𝐶𝑙𝑎𝑟𝑎.
📍 Cachoeira da Graça – Cotia, 00:02– 16°C 🌑Já faziam horas que estávamos ali e nem sinal de nada. Cada vez mais meu pé doía e eu sentia mais frio. Leonardo também não estava muito confortável ali, ele já estava irritado ao ponto de xingar qualquer coisa, a cada cinco minutos.
— Que caralho - Diz irritado e eu me afasto das costas dele, já que estávamos encostados - Não é com você, pode ficar.
— Eu sei, mas tá desconfortável pra nós dois.Ligo o flash do meu celular e o seguro com a boca enquanto tento colocar minha perna com cuidado no chão. Quando estava pra soltar, avistei algo se mexer no chão e rapidamente me agarrei ao braço do Leonardo, derrubando meu celular no chão pelo susto.
— Que foi? - Pergunta.
— Não se mexe - Digo baixo.
— Porque não?
— Tem uma cobra ali, ela é gigante.
— Deve ser só um galho, ela não ia vir aqui ouvindo a gente conversar.
— Leonardo, é sério, tem uma puta de uma cobra ali.
— Clara, relaxa - Se solta de mim e fica em pé, mas eu puxo a mão dele e seguro firme.
— Não me deixa aqui, por favor.
— Não vou deixar - Ri - Só vou pegar ... - De abaixa - Seu celular. Viu, não tem cobra ...Ele iluminou onde eu tinha indicado antes e então vimos a cobra. Olhei pra ele e ele me olhou de volta, preocupado.
Tentei tirar meus pés do chão pra não acontecer da cobra subir ali, mas sem sucesso. Leonardo se abaixou e me pegou no colo novamente. Me agarrei nele e então ele ficou em pé sobre o tronco onde estávamos sentados.— Meu Deus, eu vou morrer - Digo.
— Cala essa boca, que morrer, maluca.
— Leonardo, essa cobra vai engolir a gente.
— Clara, ela deve ter uns dez centímetros - Fala rindo.
— É enorme mano - Me agarro mais ao pescoço dele - Leonardo, não deixa ela me comer viva.
— Se você continuar me enforcando, eu vou ter que deixar - Diz rindo.
— Desculpa - Solto um pouco - A gente não pode ficar aqui em pé a noite toda.
— Você não tá em pé, eu tô - Ri - Mas ela já vai embora, só esperar.
— E se ela subir aqui?
— Eu vou ter que pisar na cabeça dela.
— Meu Deus, ajuda a gente - Peço em voz alta.Ele me ergueu um pouco mais, já que meu corpo estava escorrendo, mas dessa vez, ao invés de me segurar pela cintura, suas mãos apertaram firme a minha bunda e ele as manteve assim, me segurando ali. Eu não ia contestar.
Usei o celular pra iluminar novamente onde a cobra estava e ela realmente estava só rastejando sem rumo, não estava especificamente na nossa direção, mas ainda sim ficamos ali mais um tempo.
Eu estava exausta. Mais uma vez deitei minha cabeça no ombro dele, com o rosto próximo a curva do pescoço e por um segundo, tive um lapso e uma vontade momentânea de beijar o seu pescoço. As coisas estavam ficando complicadas. Sentir a mão dele apertando a minha bunda e a respiração pesada dele só intensificaram mais todas as sensações que eu estava tendo. Porra, a gente tava perdido, eu deveria pensar só em como sair dali.— E se a gente tentar andar mais um pouco? - Digo me afastando.
— Tá doida? Tá tudo escuro e capaz da gente se enfiar ainda mais no meio da mata.
— E a gente vai ficar a noite toda aqui?
— Vamo - Diz descendo do tronco e vejo que a cobra já estava mais longe.
— Tô com muita fome - Falo.
— Eu também - Me senta novamente - Bora pedir um hambúrguer.
— Seu senso de humor é muito diferente - Digo e nós rimos.
— Humor ácido - Dá de ombros e se senta ao meu lado - Tô com frio pra caralho.
— Quer sua blusa de volta? Dá pra você colocar os braços pra dentro dela.
— Não, pode ficar, de boa.
— Certeza?
— Uhum, cê precisa mais. Tá toda pálida, com a boca roxa, se tremendo ...
— Um lixo - Digo e ele ri.
— Eu não queria falar desse jeito.
— Tá bom, tudo bem.E realmente, o frio estava demais. Devagar, fui me aproximando ainda mais, encostando meu corpo no dele, mas então ele afastou o braço. Quando pensei que ele ia de afastar de vez, ele usou o braço pra passar ao redor de mim e me levou pra mais perto, me fazendo encostar no peito dele.
Seu queixo se encaixou entre meu ombro e o meu pescoço e ele me abraçou apertado, então ficamos assim por alguns minutos, em total silêncio, até que a dor no meu pé se intensificou.— Que porra - Xingo.
— O que? - Pergunta baixinho, sem me soltar. Parecia que ele estava quase dormindo.
— Tá doendo muito.
— Fica quietinha que já passa - Fala no mesmo tom de antes.
— Cê não vai dormir não, né?
— Sei lá, tô cansadão.
— Pelo amor de Deus, não dorme.
— Só uma horinha, depois cê pode dormir.
— E se aparecer um bicho?
— Você mata ele - Boceja.
— É mais fácil ele matar nós dois - Falo ligando o flash novamente e ele ri - É sério.
— É só ficar quieta que não vai aparecer nada aqui.
— Entendi, é pra eu calar a boca.
— Entende como você quiser.
— Uhum.Tentei me soltar, mas ele me prendeu ainda mais. Olhei pra ele, pra pedir pra me soltar, mas quando nossos olhares se encontraram, eu não consegui dizer e nem fazer nada.
Nós estávamos muito próximos, eu conseguia sentir a respiração dele sob mim e em momento algum ele fez menção de se afastar.
Meu coração estava tão acelerado que eu tinha certeza que o Leonardo conseguia ouvir a pulsação.
Diminuí o ritmo da minha respiração tentando me acalmar e ele fez o mesmo. Era uma coisa da qual eu não tinha mais controle, eu sentia meu corpo se mover lentamente e eu poderia estar delirando, mas tive a impressão de que ele estava se aproximando também. A ponta dos nossos narizes se encostaram e foi o suficiente pra me fazer arrepiar.
Ele tirou o celular da minha mão e segurou exatamente na lanterna, fazendo com que tudo ficasse escuro novamente. Me mantive imóvel e então tive certeza de que ele estava se aproximando também, porque senti a boca dele encostar na minha.— Clara! - Alguém gritou meu nome.
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𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mc
FanfictionO que me mata é o cotidiano. Eu só queria algumas exceções. 𝐋𝐄𝐎𝐙𝐈𝐍 𝐌𝐂 𝐱 𝐆𝐈𝐑𝐋 𝐎𝐂 copyright © putslets, 2021 plot & cover by: @putslets 𝐬𝐭𝐚𝐫𝐭𝐞𝐝: fev 26, 2021 || 12:06am. 𝐟𝐢𝐧𝐢𝐬𝐡𝐞𝐝: nov 10, 2021. ˡᵒⁿᵍ ᵗᵉʳᵐ