não queria, não aceitei, mas entendo

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𝐶𝑙𝑎𝑟𝑎.

Em casa – Osasco, 20:01 – 28°C 🌑

— Tá entregue - Ele diz ao parar o carro em frente ao meu prédio.
— Quer entrar? Eu comprei as coisas pra fazer aquele empadão que cê gosta.
— O véi, eu não queria não, mas aquele empadão é sacanagem - Rimos - Cê tá de boa mesmo? Quer dizer, tá só me chamando por educação e pá?
— É - Ri - Mas se não quiser, tá tudo bem.
— Eu quero - Diz tirando o cinto - Bora lá.

Ri da forma rápida com que ele concordou em entrar e logo seguimos pra dentro do prédio, não demorando muito e estávamos no meu apartamento.
Assim que abri a porta, chamei pelo Little Joe que veio rapidamente na nossa direção, então me abaixei pra fazer carinho nele, mas ele passou reto e foi direto no Léo.

— Que porra tá acontecendo aqui? - Pergunto e o Léo gargalha.
— E aí meu parceiro, tava com saudade de você mano - Se abaixa pra fazer carinho nele - E pelo jeito cê tava com saudade de mim também.
— Leonardo, vai embora - Digo - Meu cachorro me trocou por você. Isso é um absurdo.
— Não tenho culpa - Ri.
— Isso me magoou - Digo levantando.
— Vai chorar?
— Vou, no banho.
— Posso ver?
— Não?! - Digo como se fosse óbvio.
— Nóis é amigo, que que tem? - Ri.
— Fica quietinho, fica.

Fui direto em direção a cozinha e coloquei o frango para cozinhar, então passei pela sala onde o Léo já estava sentado no sofá escolhendo algo pra assistir e ri mentalmente da cena. Segui em direção ao meu quarto e depois de um banho rápido, me troquei e voltei até lá, logo começando a preparar as outras coisas.

📍 Em casa – Osasco, 22:37 – 28°C 🌑

— Que foi? - Ele pergunta e só então percebo que estava encarando ele há algum tempo.
— Nada - Volto o olhar pro meu prato - Tava viajando.
— Percebi - Ri - Tava pensando em que?
— Em nada.
— Não tem como não pensar em nada. Vai, fala.
— Para de ser curioso.
— Ó quem fala - Diz e nós rimos - Eu não era assim.
— Eu também era muito diferente antes de ... Enfim.
— Cê tá chateada comigo?
— Se eu tivesse, você não estaria aqui comendo empadão - Sorrio e ele faz o mesmo - Faz só duas semanas que a gente terminou, tô absorvendo as coisas ainda.
— Achei que tava tudo bem - Suspira.
— E tá tudo bem, juro - Estendo a mão sobre a mesa e ele segura - Mas é só que tem hora que eu preciso assimilar se não acabo te chamando de amor ou pedindo ... Enfim, é só essas coisas, mas logo passa.
— Desculpa foder com tudo, mais uma vez - Aperta levemente minha mão.
— Não pede desculpa, você precisava disso e eu entendo. Não queria, não aceitei, mas entendo - Rimos.
— Achei que cê nem ia querer mais falar comigo.
— Não ia - Solto nossas mãos - Mas isso não ia adiantar muita coisa. Se a gente tem a chance de ficar de boa um com o outro, não tem porquê ficar dando gelo e pá.
— Acho que eu nunca vou achar outra mina igual a você.
— É, não vai - Rimos - Mas acho melhor a gente mudar de assunto, tô ficando com vontade de chorar.
— Eu sei.
— Sabe nada.
— Sei sim. Cê tá arregalando o olho e toda hora seu queixo da uma tremidinha - Diz rindo.
— Eu odeio você.
— Eu sei que não odeia.

Terminamos de comer e ele resolveu ir embora, já que estava tarde. Fui com ele até o elevador e então paramos um de frente pro outro, na real muito próximos e eu sentia meu coração acelerar. Não era pra estar acontecendo aquilo e por mais que eu quisesse me afastar, meu corpo não obedecia.
Ele me encarava tão sério quanto da primeira vez que nos vimos, mas eu sabia que não era nada de mais, ele só estava assim porque sabia que eu ficava extremamente balançada com ele me encarando firmemente.
Tencionei abrir a boca, só não tinha assimilado se ia falar algo ou beijar ele, mas então um celular começa a tocar. Observei quando ele tirou o celular do bolso e depois de alguns segundos recusou a chamada. Foi rápido, mas tive tempo suficiente de ver quem era. A Manu.

— Desgraça - Ele xinga.
— Não fala essa palavra, é muito pesada - Digo.
— Desculpa - Força um meio sorriso e logo o elevador se abre - Então ... Vou nessa. Valeu pelo empadão e por ficar de boa comigo.
— Não foi nada - Sorrio - E obrigada pela carona.
— Sempre que precisar - Sorri - Tchau, Clara.
— Tchau.

Ele entrou no elevador e logo se virou de frente pra mim. Voltamos a nos encarar, mas não durou muito e as portas se fecharam. Voltei pra dentro do meu apartamento e fui direto pro meu quarto, precisava ler alguma coisa e afastar os pensamentos que estavam me rondando.

[ ... ]

𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora