não cumprir sua tarefa, mas quando o rosto de Granger apareceu em sua mente, ele percebeu que precisava. Ele tinha que fazer isso para o futuro, então ela teria uma existência pacífica.

Ele ergueu sua varinha e apontou para o pequeno professor enquanto a bile subia em sua garganta. Ele odiava isso. Ninguém deveria sofrer com as tramas de Dumbledore, mas se ele fizesse assim, seria mais crível. Transformando-o em um traidor na frente de todos.

Pelo menos ele tinha feito um bom trabalho como espião. Ninguém sabia seu verdadeiro motivo ou aliança. Ele podia se sentir orgulhoso disso.

"Severus, o que você-?"

O professor caiu, com olhos de traição focados nele. Um olhar que ele se acostumou a ver, mas nunca deixou de assombrá-lo.

Ele saiu de sua mesa e foi até a porta, seu coração batendo forte a cada passo. Ele sentiu uma perturbação no castelo agora. O lugar estava chamando por seu mestre e gritando de agonia com a intrusão.

Por que ele não sentiu uma perturbação nas proteções naturais do castelo? Ele sentiu uma pontinha de orgulho por Draco ter conseguido o que tinha.

A porta se abriu antes que ele pudesse alcançar a maçaneta.

Ele quase engasgou quando viu que eram Granger e a garota Weasley.

Sua bruxa tinha o melhor e o pior timing.

"O que você está fazendo aqui?" Sua pergunta era apenas para sua bruxa, apesar da outra presença olhando para ele em silêncio.

"Você sabe porque."

"Flitwick está lá dentro", disse ele. "Ele... desmaiou."

Seu olhar nunca deixou o dele, e ele viu compreensão nisso. "Desmaiou... eu... entendo."

"Vocês duas deveriam cuidar dele e ficar aqui." Sua garganta estava seca enquanto ele falava.

Talvez ele pudesse mantê-la segura desta forma.

"Está na hora?" ela perguntou, sua voz tremendo.

"Sim." Pelo canto dos olhos, ele podia ver a bruxa Weasley franzindo a testa. Ela olhou dele para Hermione com uma expressão confusa, mas severa. "Não tenho opções agora."

"Eu sei. Eu sei." Ela olhou para o chão, respirou fundo e olhou para ele. "Eu sei."

Ele fechou os olhos e abaixou a cabeça, seu cabelo roçando o lado de seu rosto com a ação. Ele queria ter mais tempo com ela, mas aceitou que não era mais possível. O tempo estava muito curto. Ele tinha apenas um gostinho da verdadeira alegria e felicidade. Ele estava prestes a falar com ela, para se despedir, quando algo pressionou contra seus lábios. Foi acompanhado por um suspiro que não era de Hermione. Uma mão se enredou em seu cabelo e seus olhos se abriram.

Ela estava... Hermione estava beijando ele. Seu aperto era forte, determinado, e ele se viu incapaz de evitar que suas mãos descansassem em seus quadris. Ele a puxou para mais perto dele.

Por um momento, ele se permitiu esquecer o que tinha que fazer e caiu nas sensações do presente. Foi apenas um beijo leve, mas continha mais paixão do que qualquer outro beijo que ele experimentou.

Ele queria que durasse para sempre, mas não era para ser. Ele se afastou do beijo e viu um brilho em suas bochechas. Seus olhos estavam fechados.

Cada lágrima parecia cortá-lo.

Seus dedos pressionaram suavemente em seus quadris, e ele a empurrou.

Ele queria empurrá-la para mais longe e puxá-la para mais perto ao mesmo tempo. Ele baixou a guarda tão facilmente com ela em um momento em que era prejudicial fazê-lo.

O que havia acontecido aqui seria um presente dela que ele apreciaria até morrer.

Ele até havia esquecido da garota Weasley que estava olhando para eles com olhos arregalados e boca aberta.

Era descuido de sua bruxa fazer isso quando aquela garota estava lá, mas ele não podia ficar com raiva dela.

Um rosnado frustrado transformou seu rosto em uma carranca, fazendo a garota Weasley se encolher. Hermione abriu os olhos, olhando para ele com uma expressão que o fez tremer por dentro.

Ele provavelmente nunca saberia o que realmente era. Ele não teve tempo de descobrir. O plano precisava ser implementado.

"Eu preciso ir." Sua voz estava cheia de determinação, mas seu olhar não conseguia se desviar dela até que ela assentisse.

"Fique seguro."

Ele assentiu. Ele faria o seu melhor. Ele queria ficar e lutar com eles, protegê-la e mandar o maldito plano de Dumbledore para o inferno.

Seu coração implorou para que ficasse, mas ele se forçou a passar por ela.

Então ele parou.

Como se impulsionado por uma força desconhecida, ele se virou da mesma forma que fazia quando estava prestes a repreender um aluno, mas desta vez por um motivo tão diferente.

Ela estava de frente para ele, observando com preocupação e algo mais que ele não estava disposto a ponderar. Ele se inclinou e a beijou na testa. Não foi um beijo demorado, nem romântico, mas cheio de propósito, e o suficiente para a bruxinha inteligente saber com certeza que ele não rejeitou ou se arrependeu de suas ações.

Então, com energia renovada, ele começou a correr, sua capa ondulando atrás dele.

When All Is Lost One Is Found by Rinoaebastel - TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora