amando sem parar

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𝐿𝑒𝑜𝑛𝑎𝑟𝑑𝑜.
📍BR–116, 05:59 – 22°C 🌆

Nós estávamos em silêncio desde que saímos de dentro da cidade. A única coisa que eu queria falar, era sobre nós voltarmos, mas eu precisava dar espaço pra ela.
Só não queria que demorasse muito, era tortura pra mim.

— Clara?! - Digo sem tirar o foco da estrada.
— Oi - Sinto ela me olhar.
— Achei que cê tava dormindo.
— Tô não - Ri - Mas tô bem cansada. E chegar em casa tenho que fazer o curativo do Little Joe, vai uma meia hora.
— E como ele tá?
— Tá melhor, mas ainda tá usando aquele protetor no pescoço porque ele é doido pra arrancar o curativo, fica maluco - Diz e nós rimos.
— A gente que levar ele e o Mike pra roletar, hein?
— Não vou sair com ele de casa nem tão cedo - Ri triste.
— Cê ainda tá na nóia que foi sua culpa?
— E não foi?
— Não - Desvio o olhar pra ela rapidamente - Já te falei que não. Isso acontece mano.
— Ah - Segura no meu rosto e me faz olhar pra frente - Sei lá, ainda acho que é.
— Mas não é. E o que importa é que ele tá se recuperando e logo vai tá top de novo.
— Amém.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Olha só, você me pedindo pra perguntar alguma coisa - Diz e nós rimos - Fala.
— Se você topar me dar mais uma chance, como vai falar com o Apollo?
Boa pergunta - Suspira fundo.
— Ah! - Digo empolgado e ela me olha confusa - Se você não sabe como vai falar, significa que tá considerando a idéia.
— Você é idiota demais - Ri - Eu te disse que ia pensar, então eu vou pensar.
— E quanto tempo vai demorar?
— Não faço idéia. Não é fácil.
— Lógico que é, só falar sim Léo, eu também te amo e quero ficar com você - Digo.
Também te amo?

Ela questiona e então percebi o que tinha dito. Eu falei mesmo aquilo? Puta merda.
Eu amava ela? Não é possível. Eu devo ter dito involuntariamente e ... Mas quem eu tô tentando enganar? Eu nunca diria isso da boca pra fora. Eu amava ela.
Amava de verdade. Não como amava os meus pais, mas tudo o que fazia por eles, faria por ela também. Eu sentia uma puta necessidade de cuidar dela, de proteger e mimar o máximo que pudesse. Eu estava literalmente dependendo de uma resposta dela pra decidir o que seria da minha vida. A minha felicidade tava nas mãos dela. Eu amava mesmo ela.

— Clara ...
Achei que cê não acreditava nesse tipo de amor - Diz mais séria.
Pra você ver o que cê fez com a minha vida - Digo rindo levemente.
— Eu não sei nem o que falar, sério.
— Talvez que me ama? - Pergunto e ela ri.
Eu te amei.
— Amou? - Olho pra ela.
— Amei - Segura no meu rosto e me faz olhar pra frente de novo - Amei pra caralho.
— Não ama mais?
— Não tenho certeza.
É melhor do que eu não amo - Falo rindo e ela ri mais.
— Cê tá muito diferente véi, o que tá acontecendo? - Pergunta ainda rindo.
— Sei lá, acho que tô me sentindo ... Motivado, otimista ... Não sei bem - Falo - Então você não pode me dizer não, porque se não eu vou ficar mal.
— Vai me chantagear mesmo? - Ri.
— Longe de mim fazer isso, tá doida? Não, jamais - Falo ironicamente e ela ri mais.
— Eu não te aguento Leonardo - Continua rindo.
— Cê tá feliz?
— Aham.
— Eu também. Queria que tivesse sido assim desde o começo - Suspiro.
— Não foi desde o começo, mas depois que as coisas aconteceram, foi muito bom - Fala - Eu tava mesmo feliz, de verdade.
— Eu achei que não o suficiente.
— Você decidiu sozinho o que era melhor ou não.
— Prometo que não vou fazer mais isso. Você manda, pode até me bater se quiser - Digo e ela solta uma risada muito alta, que me faz rir muito mais.
— Sou doida pra te dar uns tapas mesmo.
— Porque?
— Odeio que estralem osso perto de mim, nossa - Fala como se estivesse agoniada.
— Assim? - Pressiono os dedos de uma mão contra o volante.
— Filho da ... Leonardo! - Diz e noto que ela realmente estava agoniada.
— Ou assim? - Estralo os da outra mão e ela tapa os ouvidos, me fazendo rir - E assim? - Viro o pescoço levemente e estrala também.
— Seu idiota - Dá um tapa forte no meu braço - Para com isso.
— Doeu véi - Digo rindo.
— O próximo é na cara!
— Aí eu vou ter que bater de volta.
— Aí eu vou na polícia.
Se eu bater no momento certo, cê vai me pedir mais - Olho pra ela.
— Puta merda - Fala e a vejo ficar vermelha, me fazendo rir - Eu não quero mais pegar carona com você.
— Cê gosta pra caralho de ir embora comigo, pode admitir.
— Fica quentinho, fica. Já falou demais hoje, meu Deus - Fala e eu ri.
— É a convivência - Olho pra ela de novo e pisco, a fazendo rir.

Ela pareceu ficar mais relaxada depois dessa conversa. Ergueu os pés os colocando no painel e se fosse qualquer outra pessoa eu brigaria, mas com ela não.
Não demorou até que ela ligasse na rádio. Eu sempre ria mentalmente porque ela não gostava de ouvir músicas específicas. Ela ouvia o que tocasse na rádio. Fosse música, jornal e até às propagandas. Eu já não tinha nem como falar outra coisa a não ser que eu amava cada detalhe e coisa simples que ela fazia.
Logo após uma propaganda, um toque melódico começou a tocar e entendi logo que era sertanejo. Pensei em trocar, mas eu sabia que no mínimo ia receber um tapa na mão, então deixei.

"Quando o sol acordou e também despertei e fiquei desesperado, não te vi do outro lado da cama. Quando a noite chegou, eu parei pra pensar: se eu tivesse feito tudo diferente estaria tudo bem com a gente. A culpa é toda minha eu sei, mas que culpa eu tenho de não conseguir te esquecer?
Mas eu não posso desistir, por seu amor vou guerrear. Não é justo, não aceito, tem tanta coisa pra rolar. Mas eu não posso desistir, por seu amor vou guerrear. Se me deixa, eu me perco no mundo que nem sei me achar. Não, não pode ser o fim se acabou de começar. Eu vou continuar aqui, te amando sem parar."

Quando a música parou de tocar, eu olhei pra ela e no mesmo instante, ela me olhou de volta e num gesto não tão involuntário, parei o carro no acostamento e logo segurei no rosto dela a trazendo pra mais perto.

— Léo ...
— Eu preciso te beijar. Preciso de você - Digo sussurrando com a boca quase colada na dela.
— O Apollo ...
— Se você gostasse dele como gosta de mim, nem aqui a gente estaria - Digo - Depois você fala com ele e acaba isso de uma vez, mas eu preciso de você, agora!

[ ... ]

5/5.

𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora