Como um guerreiro

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OUTUBRO DE 1996


Sentado em um dos sofás da sala dos professores, seus olhos estavam focados no diretor. Ele estava ouvindo apenas pela metade o que seus colegas diziam. Ele não poderia se importar menos se determinado aluno melhorou em transformar um sapo.

O velho estava pálido e se alguém prestasse atenção, eles notariam um tremor em seu braço com frequência.

Ele tentou fazer uma contra-maldição com algumas poções experimentais, mas não teve sucesso. Certamente seria mais fácil se ele tivesse a colaboração do diretor. Ele precisava verificar seus sintomas para poder ajustar a dosagem da poção analgésica, e uma amostra de seu sangue também ajudaria.

Seus olhos se estreitavam cada vez que um pequeno tremor aparecia. Foi um milagre ninguém ter notado como ele estava se deteriorando. Como estava perdendo a vida aos poucos. Dumbledore morreria antes de matá-lo se não encontrasse uma maneira de desacelerar a maldição. Ele se sentiu um fracasso. Ele não queria matá-lo, embora o tivesse manipulado quase toda a sua vida.

Seu corpo ficou tenso quando os olhos azuis se focaram nele.

"Severus." A conversa ao redor deles parou. "Há algo que você deseja adicionar? Parece que você vai estrangular alguém."

Ele sabia perfeitamente bem por que estava com raiva.

"Como isso difere da minha expressão normal?" ele brincou antes que pudesse impedir. Todos os olhos na sala se arregalaram, mas ele os ignorou. "Não. Não tenho nada a acrescentar."

O velho acenou com a cabeça e Severus cruzou os braços.

"Então devo elogiar você e Minerva. Ouvi dizer que a Srta. Granger é a primeira a lançar feitiços não-verbais em sua classe. Suponho que isso signifique que ela está se recuperando."

Ele queria dizer a ele que ele estava apenas parcialmente certo. O velho estava confiante, mas não tinha visto a mão dela tremer.

Ser incapaz de fazer magia era uma pena.

"Depois dela, alguns outros conseguiram, mas infelizmente não tão bem quanto ela," ele respondeu com um tom frio.

"Boa. Eu não esperava menos de você, Severus. Precisamos de você para preparar as crianças com Tom ganhando poderes."

Ele manteve o rosto neutro, mas por dentro ele estava cheio de descrença. Ele nunca tocou no assunto do Lorde das Trevas em uma reunião de equipe.

Um silêncio desconfortável encheu a sala até que McGonagall se moveu em sua cadeira. Seus olhos se voltaram para ela e ela parecia preocupada. "Albus, você acha que eles vão atacar?"

"É possível. Temos aurores por perto, mas não será o suficiente se ele decidir atacar com todas as suas forças." O diretor colocou as duas mãos sobre a mesa e seu corpo se curvou para se aproximar deles. "Não podemos negar. Este é o lugar mais seguro agora, mas devemos estar preparados para essa possibilidade." Ele deu um sorriso gentil apesar da seriedade da conversa. "Posso contar com todos vocês?" Um aceno silencioso de todos foi a única resposta. "Então a reunião está encerrada. Vocês estão livres para retornar às suas aulas. Severus, eu sei que você quer falar comigo, então espere aqui."

Seus lábios se apertaram em uma linha fina ao ouvir as últimas palavras. O velho estava finalmente entendendo a necessidade sobre seu bem-estar?

Quando todos saíram, Dumbledore caiu de volta em sua cadeira e se curvou.

Severus foi para o lado de Dumbledore. O velho fechou os olhos e ofereceu-lhe o braço. Severus agarrou seu pulso cuidadosamente com a ponta dos dedos, tocando-o o mais gentilmente que pôde.

Ele enrolou a manga do velho e um suspiro escapou de seus lábios. A escuridão o cobria até o ombro.

"Senhor, preciso desacelerar isso ou você viverá apenas por mais cinco meses."

Ele viu como o velho mago sorriu com tristeza. "Senhor?"

Severus manteve o assunto. "Isso doi?"

"Está começando. O suficiente para que eu não tenha certeza se vou durar tanto quanto você prevê."

"Você tem outro sintoma além da dor e tremores?"

"Por enquanto não. Presumo que você precise do meu sangue?"

"Seria sábio se você quiser que eu tente desacelerar mais. A poção que usei em você foi projetada para a maldição de Granger, então era esperado que não durasse." Ele soltou sua mão.

Abrindo sua capa, ele retirou um frasco vazio de um de seus bolsos e desarrolhou-o. Com a outra mão, ele agarrou sua varinha e apontou para a mão escurecida de Dumbledore. Uma pequena incisão apareceu e o sangue pingou no frasco até ser preenchido. Ele acenou com a varinha e curou o ferimento.

"Por enquanto, isso será o suficiente para encontrar algo para desacelerar." Ele murmurou para si mesmo, não satisfeito com a situação. "Mais tarde, eu poderia tentar parar essa maldição."

"Não, Severus. Eu não vou deixar você fazer isso. Isso só vai colocar em risco a sua posição."

Severus grunhiu com sua resposta calma e olhou para ele com fúria. "Você é insano. Ainda podemos detê-los. Parar Draco e curar você." Ele bateu na mesa, fazendo-a vibrar por alguns segundos.

"Você nem consegue falar com o menino, Severus, e vamos ser realistas, você fez um voto inquebrável. Eu estou velho e descartável. Harry é quem tem que sobreviver. Você é a chave para ele fazer isso. Você detém as informações que o ajudarão e podem salvá-lo em vários ataques, se houver." O homem sorriu ao notar seu punho trêmulo. "Ele precisa de você, não de um velho mago ingênuo cuja vida e magia estão sendo drenadas. Esta é uma maldição do Lorde das Trevas, Severus. Não vou sobreviver, não importa o que você faça. Você precisa aceitar esse fato."

Esse homem estúpido estava certo. Ele era o único que poderia ajudá-lo nas sombras. Para enganar o Lorde das Trevas e ajudar Potter e seus amigos a evitar suas armadilhas. Pelo menos, a maioria deles. Ele odiava quando todas as suas manipulações faziam sentido.

"Vou começar a trabalhar para aliviar a dor e desacelerar a maldição. Você ainda é necessário, não importa o que você pense. Você manteve o Lorde das Trevas afastado."

"Não mais, querido menino. Ele quer me matar, então acho que seu medo de mim e deste lugar desapareceu. Todos nós devemos fazer o que temos que fazer, e meu tempo nesta guerra está terminando. Você será o herói desta vez, Severus."

Evitando os olhos do velho, ele se afastou dele e saiu. Ele não suportava sua presença, embora admirasse sua resolução.

Dumbledore queria cair como um guerreiro e não como um bruxo inútil e senil que era estúpido o suficiente para ser amaldiçoado por uma tentação. Ele sabia o quão teimoso aquele homem era, então ele faria o que ele pedisse porque ele entendia aquele senso de honra.

Ele só desejava poder morrer como um guerreiro também.


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Só queria guardar o Severus num potinho e protegê-lo de todo o mal 🥺 Mas o próximo capítulo é meio fofo, então compensa

When All Is Lost One Is Found by Rinoaebastel - TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora