Número 31

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S A V A N A H   P A R C K

Eu estava no meu quarto assistindo aos jogos finais. Sei que não deveria, tenho várias coisas acumuladas pra fazer pro meu curso, mas é impressionante como os meninos jogam bem. E pelo que a Ally fala deles, não parecem tão ruim assim como parece.

Nathan, principalmente. 

No começo ela dizia que ele era um chato, e eu concordava. Mas agora ela o ama, acho isso totalmente estranho. Realmente queria saber o que acontece entre eles quando eu não estou presente. 

O silêncio do quarto da faculdade é intrigante. Hoje é sexta e eu sei que alguma festa está acontecendo apesar dos jogadores estarem fora. Morgan com certeza está em alguma delas. Penso em ligar pra Ally, mas ela está fazendo um trabalho com Jessie. Já conheci a garota antes, e ela é muito incrível. Tem um discurso impactante, apesar de ser um pouco tímida.

Os rebeldes do norte marcam um ponto, e eu sorrio. É, talvez eles sejam bons. Não é tão ruim assim como eu imaginava. 

Quem sabe, quando eles voltarem, eu realmente aceite sair numa festa. Dizem por aí que as melhores festas são as que eles estão presentes. E a Allyson contou uma vez que Logan vomitou no vestido da ex-namorada dele. Eu fico imaginando como deve sido engraçado; e nojento ao mesmo tempo.

Me lembro do vácuo que dei em Nathan, já faz duas semanas.

Mas não tenho tempo de me arrepender, pois meu celular toca e não posso mais nem assistir ao jogo. Suspiro entediada, eu queria um instante de paz na minha vida mesmo. É quando vejo o nome da minha mãe na tela, percebendo que raramente ela me liga. Atendo de imediato.

— Savanah! — Alessandra exclama. Eu levanto da cama, confusa com o barulho de choro no fundo da ligação. 

— O que aconteceu? — Perguntei, já estava colocando minhas sandálias e procurando minha bolsa. Minhas mãos tinham começado a tremer de nervoso.

— O seu pai, filha. Ele morreu. — Ela contou e eu parei no meio do quarto.

Assim, com aquelas poucas palavras meu mundo desabou. Meu pai. O meu melhor amigo tinha morrido. O único que me apoiava e nem por um minuto se afastou de mim. Eu o tinha perdido pra sempre.

— Sua tia está indo buscar você. Estamos todos aqui no hospital. — Ela continua. Eu permaneço estática.

Como isso foi acontecer?

— Eu... eu nem me despedi dele. — Sussurrei. Meu coração parecia minúsculo agora, e doía demais.

— Eu também não, querida. Foi tudo tão rápido... eu saí da sala e quando voltei ele estava lá. — Sua voz está rouca enquanto diz, parecendo que gritou muito. Eles se amavam tanto.

— Já sabem o que foi? — As lágrimas estavam saindo do meu rosto. Não conseguir ver além, não sabia se conseguiria viver sem ele de novo.

— Foi um AVC. Conhecia o Parck, ele nunca me escutava quando eu pedi pra parar de comer aquelas coisas gordurosas. — Minha mãe deu um riso, sem sinal nenhum de felicidade. Angustiada. Eu fiz isso também, sabendo que ela tinha razão.

— Eu vou sentir tanta falta dele, mãe. — Confessei, cobri a mão com a boca, abafando o soluço que saiu. Sentei no chão do quarto, chorando igual um bebê. Totalmente vulnerável.

— Eu também vou, meu amor. Muita. — Alessandra disse, chorando também.

Momentos com meu pai vieram na minha mente, das suas piadas ruins e de como ele adorava quando eu contava do meu dia pra ele. Era o sonho dele fazer psicologia, e eu segui esse sonho. Foi o que apaixonei por fazer.

— Venha logo, preciso do abraço da minha filha. — Minha mãe falou. Eu tomei força e me levantei, pegando a bolsa e limpando as lágrimas que ainda saíam.

Precisava de coragem agora.

Ajeitei meu cabelo, colocando o celular na bolsa e limpando o rosto. Minha tia já deveria ter chegado, pois o hospital não era tão longe.

— O que vou fazer sem você, papai? — Clamei, querendo muito que tudo isso fosse um terrível pesadelo. O dia estava indo bem demais.

Nossa última conversa foi sobre o trabalho que tinha conseguido me inscrever. Uma clínica aberta recente, de uma amiga da minha mãe. Ele ficou tão, tão, tão feliz por mim. E é esse sorriso que quero lembrar eternamente.

Sai do quarto apressada, não querendo parar pra falar com ninguém. Depois falava com as meninas, nesse momento eu estava em choque. Precisava muito de um abraço, pois ficar sozinha naquele momento era péssimo.

Quando cheguei no estacionamento, o carro da minha tia estava lá. Ela estava apoiada do lado de fora, e ao me ver andou até mim.

Tudo que fiz foi me jogar nos braços dela e chorar outra vez.

— Você é tão forte, Sasa. 

De uma coisa eu sabia. Isso eu conseguia ver claramente. Que eu jamais seria a mesma de novo. Um pedaço de mim tinha partido. E apesar dela dizer que eu forte, não queria mais aguentar aquela dor em meu peito.

Apesar disso, eu acreditei que meu pai tinha ido pra um lugar muito melhor. Mesmo que eu quisesse que ele ficasse sempre do meu lado. Mesmo negando várias vezes, tinha que assumir.

Era bom ter alguém pra abraçar.

Tadinha da Savah 💔

Quem aqui gosta de abraços? A Savanah não gosta, mas em momentos como esse ela não se importou. E isso é bom né?

Beijos e abraços.

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