Respondendo ao futuro

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AGOSTO DE 1998

O sol de agosto entrou pela janela, cegando seus olhos preguiçosos e forçando-o a esconder o rosto nos cachos dela, aconchegando-se. Ele deixou um sorriso surgir em seus lábios ao ouvir uma risadinha familiar, mas não abriu os olhos. Ele ainda estava cansado e era muito cedo para se levantar.

Desde que passou a dividir a cama com ela, seus pesadelos diminuíram e seu sono se aprofundou. O mesmo estava acontecendo com ela. Ela se aninhou em seu sono também, algo que ele acolheu. Esta era a vida deles e parecia um sonho. Houve mais despertares apenas para se perguntar se seria seu último dia de vida. Não havia mais como se esconder.

Eles lutavam para sair da cama todos os dias. Não porque estivessem cansados, mas apenas por estarem felizes por descansar nos braços um do outro e beijar os lábios um do outro. Foi definitivamente estranho no início, mas agora ele estava ficando mais acostumado a isso a cada manhã que os cumprimentava.

Essa paz era mais linda do que ele jamais ousou imaginar. Ele esfregou os olhos quando o calor deixou seu lado.

"Temos que conseguir suprimentos", disse ela com uma voz sonolenta. "Ugh."

Isso o fez sorrir. Há quantos dias eles viviam nesta bolha. Além da viagem à Austrália e da coruja diária que entregou o Profeta, eles não haviam encontrado muitas pessoas.

Ele se levantou da cama e bocejou enquanto observava Hermione envolver-se em um roupão felpudo e quente.

Hoje eles teriam que se aventurar, algo que ele realmente gostava, em vez de temer. Porém, agora ele não queria fazer nada mais do que arrastá-la de volta para a cama e dormir até o meio-dia.

"Comprar em um supermercado trouxa não é o jeito que eu pensei que acabaria cortejando você," ele brincou. Ele nem mesmo pensou em cortejá-la até sua recuperação. Não pensava que ele teria a chance.

"Cortejar-me?" ela riu. "Já estou apaixonada por você." Ele se levantou, vestiu seu próprio manto e foi para a cozinha tomar o café da manhã.

Isso era verdade, mas nenhum dos dois havia falado sobre para onde queriam ir a partir daqui. Eles já estavam morando juntos, mas eventualmente precisariam de trabalho. Eles eram os tipos que precisavam pesquisar e encontrar coisas novas para desafiá-los.

"Isso não significa que devo parar de fazer isso", disse ele e abriu o armário para retirar duas canecas. Ele os colocou na mesa e viu Hermione servir café para eles.

"Então, por favor, faça isso para sempre", disse ela enquanto alimentava Bichento. Ele quase deixou cair os scones que removeu do outro armário.

Antes que ele pudesse responder, um som de batida o fez torcer o corpo com pressa. Depois disso, ele ouviu um pequeno piado.

Eles olharam para a janela e ele viu a pequena coruja no peitoril. Fawkes estava ao lado dele, seu fogo se foi e sua aparência era a de um pássaro vermelho e dourado.

Ele abriu a janela. A pequena coruja voou até ele e pousou em seu ombro. Fawkes empoleirou-se nas costas de uma cadeira.

"Fawkes, o que o traz aqui?" ele disse enquanto alimentava a pequena coruja com um pedaço de bolinho. A fênix abriu suas asas e saltou para o lado, deixando um grande envelope. Ele voou até Hermione, oferecendo-lhe outra carta.

Ele sabia que tudo o que estava dentro da carta marcava o fim de sua bolha de paz. Parte dele estava animado, mas a outra, preocupada. Muitas pessoas sofreram sob suas mãos. Ele se sentou e Hermione se sentou ao lado dele. A fênix voltou a descansar nas costas de uma cadeira. Estava claro que Fawkes ainda o considerava seu dono. Ele não tinha certeza se merecia isso. A corujinha o bicou e ele deu outro pedaço de pão.

Ouvindo o farfalhar do papel, seus olhos se viraram para olhá-la, esperando sua explicação se ela desejasse compartilhar. Mas se veio de Fawkes, ele já sabia quem o enviou e o que provavelmente continha.

Ele ainda não tinha aberto a carta. Ele não tinha certeza se queria lidar com o que aquilo dizia.

A verdade é que ele não tinha pensado no que havia deixado para trás. Ele não queria uma responsabilidade tão grande nunca mais.

Ele respirou fundo e rasgou o selo de cera de Hogwarts. Ele desdobrou o pergaminho. Ele conhecia aquele rabisco elegante.

McGonagall.

"É a lista de livros de Hogwarts", disse Hermione sobre sua carta. "Eu não pensei que... Nós não voltamos, mas..." Seus olhos moveram-se rapidamente em torno das frases. "Todos os alunos vão repetir o ano passado."

Severus franziu a testa e finalmente olhou para sua correspondência, procurando respostas. Ele sabia que não havia recusado ou renunciado oficialmente ao cargo. Quando ele saiu, o castelo ainda respondia a ele.

Sua carta era muito mais do que uma lista de livros e materiais.

"O que é isso?" A voz de Hermione veio com seu corpo se aproximando dele. Ele limpou a garganta e entregou-lhe a carta.

"Minerva quer que eu volte. Ela está mantendo minha posição como diretora, se eu aindadiretor, disse ele.

"O que você quer?"

"Eu não sei. Eu não acho que seria uma coisa boa para mim retomar esse posto." Ele pegou o pergaminho na mão dela e olhou de volta para ele. "Os alunos do primeiro ano não esquecerão facilmente, Hermione. Eles são muito jovens para entender todas as complexidades e as razões pelas quais eu fiz as coisas."

"Não tenho certeza, Severus. Pode haver alguns que irão." Ela sorriu. "Porém, agora você pode fazer o que quiser. Você é seu próprio mestre."

Ele se permitiu rir. "Isso é tão estranho de ouvir." Ele olhou para ela. "E o que você vai fazer agora, Srta. Granger?"

"Vou terminar meus estudos. Posso decidir sobre minha futura carreira. Você também pode pensar nisso. Você é tão brilhante, Severus. Você pode fazer qualquer coisa."

Embora não parecesse, havia uma parte dele que gostava de estar em Hogwarts. Uma parte que gostava de ensinar apesar da idiotice que acontecia nas salas de aula. Sempre havia algo gratificante em ver os alunos querendo aprender. Esforçando-se para se tornar melhor. Foi incrível ver um aluno fraco passar disso para alguém que estava confiante no que estava fazendo e se saía bem.

"Vou recusar esse posto, mas vou perguntar sobre meu antigo cargo de professor. Com isso, posso pesquisar algumas coisas sobre as quais estou curioso."

"Seria a perda deles se eles não aceitassem você nisso. Você é um professor notável. Você desafia as pessoas." Seu elogio o fez inclinar a cabeça.

"Eu sou um Mestre de Poções, afinal, e poções com falha são um caos."

Ela riu e se virou para olhar seu pergaminho.

"A Professora McGonagall me ofereceu o cargo de Monitora Chefe também. Se eu aceitar, terei que ir mais cedo." Sua voz estava calma demais para combinar com a empolgação dela.

"Você provavelmente seria boa nisso. Você sabe quebrar as regras e o que procurar." Ela o acotovelou suavemente. "Suponho que seus dois amigos voltarão também, criando problemas e recebendo atenção."

O lado bom era que ele não tinha mais que proteger Potter de sua tendência de se jogar em um perigo mortal. Ele revirou os olhos e tomou um gole de café.

"Sabe, eu posso aceitar. Se você conseguir seu antigo cargo, será mais fácil estar com você também."

Quando sua bruxa se tornou tão travessa? Com olhos surpresos, ele olhou para ela, mas só viu seu sorriso ficando mais largo. Ela estava realmente contemplando isso.

"Bem, precisamos responder então." Mas era sensato para ambos aceitarem quando estavam em um relacionamento? Ele teve que expressar a outra opção, o que era completamente absurdo para sua mente, considerando tudo o que aconteceu. "Sabe, sempre podemos esperar se você achar isso melhor."

"Isso é uma coisa estúpida que eu não vou fazer, Severus." A dureza de sua voz o fez sorrir. "A não ser que você queira..."

Ele bufou. "Não, eu não."

Ela deu um aceno firme. "Então vamos responder a ela." Ela se levantou da cadeira e pegou um pergaminho, tinta e uma pena para que eles pudessem responder a seu futuro.

When All Is Lost One Is Found by Rinoaebastel - TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora