planejando a viagem

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𝐿𝑒𝑜𝑛𝑎𝑟𝑑𝑜.
📍 Asfalto Rec – Guarulhos, 19:07– 26°C 🌑

Depois de falar rapidamente com o Eco, Clara e eu seguimos em direção a recepção para irmos embora. Assim que viramos o corredor, a menina deu um pulo indicando que tinha se assustado e por um momento eu tive um momento nostálgico, das primeiras vezes em que eu vi a Clara, de como eu fui grosso e de como mesmo assim, ela me respondia educada e às vezes até sarcástica e eu ri.

— Tudo certo, Manu? - Clara pergunta.
— Tá sim, eu já fechei tudo e desliguei o computador - Fala prontamente.
— Pode ir então - Ela fala.
— Eu não queria ir sem falar com vocês, vai que não podia.
— Quando for assim só manda uma mensagem pro Paulo, raramente ele vai te pedir pra ficar. A não ser que vá vir alguém e esteja atrasado - Fala e me olha, então lembro que no dia que nós conhecemos, eu tava atrasado.
— Bobona - Bagunço o cabelo dela e nós rimos.
— Então tá, eu já vou então. Valeu Clara.
— Imagina - Sorri - Até amanhã.
— Até, tchau.
— Tchau - Falamos juntos.

Ela ficou arrumando algumas coisas dela e Clara e eu seguimos em direção a porta do fundos e caminhamos de mãos dadas até o meu carro.

— Toma - Entrego a chave do carro pra ela.
— Endoidou, foi? - Me olha.
— Tô com muita dor no corpo, não aguento dirigir não - Me espreguiço - E eu tô muito chapado.
— Eu falei pra você não fumar. Já tá com o corpo todo mole, ainda vai e fuma. Aí o que dá.
— Tava precisando relaxar, só que relaxei até demais - Ri - Vai, eu não consigo dirigir não.
— E eu não sei dirigir?! - Fala como se fosse óbvio.
— Sabe, eu já te ensinei - Falo rindo - É automático, cê só precisa ir.
— Leonardo ...
— Vai baby, já te ensinei. Vai dar nada não, confio em você.
— Já te disse que não deveria - Fala rindo - Ainda mais seu carro. Eu nunca dirigi na rodovia, Léo.
— Vai dirigir hoje - Falo abrindo a porta do passageiro - A única diferença da rodovia pra dentro da cidade, é que cê tem que acelerar mais.
— Meu Deus do céu - Fala num tom agoniado e eu ri.

Ela deu a volta no carro e entrou. Dei uma risada alta quando ela arrastou o banco ao máximo pra frente, já que nossa diferença de tamanho era grande.
Ela colocou o cinto, conferiu os retrovisores e então ligou o carro, não demorando a começar a dirigir.
Umas semanas atrás eu ensinei ela a dirigir, só dentro da cidade mesmo e como o carro era automático, não era tão difícil e depois de poucos dias ela já até ia no mercado sem mim, dirigindo. Era só questão de prática e eu sabia que ela dava conta, na real, ela era bem mais cuidadosa e atenciosa no trânsito que eu.

📍BR–116, 20:12 – 26°C 🌑

— Se você tivesse dirigindo, a gente já tava lá - Fala.
— Não tamo com pressa - Digo rindo - Cê tá indo bem, já falei que se quiser bater cento e quarenta, cento e sessenta, pode.
— Tá doido? - Fala assustada - Cem tá ótimo, no máximo cento e vinte.
— Na moral, eu tô quebrado véi - Me ajeito no banco - Que dor do caralho, vai tomar no cú.
— Se tivesse ficado em casa, fazendo repouso não tava doendo tanto.
— Mas aí a saudade ia doer mais, né? - Falo e ela ri alto.
— E depois não gosta de melação, tão bonitinho, meu Deus.
— Só falo essas coisas porque cê gosta, mas não é pra explanar não, na moral. Deixa eu manter minha postura.
— Uhum, tá bom - Ri - Aliás, já decidiu pra onde a gente vai viajar?
— Então, sabe o que é ...
— Ah não Léo, cê prometeu.
— Prometi, mas eu fiquei doente e tô a semana toda sem trabalhar, preciso recuperar esse tempo depois.
— Você acabou de gravar mais uma música, tem outras oito prontas. Você não precisa trabalhar agora.
— Preciso sim, se você e minha mãe me deixassem ficar pelo menos no meu estúdio, eu tentava produzir alguma coisa, mas nem isso cêis deixam.
— É um bebê gigante mesmo - Fala rindo - Vamo fazer assim então, quando você tiver cem por cento melhor, te dou uma semana pra trabalhar o tanto que você quiser, sem ficar te pedindo pra descansar e aí a gente vai viajar.
— Só uma semana? Mas ...
— Você prometeu que a gente ia, pra você poder descansar. Vai quebrar uma promessa?
— Não - Falo resmungando - Não vou quebrar.
— Então ótimo - Ri - Aproveita que cê tá atoa e vai escolher o lugar.
— Eu já te falei que vou pra onde você quiser.
— Mas eu quero que você escolha, pra ter certeza que você vai gostar e vai poder descansar.
— Tá, tá bom. Eu vou olhar uns lugar legal e depois te falo. Vale fora do país?
— Se não precisar pegar avião, vale - Fala e eu ri porque sabia que ela tinha medo - Uruguai, Chile, Argentina ...
— E quem que vai dirigir tudo isso?
— Você - Fala dando de ombros e eu ri mais.
— Ai ai, viu, Clara Maria.
— Clara Maria o seu nariz, para de me chamar assim.
— É legal.
— Super legal - Fala irônica e me olha rapidamente - Acho que quero fazer xixizinho.
— Quer parar?
— Não vou fazer no mato não. Acho que vou um pouquinho mais rápido.
— Vai, tô falando pra tu ir até uns cento e sessenta que tá de boa.
— Aí eu não vou nem mijar, vou me cagar mesmo - Fala e eu ri alto - É sério.
— Eu não aguento você véi.
— Ei, essa frase é minha!
— É nossa - Ri - Vai nuns cento e quarenta pelo menos.
— Leonardo ...
— Pode ir, confia.

Ela balançou a cabeça em sinal de negação e aos poucos vi ela acelerar até os cento e quarenta, o que pra mim era razoável, mas sabia que pra ela era muito.
Ela aparecia estar meio apreensiva, mas aos poucos foi relaxando o corpo e assim nós seguimos.

[ ... ]

𝙘𝙤𝙡𝙖𝙥𝙨𝙤 🌪️ • leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora